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Colaborador da Forbes defende a Copa e o Brasil

Com a Copa sendo um sucesso internacional absoluto, os “gringos”, aqueles mesmos para os quais a Globo queria mostrar fotos de garotas do Rio, começaram a questionar igualmente as informações que tinham sobre o governo brasileiro. E estão descobrindo que há outras coisas, além da Copa, dando certo por aqui. Um internauta teve a gentileza […]

9 comentários
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Com a Copa sendo um sucesso internacional absoluto, os “gringos”, aqueles mesmos para os quais a Globo queria mostrar fotos de garotas do Rio, começaram a questionar igualmente as informações que tinham sobre o governo brasileiro. E estão descobrindo que há outras coisas, além da Copa, dando certo por aqui.

Um internauta teve a gentileza de traduzir matéria publicada há pouco na Forbes, sobre a Copa do Mundo, o Brasil e as manifestações anticopa. Vale a pena ler.

*

A economia da Copa do Mundo: por que os manifestantes do Brasil entenderam errado

Por Nathaniel Parish Flannery, na Forbes.

No Brasil, a Copa do Mundo deflagrou protestos de ativistas interessados em chamar atenção para os persistentes problemas de pobreza e desigualdade no país. Em 2013, os manifestantes empunhavam cartazes em Inglês com mensagens como “Nós não precisamos da Copa do Mundo” e “Nós precisamos de dinheiro para hospitais e Educação”. Contudo, como os cientistas políticos explicaram em seu excelente artigo para o Washington Post, “os protestos são paradoxais, porque o Brasil tem vivenciado um crescimento econômico e social muito significastes desde que o país foi escolhido para realizar o evento em 2007”.

Mais amplamente, a Copa do Mundo de 2014 acentua a emergência econômica da América Latina ao longo da última década. O mar de camisas amarelas que pode ser visto em jogos da Colômbia e seções inteiras de mexicanos usando vestes verdes e torcendo para a sua seleção é um testemunho do recente sucesso econômico da classe média latino-americana. De acordo com o historiador David Goldblatt, “A televisão pode enganar, e o uso de uma camisa da seleção da Colômbia não é garantia de cidadania, mas o estádio do Mineirão em Belo Horizonte estava inundado de amarelo – talhe 20.000 numa multidão de 57.000. A mídia chilena tem reportado que mais de 10.000 estão viajando para o Brasil, e ao que parece eles todos estavam presentes em Cuiabá quando a Seleção deles despachou a Austrália.”

Em 2011, pela primeira vez na história, o número de pessoas nas classes médias da América Latina ultrapassou o número de pessoas pobres na região. O Brasil, em particular, destaca-se pelo sucesso no investimento em programas sociais e de redução da pobreza.

Dado o número de camisas amarelas que aparecem na multidão nos jogos, a Copa do Mundo no Brasil tem também sido massivamente frequentada pela classe média emergente do país. Ainda por cima, a história de que o gasto com futebol é um desperdício num país em que a população vive na pobreza tem ficado de lado na mídia social.

Fotos deste mural mostrando uma criança faminta chorando ao ver uma bola de futebol em seu prato tornaram-se virais e foram compartilhadas aos milhares no Twitter e Facebook. Outros usuário do Twitter compartilharam fotos como esta lembrando aos fãs da pobreza com a qual eles se deparam a algumas quadras dos estádios.

Ainda assim, estas ilustrações falham em mencionar que o Brasil destinou menos que 2 bilhões de dólares para a construção dos estádios. Em contraste, entre 2010, ano do início da construção dos estádios, e o início de 2014 o governo federal do Brasil investiu 360 bilhões de dólares em programas de Saúde e Educação. Para colocar isso em perspectiva, o governo do Brasil investiu 200 milhões de dólares para cada dólar gasto com os estádios da Copa do Mundo. Embora os sistema de Saúde, Educação e Transporte precisem investimentos contínuos, os gastos com a Copa do Mundo não têm de maneira alguma eclipsado o investimento progressivo em programas sociais.

A economia do Brasil é definida por uma desigualdade intrinsecamente profunda. É um país conhecido pelas favelas e milionários. De acordo com uma análise da Forbes, o Brasil é o lar de dezenas de bilionários, incluindo Roberto Irineu Marinho, João Roberto e José Roberto Marinho, que juntos controlam o maior império midiático da América Latina, Globo, e tem, juntos, o valor montante de 28 bilhões de dólares. A empresa reportou em 2013 um lucro de 1.2 bilhão de dólares. De acordo com a pesquisa da Forbes: “Enquanto a riqueza crescente do país está criando mais milionários e bilionários do que nunca antes, famílias ricas estão garantindo a fatia maior desse bolo. Dos 65 bilionários listados pela Forbes na sua Lista dos Bilionários do Mundo, 25 deles são relacionados à riqueza familiar.

Oito famílias têm múltiplos membros entre o nosso último ranking” Jorge Lemann, o dono parcial da ANheuser-Busch InBev, tem um total de 22 bilhões de dólares. Ele é o trigésimo mais rico do mundo. As 15 famílias brasileiras mais ricas tem combinadas um total de 122 bilhões de dólares, uma soma que é apenas por pouco menor que os PIBs de Equador e Costa Rica juntos.

