Candidato do PSOL-SP tenta aproximação com PT

O candidato do PSOL para o governo de São Paulo defende uma tese rara num partido que tem se caracterizado por uma postura bastante rancoroso em relação ao PT.

Para Maringoni, o PSOL tem espaço na conjuntura se não se colocar como uma força “anti-PT”, e sim como uma alternativa à esquerda.

E concorda que o julgamento do mensalão foi “eivado de vícios”.

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No Jornal GGN.

“Esse momento é irrepetível”, diz Maringoni sobre a origem do PT

ter, 24/06/2014 – 14:34 – Atualizado em 25/06/2014 – 15:53

Jornal GGN – “Esse momento é irrepetível. Não se repete esse ascenso de movimento de massas com a criação do PT”, disse Gilberto Maringoni ao Jornal GGN. Em entrevista exclusiva, o professor e candidato do PSOL para governo do estado de São Paulo desenhou o período histórico do nascimento do PT, seu cenário de evidência no contexto político nacional, e o que fez alguns militantes e parlamentares distenderem-se do movimento, e criarem o PSOL.

Reafirmando que o partido que leva para o pleito nas eleições de outubro não é anti-PT, mas uma “alternativa à esquerda do PT”, Maringoni reconhece a importância que o partido da presidente teve, em demanda a um movimento popular, entre sindicalistas do ABC paulista, bancários do Rio Grande do Sul, construção civil e professores de Belo Horizonte, militantes do movimento estudantil e pós 64.

“A origem do PT, a gente tem que olhar muito para o momento histórico, era fim da ditadura, de crise do milagre econômico, da crise da dívida externa, que acontece entre 81 e 83 com uma forte retração, e você tem um movimento social represado. (…) É a entrada de todo um setor social, pobre, de classe média, na cena política, que antes tinha uma participação muito escassa”, explicou Gilberto Maringoni.

Quando questionado se o PSOL é capaz de se apresentar como alternativa e representação às lutas colocadas na rua, em junho de 2013, pela população, da mesma forma como foi o PT quando surgiu, o candidato creditou o movimento anticíclico que o PT atingiu e a posição de exceção no mundo, frente à crise do socialismo real dos anos 80.

Foi quando, em 2004, contou Maringoni, a partir de uma dissidência do PT, especialmente de alguns parlamentares – entre eles, Heloísa Helena, Luciana Genro, João Fontes e Babá – iniciam uma coleta de assinaturas, e migram aproximadamente 2 mil ex-filiados do PT para o novo partido, em 2005. O candidato do PSOL destaca, nessa reinserção, Plínio de Arruda Sampaio, Ivan Valente, Chico Alencar e “uma série de lideranças regionais, do movimento sindical, movimento estudantil, movimento popular”.

A principal crítica que impulsionou a criação do PSOL e a saída de filiados do antigo partido foi, segundo Gilberto Maringoni, uma mudança de orientação do PT em 2003 e 2004. “Lula, quando chega ao governo, dá uma entrevista na ‘Caros Amigos’ um pouco antes da eleição, dizendo que não mexeria na Previdência. Um dos primeiros atos de Lula é fazer a reforma da Previdência, logo no início de 2003. Isso criou uma série de atritos internos e alguns parlamentares falaram que não votariam com o partido, aí começou uma batalha muito grande e essa foi a motivação principal”, disse.

Mensalão

Sobre a justificativa levantada por alguns políticos de que a criação do PSOL teve relação direta com o escândalo da Ação Penal 470, denominado de mensalão, o candidato desmente a hipótese e, ainda, concorda com as irregularidades do julgamento e influências políticas no processo.

“O PSOL foi criado antes do mensalão. (…) A questão do mensalão até hoje não está clara, mas existiu agora, nos últimos tempos, um claro aparelhamento do STF por um setor da direita brasileira, e o processo do mensalão é eivado de vícios”, afirmou.

Reportagem: Cíntia Alves, Luis Nassif e Patricia Faermann
Imagens e edição: Pedro Garbellini

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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