A Copa do Mundo acabou. Deu tudo certo. Com exceção da performance da seleção, claro, mas isso está na conta, porque é do esporte.
Herzlichen Glückwunsch, Deutschland! Parabéns, Alemanha!
Primeira grande diferença entre o futebol alemão e o brasileiro. Lá, a Copa é exibida pela ARD, a rede pública de televisão.
Aliás, dentre as quatro primeiro colocadas, somente o Brasil experimenta o triste monopólio de um canal privado.
Outra coisa interessante sobre a Alemanha. A sua carga tributária é superior a 40%, uma das maiores do mundo. A do Brasil está em 34%, segundo o mesmo ranking.
A arrecadação fiscal per capita da Alemanha, na última atualização que encontrei na internet, estava em mais de US$ 14 mil em 2010. A do Brasil, no mesmo ano, estava em US$ 3.700.
Caso a gente consiga se livrar dos sanguessugas do futebol brasileiro, talvez em 2018 a seleção brasileira consiga uma revanche.
Muito importante lermos essa matéria de Heloisa Villela, sobretudo porque alguma coisa me diz que a nossa mídia comercial nunca vai repercuti-la.
Para mim, a matéria explica, definitivamente, a razão da decadência do futebol brasileiro.
Lá, o dinheiro do futebol vai todo para os clubes. Aqui, só para a Globo.
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Nos EUA, dinheiro do futebol fica com os clubes. Aqui, com a Globo.
Heloisa Villela: Nos Estados Unidos, ligas não aceitam monopólio nas transmissões e trabalham pelo equilíbrio entre os clubes
Por Heloisa Villela, de Nova York, especial para o Viomundo
Cento e dez milhões de telespectadores. Este foi o público da última final do campeonato de futebol americano, o Super Bowl, no dia 2 de fevereiro deste ano.
Com um público desta envergadura, não é à toa que o futebol americano fique com o filé mignon, ou melhor, com o caviar do bolo publicitário, não apenas dos eventos esportivos mas dos eventos que a televisão dos Estados Unidos transmite ao vivo. Para se ter uma ideia, cada comercial de trinta segundos, nos intervalos da partida, custou cerca de 4 milhões de dólares. Claro, a exposição é garantida.
O público faz questão de assistir ao jogo na hora em que ele está acontecendo. Ninguém vai gravar a partida para ver mais tarde, porque se torna impossível não saber o resultado antes de tocar a gravação. A grande emoção é acompanhar lance a lance. Torcer. Vibrar e ficar arrasado, junto com todos os outros torcedores espalhados pelo país, unidos diante da telinha.
Os patrocinadores e os donos dos times sabem que a final do futebol americano é o único evento que comanda essa audiência e tem tudo para continuar comandando.
Mas, ao contrário de outros paises, nos Estados Unidos o esporte é organizado para dar lucro. No caso do futebol americano, um trator, máquina de fazer dinheiro. Como eles chegaram lá é o que interessa.
Uma lei federal, assinada no começo dos anos 60, garantiu aos times a possibilidade de agregar a venda dos direitos de transmissão dos jogos, sempre em leilão. Nunca ficam nas mãos de uma única emissora.
A NFL, National Football League, que reúne os 32 times profissionais do país, divide a temporada em pacotes diferentes, para explorar melhor o produto.
Funciona da seguinte maneira: o campeonato nacional tem duas ligas, com dezesseis times cada. O campeão de uma joga com o campeão da outra na grande final. Só aí, já são três pacotes de transmissões para vender. O campeonato da chamada Conferência Nacional, o da Conferência Americana e a final, o Super Bowl.
O último contrato que a NFL fechou com as tevês vigora até 2022 e vai render cerca de 5 bilhões de dólares por ano aos clubes.
As redes CBS, FOX e NBC entraram no racha da tevê aberta.
A CBS transmite os jogos de uma conferência, a FOX os da outra e a NBC ficou com a partida que abre a temporada, numa quinta-feira à noite, um jogo durante o feriado de Ação de Graças, quando o país para e todo mundo vê televisão, e a melhor partida do domingo à noite enquanto a temporada está em andamento, durante quatro meses.
A NFL já faz planos para elevar a arrecadação com a venda de direitos, ingressos e merchandising para 25 bilhões de dólares até 2027.
Ninguém ficou escandalizado com o plano mais recente que veio à tona.
