A conveniente teoria de conspiração de Miriam Leitão


 

Concordo inteiramente com Paulo Moreira Leite nesse artigo. Também sou solidário com Miriam Leitão e Sardemberg no episódio da Wikipédia.

Porém, acho que eles – e a Globo – foram infinitamente mais irresponsáveis do que a pessoa que usou uma rede pública para alterar o wikipédia de jornalistas.

Eles usaram uma concessão pública para fazer ataques levianos, totalmente desprovidos de provas, ao governo, inventando conspirações “bolivarianas” sem nenhum nexo.

Se o governo estivesse interessado em “atacar” jornalistas, o que não é verdade, e a história mostra isso, não seria usando o IP aberto de uma rede pública para acrescentar o termo “\o/” num verbete da Miriam Leitão (sim, até isso foi escandalizado).

Miriam, ninguém pretende silenciar a imprensa. A luta do setor progressista é acabar com o monopólio, que prejudica sobretudo o exercício do jornalismo, cada vez mais dependente e vulnerável ao capricho de poucas empresas de mídia. Empresas essas que são, historicamente, comprometidas com violências e fraudes contra a democracia.

Quer dizer, na verdade eles não foram exatamente irresponsáveis, e sim oportunistas. Deixaram-se usar como fantoches dos interesses corporativos da Globo, e aproveitaram o escândalo para se promover como instrumentos úteis para o desgaste de Dilma Rousseff.

Não só de Dilma, aliás. O escândalo serve para avivar a mentira de que há planos para “controlar a imprensa”. Uma mentira extremamente útil para silenciar qualquer debate sobre a democratização da mídia, que não pretende silenciar críticas ao governo e sim ampliá-las. Criticar um governo é um poder que a Globo quer apenas para si, porque lhe dá uma capacidade de barganha que vale muito dinheiro.

O artigo de Paulo pode ser lido aqui.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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