O efeito “Maluf” não deu certo com Padilha.
Lula tentou repetir a fórmula que usou com Haddad, mas não se deu bem dessa vez. O candidato do PT passou pelo constrangimento de aparecer em foto ao lado de Maluf, colheu o prejuízo político inerente ao fato, e não conseguiu nenhum lucro.
Experimentou a ressaca sem ter bebido.
O PP fechou com Skaf, do PMDB, e não pediu sequer uma foto de Maluf com o candidato.
Ou seja, se Padilha sofreu com a “ressaca Maluf” sem sequer ter bebido, o candidato do PMDB poderá abusar da bebida e não terá nenhuma ressaca.
Ao cabo, quem se deu bem em São Paulo foi o PCdoB, que emplacou o vice, após endurecer as negociações e ameaçar também migrar para uma aliança com o PMDB.
A chapa PT-PCdoB, ou seja, um partido de centro-esquerda com outro de esquerda, dá mais personalidade à campanha de Padilha.
De qualquer forma, o PT nacional parece satisfeito com o surgimento de um candidato não-tucano forte em São Paulo.
Essa satisfação pode ser medida também pelo grau de frustração da mídia. Merval Pereira, no domingo, quase joga a toalha ao dar a notícia.
A adesão do PSD e PP a Paulo Skaf lhe dão grande musculatura eleitoral.
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Na Agência Estado.
Sindicalista do PCdoB será vice de Padilha
São Paulo, 30 – Depois de perder nesta segunda-feira, 30, o apoio do PP, partido presidido em São Paulo pelo ex-prefeito Paulo Maluf, o ex-ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo estadual, decidiu delegar ao PCdoB a escolha de seu vice na chapa.
O escolhido foi o sindicalista Nivaldo Santana, dirigente da CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil). A decisão ocorreu depois que dirigentes do PC do B ameaçaram seguir o caminho do PP e apoiar a candidatura de Paulo Skaf (PMDB) caso não fossem contemplados com uma vaga na chapa majoritária. No último sábado, 27, o vereador Orlando Silva, presidente do PC do B paulista, e o presidente nacional do partido, Renato Rabelo, jantaram com Skaf em São Paulo no apartamento do vice-presidente Michel Temer e abriram uma negociação.
“Temos interesse em participar da chapa majoritária (de Padilha). O critério para fazer a aliança é esse”, afirmou Silva ao Estado. Antes de selar o acordo, os petistas pediram ao PCdoB que indicasse a deputada estadual e cantora Leci Brandão.
A ideia era que Padilha tivesse uma mulher como vice. O partido aliado, porém, rechaçou a sugestão e impôs o nome de Santana, que é considerado um dirigente orgânico do PC do B. Padilha e o presidente estadual do PT, Emidio de Souza, se empenharam pessoalmente nas negociações com PP e PCdoB.
Segundo fontes do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi consultado durante todo o processo. Lula não incentivou a migração rumo à campanha de Paulo Skaf (PMDB) mas também não agiu para impedir o desembarque do PP. De acordo com fontes petistas, o ex-presidente se deu por satisfeito com o apoio do PP à reeleição da presidente Dilma Rousseff.