Mas, enquanto é fácil apontar os gastos dispendiosos com os estádios da Copa do Mundo ou a longa lista de bilionários do Brasil e contrasta-los com os milhões de residentes do país que vivem em extrema pobreza, tais comparações falham ao não reconhecer o tremendo sucesso que os criadores de políticas públicas brasileiros têm tido na erradicação da pobreza ao longo da última década. De acordo com um relatório recente do Centro para a América Latina e Caribe da ONU (ECLAC), em 2005 38% da população brasileira vivia abaixo da linha de pobreza. Avançando para 2012, essa taxa caiu para 18.6% da população. Em outras palavras, desde 2005, o Brasil tem efetivamente reduzido para mais que a metade o número de seus cidadãos vivendo na pobreza.

Em contraste, o México, um pais cujos políticos estão mais concentrados nas exportações e e nos salários competitivos, atualmente viu a pobreza aumentar durante esse mesmo período, de acordo com informações do ECLALC. O Chile, um país há muito prezado pelo desenvolvimento de suas políticas econômicas, viu um declínio muito menor de sua pobreza no mesmo período. No Chile a pobreza caiu de 13.7% para 11% em 2011.

A América Latina é a região mais desigual do mundo, e o Brasil em particular é conhecido por sua história colonial baseada em uma espoliativa agricultura de exportação o que ajudou a desenvolver o estabelecimento de uma economia altamente dividida entre residentes ultra-ricos e ultra-pobres. Em meio à controvérsia da Copa do Mundo, o tremendo sucesso do Brasil na redução da pobreza tem sido de certa forma ignorado.

Jason Marczak um expert em América Latina do Conselho Atlântico em Washington D.C., me contou que “A crítica aos excedidos custos dos estádios é na verdade um grito dos cidadãos do novo Brasil, um Brasil mais classe média, que demanda maior transparência e um modelo de estado mais responsável”.

Quando a seleção do Brasil entrar em campo, o mundo devia também aproveitar o momento para reconhecer o sucesso das políticas públicas progressivas do país.

“O Brasil tem atingido conquistas impressionantes no crescimento sócio-econômico na última década com dezenas de milhões de pessoas saindo da pobreza e entrando na classe média”, acrescenta Marczak.

Só por diversão, eu juntei algumas informações do Banco Mundial e das Nações Unidas, e comparei o Brasil com outros países Latino-Americanos que competem na Copa do Mundo. Eu juntei informações da Foreign Direct Investment (Per Capita), GDP per capita, níveis atuais de pobreza, redução de pobreza desde 2005, número total de bilionários, e o ranking de cada país no World Bank Doing Business. Esses medidores demonstram a força relativa dos 9 países latino-americanos competindo na Copa do Mundo, e também o quão bem sucedido  cada país tem sido na tradução do sucesso econômico em redução da pobreza. Depois de fazer o ranking dos países em cada categoria, eu então criei um score agregado.

Tradução: Arthur Caria.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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JUBA

01/07/2014 - 14h47

EM 2016 NÃO VAI TER GLOBO!

Maria Helena Correa

29/06/2014 - 17h25

A imprensa internacional começa a perceber que foi enganada e manipulada pelos “donos da mídia” brasileiros. E a Forbes dá uma estocada sutil, citando os milionários donos da Rede Globo (fica evidente que estão defendendo seu pedaço e não querem distribuir melhor a riqueza deste país). Outros jornalistas sérios irão se debruçar nos resultados dos governos Lula/Dilma, para desespero dos golpistas.

sergio

28/06/2014 - 02h20

Como a maioria dos brasileiros vivem eclipsados pelas “reporcagens” da Globo, Veja, Folha etc. temos que divulgar esta matéria o máximo possível.

Paola Pa

28/06/2014 - 04h11

Sylvio, torço p que estejas certo sobre o longo prazo!
Miguel, queria ter escrito isso! Parabéns e obrigada!

Ricardo Morais

27/06/2014 - 23h12

O Sr. Povo ficar sabendo pelos de fora que sua Sra. Imprensa o está traindo e não vale nada, já é um enredo de novela bem antigo e constantemente reprisado aqui no Brasil! KKKKK!

SykAryo DoPovo

27/06/2014 - 21h42

A única coisa que não dá certo no Brasil é a imprensa!

jacó

27/06/2014 - 15h50

É a vitória final do povo BRASILEIRO, LULA e DILMA e de todos nós, somos o melhor PAIS do mundo.

Nelson Henrique Habibe

27/06/2014 - 18h46

#EuDigoNãoÀMídia

#ContraOGolpeDoPIG

#GloboLixo

#BANDTVJornalismoMentira

#RegulamentaMídia

#MarcoRegulatório

#DatenaJornalismoMentira

Sylvio Souza

27/06/2014 - 18h42

Globo e outras eram as fontes locais para as grandes agëncias internacionais, Reuters, AP e outras, com essa grande cagada que eles fizeram ao ‘vender a Copa do caos’, eles também minaram sua confiabilidade junto a esse mercado. Agora qd esses personagensbprecisarem das informações, no minímo, vão pensar duas vezes. Talvez até instalem mais correspondented locais diretos, que possam passar um quadro mais realista. A longo prazo, maid um tiro no pé dessa midia lesa-pátria, entreguista.


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