A liga inventou, há dois anos, um novo pacote. Os jogos de quinta-feira à noite, que não faziam parte do calendário das transmissões esportivas.
Eles foram promovidos, primeiro, como exclusividade da NFL Network: a liga de futebol americano tem sua própria rede de TV. Este ano, o pacote já foi vendido à CBS por U$ 250 milhões. São apenas oito jogos.
Quem inventou essa história de ter rede de teve própria foi a liga de basquete dos Estados Unidos, a NBA, National Basketball Association.
Em 2008 a liga licenciou os direitos digitais do basquete para a Turner Sports. A empresa passou a administrar o site NBA.com e a NBA TV.
A audiência das duas plataformas cresceu rapidamente.
Hoje, a NBA TV entra em 60 milhões de domicílios do país.
Agora, a liga está em plena negociação do próximo pacote de direitos de transmissão, que vence em dois anos, e já pensa em trazer de volta, para dentro da NBA, os direitos digitais.
Existem conversas em andamento com o YouTube, com quem a NBA já lançou um canal para a liga do verão e a chamada liga D.
Antenada nas mudanças do mercado esportivo, a NBA está pensando em mudar a rodada de quinta-feira para outro dia da semana, para não bater de frente com a nova transmissão da NFL. Ninguém quer competir com o futebol americano.
Hoje, a NBA fatura U$ 7,5 bilhões com os contratos de transmissão dos jogos de basquete.
Dinheiro que é dividido igualmente entre os 30 times profissionais do país.
Aliás, a preocupação em nivelar os clubes é grande, em todas as ligas. Não é que aqui exista alguma preocupação com a igualdade de condições. Nada disso. Questão de marketing.
Existe a compreensão de que o campeonato só é bom, só vai atrair muitos torcedores e telespectadores, se houver disputa acirrada, entre times equilibrados. Uma partida de futebol que termina em 7 a 1, vamos combinar, não tem muita graça.
O que fazem as ligas de beisebol, futebol americano e basquete para garantir a emoção dos jogos, hoje, e a qualidade no futuro?
Adotaram o salário teto e o chamado imposto do luxo.
Os times trabalham com um limite de gastos, um teto para o conjunto dos salários dos jogadores. Não é baixo. Os atletas ganham um bocado. No caso da NBA, o volume máximo de salário que cada time pode pagar ao seu conjunto de jogadores é de 63 milhões de dólares por ano. Claro que os grandes nomes tem renda complementada por patrocínios específicos. Kobe Bryant, por exemplo, com os patrocínios fatura U$ 30 milhões por ano.
Se fosse em salário, seria quase metade de tudo o que os Los Angeles Lakers podem investir na remuneração de seu elenco completo.
Se um time quer gastar os tubos para contratar um craque, sabe que vai ter de segurar o salário do resto da turma. Não vai ter fôlego para comprar os 3 ou 4 melhores jogadores do país.
Dessa forma, em princípio, todo clube tem a oportunidade de comprar o passe de um peso-pesado, seja o Moto Clube ou o Corinthians daqui.
Quem passa do limite paga à liga o chamado imposto de luxo sobre cada dólar ultrapassado. O imposto aumenta exponencialmente para os times que ferem a regra consecutivamente.
Um clube que não dá pelota para o imposto é o multibilionário New York Yankees, o Real Madrid do beisebol. Desde que o imposto foi criado, em 2003, o clube ultrapassou o limite todos os anos. Recentemente, foi obrigado a pagar 28 milhões de dólares em imposto sobre o luxo.
Isso não significa domínio dos Yankees, já que mesmo clubes de mercados muito menores, com dinheiro garantido pela venda coletiva dos direitos de transmissão, podem formar times campeões.
Nos últimos dez anos, os Yankees, baseados numa cidade de cerca de 9 milhões de habitantes, com um região metropolitana de mais de 20 milhões, foram campeões nacionais uma vez, em 2009; enquanto isso, os St. Louis Cardinals, da Louisiana, de uma cidade de 350 mil habitantes numa região metropolitana de cerca de 3 milhões de pessoas, ganharam o título nacional duas vezes, em 2006 e 2011.
No futebol americano, os dois ganhadores mais recentes do Super Bowl — Baltimore Ravens e Seattle Seahawks –, são de duas cidades relativamente pequenas, com 600 mil habitantes, de extremos opostos do país. É como se o Figueirense fosse campeão brasileiro de futebol em um ano e o Clube do Remo no ano seguinte. Nos últimos dez anos, oito clubes diferentes ganharam o título supremo do futebol americano.
