O mini-documentário do blog Diario do Centro do Mundo faz o serviço que grandes redes de TV, que recebem bilhões de verbas públicas por ano, não fazem.
Bato palmas de pé para o trabalho do blog.
O documentário escancara as relações políticas por trás da história de apreensão de meia tonelada de pó, prisão dos traficantes, soltura e impunidade.
Um trecho que me impressionou muito está no final, quando um deputado da oposição fala que Minas Gerais vive uma situação inacreditável. Um jornalista que fazia matérias críticas à Aécio Neves está preso há quatro meses, doente, quase incomunicável, antes mesmo de ser condenado.
Enquanto isso, os pilotos do helicóptero, flagrados com 445 quilos de pasta base de cocaína, estão soltos.
Enquanto isso, os assassinos de sete sem-terra em Unaí, interior de Minas, já condenados a mais de 100 anos, esperam o julgamento de seus recursos em liberdade.
Minas Gerais tornou-se uma espécie de ditadura aecista. Não há liberdade de imprensa. Não há separação de poderes.
Joaquim Carvalho, o jornalista que narra o documentário menciona a suspeita, junto à sociedade mineira, de o tráfico patrocinar campanhas eleitorais. E lembra, indignado, que os presídios no Brasil estão superlotados com acusados de tráfico de pequenas quantidades de cocaína, muitas vezes até para consumo próprio.
Ele observa que o contexto político do caso não foi explorado por nenhum noticiário de TV.
E acrescenta que isso é uma lástima, porque seria uma bela oportunidade para explicar à sociedade como funciona o grande tráfico de drogas no país. Este não é feito por jovens das favelas cariocas ou da periferia de São Paulo, e sim por pessoas da elite, empresários e políticos.
O vídeo exibe trechos de propaganda eleitoral em Minas, em que Zezé Perrella, o senador proprietário do helipóptero, defende Aécio Neves como um herói.
O deputado entrevistado afirma ainda que a presença de Perrella como suplente do candidato ao senado foi uma imposição de Aécio.
Assista ao vídeo.