A tentativa da Globo de criminalizar alterações fúteis numa página aberta do wikipédia, e inventar um fantasma de autoritarismo, apenas ressalta o perigo com o qual o Brasil se depara hoje: tornar-se uma grande Minas Gerais, onde qualquer crítica é sistematica e violentamente censurada.
O governo Aécio não “altera verbetes” de jornalistas. Ele manda cortar a cabeça de quem ousa fazer jornalismo independente.
A história é conhecida. Alguns estudantes de jornalismo fizeram um ótimo documentário sobre a censura ao jornalismo durante o governo Aécio.
Assista-os na íntegra se puder.
Vale a pena também ler um texto de Marcelo Beraba, na época ombudsman da Folha, em que trata Minas Gerais como um “case” para se entender como a imprensa não deve ser.
Diz Beraba: “O que impressiona é a abulia e a submissão da imprensa. As notas e reportagens publicadas reproduzem acriticamente os dados oficiais divulgados pelo governo de Minas. Não há o contraditório, não há o questionamento, não há a dúvida, não há a curiosidade para um aprofundamento do tema. A cobertura jornalística obedece ao tempo e ao enfoque determinados pelo governo de Minas.”
Tão diferente do que fazem com a Dilma, né?
Fernando Massote, em artigo publicado no Observatório da Imprensa, explica melhor o processo de censura exercido pelo governo Aécio sobre a liberdade de imprensa.
“(…) A terceira e decisiva leva de apoio para se reeleger em condições tão favoráveis foi o controle, com mão-de-ferro, da imprensa local. Os jornais, rádios e TVs, a chamada “grande imprensa”, sofrem, desde a primeira eleição de Aécio Neves, em Minas Gerais, o controle indefectível do Palácio da Liberdade.
A rigorosa censura aeciana
Este último fato foi confirmado pela própria divulgação da matéria do Le Monde, que não foi publicada na íntegra por qualquer meio de comunicação. O Palácio da Liberdade, com sua legião de marqueteiros e assessores de imprensa sempre a postos para blindar o governador de qualquer crítica, estendeu, sobre a matéria, as finas malhas de sua censura aos órgãos de imprensa – não só mineiros, mas também nacionais. Estes últimos, displicentes e/ou coniventes, se submeteram, docilmente, publicando os releases de Aécio com os trechos selecionados da matéria do jornal francês onde, evidentemente, não apareciam as críticas que lhe foram feitas.
A matéria do Le Monde confirma, ainda, com uma ponta não dissimulada de dramatismo, a rigorosa censura aeciana, ao divulgar a opinião crítica longamente contida de um jornalista que acompanhou a trajetória de Aécio Neves na Câmara dos Deputados por 16 anos e não quis deixar que o próprio nome fosse divulgado.”
Assista também a esse vídeo, com informações sobre a violência de Aécio contra jornalistas.
E se você não está convencido de que o autoritarismo e a violência contra jornalistas não estão no governo Dilma, mas que estarão presentes, com muita força, num eventual governo Aécio, confira a postura “elegante” do vice de Aécio, o senador Aloysio Nunes, quando é confrontado com uma pergunta crítica.
Aloysio Nunes perde totalmente o controle e agride com incrível virulência verbal o blogueiro que tenta entrevista-lo.
O último escândalo da Globo é um acréscimo de uma interjeição ao verbete de Miriam Leitão. Um internauta, usando o wifi público do Palácio do Planalto, acrescentou \O/ ao final de uma frase.
Ora, o que é melhor, ser xingado, perseguido, quase espancado, e depois ainda ter seu equipamento apreendido por ordem da autoridade descontente, ou sofrer uma alteração bobinha em seu verbete na Wikipédia?
Alteração esta que, é bom lembrar, você pode reverter a qualquer momento.
É preciso botar os pingos nos is sobre quem é o autoritário.