No basquete, o time de Nova York está na fila do título nacional há 40 anos. Nem por isso correu o risco de morrer.
Na NBA, os clubes não faturam somente com a venda da transmissão nacional de seus jogos. Cada time negocia, também, com as tevês locais.
Os Lakers, por exemplo, fecharam em 2011 o contrato mais caro da história da NBA. Fizeram um acordo de 20 anos com a Time Warner Cable, que prevê o lançamento de dois canais regionais de esportes, um em inglês e outro em espanhol, no valor de U$ 4 bilhões.
No ano passado, os trinta times da NBA faturaram juntos, com esses contratos regionais, U$ 628 milhões, que correspondem a 33% de toda a receita da liga com as diferentes mídias, de U$ 1,9 bilhão. A maior fatia, de 53%, veio dos direitos de transmissão nacionais.
O que isso significa? Que além de ter uma exposição nacional, atraindo os patrocinadores mais endinheirados, os clubes tem ampla divulgação regional, junto a seus próprios torcedores. Se apenas uma fração deles comprar ingressos, é casa cheia.
Seria, mal comparando, como se o ABC de Natal tivesse garantia de algumas partidas transmitidas para todo o Brasil, mais exposição completa em seu próprio mercado, em emissoras diferentes. Com isso, conseguiria encher a Arena das Dunas, arrumar um patrocinador regional e outro nacional para sua camiseta e, o mais importante, ter um time competitivo para enfrentar equipes de estados maiores e mais ricos.
Na temporada 2012-13 de basquete da NBA, enquanto quatro clubes gastaram mais que faturaram, os outros 26 tiveram lucro. Um cenário bem diferente daquele que se vê no Brasil, onde mesmo clubes de grandes torcidas vivem endividados e frequentemente caem para a segunda divisão.
PS do Viomundo: No Brasil não é a Globo que serve ao esporte, mas o esporte que serve à Globo. Alguns clubes, sim, recebem uma bolada da emissora, os de maior torcida e audiência. Os outros que se virem. É o esporte pré-capitalista, em que os peixes pequenos vão ficando pelo caminho. Para se ter uma ideia, é só listar o grande número de clubes de futebol literalmente extintos no Brasil nas últimas décadas.
Vitor
16/07/2014 - 08h53
Não se pode usar a MLB como modelo de igualdade entre os times. Quem escreveu esse artigo não deve acompanhar a liga e fez uma pesquisa muito rasa. É evidente o abuso do poder econômico do NYY na Liga e isso resulta sim em resultados esportivos. Não é a toa que o time já venceu a World Series 27 vezes, mais que o dobro do segundo time que mais venceu (11). Atualmente os Yankees tem uma folha salarial quase 4 vezes maior que times menores.
Outro fator de equilíbrio dos times (nas ligas NBA, NFL e NHL) é o sistema de draft, que coloca os times piores colocados em posição de reforçar melhor suas equipes com jogadores em sua maioria saídos da NCAA (um ótimo modelo, mas difícil de ser usado no futebol, pois além de não termos estrutura de esporte universitário que chegue aos pés da americana, nossos campeonatos possuem divisões inferiores).
O modelo norte americano de cap space e luxury tax funciona lá pois não há concorrência com outras ligas, nem com outros países, visto que suas ligas são as que melhor pagam e são o sonho de atletas dos referidos esportes. Impossível utilizar em um esporte globalizado como o futebol. Infelizmente esse modelo de sucesso não é replicável para nós.
Fábio B. Marinho
15/07/2014 - 14h08
Alguma notícia sobre a divulgação do processo de sonegação do Globo que iriam divulgar domingo dia 13/07 no centro de mídia independente da copa 2014 para jornalistas de todo mundo? Não vi ninguém falando sobre isso de domingo para cá.
José Carlos lima
14/07/2014 - 12h28
Lembro que o Neymar estava ligadíssimo no whatsapp no exato momento em que entrava em campo, os apresentadores da Globo tinham trânsito livre à seleção, isso pode não ser causa para uma derrota mas não deixa de ser um sinal de alguma coisa estava fora do eixo, no vídeo a seguir veja que o programa da Regina Casé chegou a ser transmitido direto da concentração.,,,
http://gshow.globo.com/programas/esquenta/O-Programa/noticia/2014/06/neymar-hulk-e-fred-mostram-samba-no-pe-com-os-hits-preferidos-da-selecao.html
Pedro
14/07/2014 - 11h51
Eu acho engraçadíssimo porque o feitiço se voltou contra o feiticeiro. Tiraram a importância do título durante meses e agora estão tentando ressucitar a importância do evento e de um possível título. Porém o país se voltou para preocupações sociais e social é uma visão de ‘esquerda’. Como diz o velho ditado: Deus escreve certo por linhas tortas. E Deus é brasileiro, sem dúvida. As preocupações sociais que são o grande trunfo do governo devem finalmente voltar às discussões. A briga ainda nem começou e ja ta 7×1 pros aliados.
XAD
14/07/2014 - 11h16
Torci demais pela Argentina, mas não deu. Essa é a primeira vez que um país europeu vence a Copa nas Américas. Fora que agora a Alemanha é tetracampeã (Rumo ao penta!). Só lamento.
Assisti na SporTV. A “elite branca” vaiou a Dilma sim, mais uma vez. Ô gentinha grossa, mal educada!!
– Força, companheira! A resposta virá nas urnas. Em outubro.
José Carlos lima
14/07/2014 - 11h01
Seria demais para o PSDB a Dilma triunfar dentro e fora de campo, inaceitável para essa elite ignara e pra lá de viralata ver a presidenta sendo elogiada pelo mundo e além disso entregar a taça para a seleção brasileira. A sabotagem começou a partir da escolha desses franguinhos ajuntados de ultima hora e sem nenhuma experiência em Copa, nem um sequer, sendo que a Alemanha tinha 6 veteranos. Escolheram apenas garotos para enfrentar aqueles alemães de incrível resistência física, espírito coletivo, técnica e tudo mais. A sabotagem começou com a Lei Pelé de FHC. Fora isso, as coisas se amarraram, foram se encontrando nos detalhes, ou seja, no conluio FIFA, CBF e Globo para sabotar a seleção, a arbitragem da FIFA fez seu serviço sujo, a Globo manda no futebol de quem suga toda a grana, e não manda apenas no STF onde o gandula está a postos atrapalhando a transição de Lewandowski. Essa gente não dorme no ponto.
Vitor
14/07/2014 - 16h26
Meu Deus! Para de viajar! O Brasil perdeu pq o time da Alemanha é melhor e mais bem preparado física, técnica e psicologicamente, além de Felipão ser um técnico ultrapassado e teimoso!
natalia
14/07/2014 - 10h53
Parabéns a Alemanha, mas, também, parabéns para a Argentina que lutou bravamente pela taça.
Mauro
14/07/2014 - 10h46
Na verdade,
antes de dar os parabéns, temos que agradecer:
a goleada abriu uma oportunidade ( não sei se será aproveitada ) de reformulara a CBF e o futebol como um todo;
se tivéssemos chegado a final, talvez a tragédia seria pior;
impediram a Argentina de passar o resto da vida nos sacaneando.
Miguel Samuel de Araujo
14/07/2014 - 12h00
E tem Coxinha espumando de raiva..
José Carlos lima
14/07/2014 - 04h47
Eu estava na rodoviária no momento da entrega da taça, na Band. Nào vi vaias a Dilma. Ao passar pela portaria do prédio, o porteiro reclamou das vaias que teriam acontecido. Nada comentei, apenas fiquei intrigado. Vaias. Que vaias? Fui assistir ao Fantástico, que nem mostrou Dilma entregando a taça mas disse que Dilma foi vaiada. Não duvido que em meio aos aplausos e gritarias a Globo e sua claque tenha vaiado Dilma. Essa gente nào propõe nada, nào argumenta, apenas odeia, apenas vaia. Eu nào vi os coxinhas vaiando Dulma? Eu nào vi mas deu na Globo e é isso que vai ser reproduzido cegamente pelos demais meios de comunicação que mais se parecem com repetidoras da Globo. Triste.
Mauro
14/07/2014 - 10h49
eu assisti na ESPN, na verdade o grosso da vaia foi antes da entrega da taça, mas não tenho certeza se foi a ela ou ao Blatter.
Aristharco
14/07/2014 - 12h12
Vaias ao Blatter? Imagina, os coxinhas não fariam isso. Não é de bom tom fazer isso com uma autoridade tão respeitável…