Raio-X das eleições no Rio, para governador e presidente

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O Ibope divulgou há pouco a íntegra de pesquisa encomendada pela Firjan, para as eleições no estado do Rio. Recortei algumas tabelas e gráficos e faço uma breve análise sobre cada um.

Antes de passar à análise da pesquisa, uma informação quente: o PSB fluminense acaba de anunciar apoio à candidatura de Lindberg. Isso irá agregar tempo de tv ao petista e ajuda a desfazer o clima de confronto radical que vinha se criando entre Campos e Dilma.

Imagino que o PSB, agora que percebeu a polarização se consolidando entre situação e oposição, decidiu reconstruir uma ponte que tinha sido destruída. Isso abre uma possibilidade, ainda vaga, mas agora possível, entre uma aliança entre Campos e Dilma num eventual segundo turno contra Aécio Neves.

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A pesquisa foi realizada entre os dias 7 a 11 de junho e entrevistou 1.204 eleitores.

 

No gráfico abaixo, temos um dado ruim para Aécio. Ele não conseguiu o voto jovem. Sua força está no público mais velho.  O eleitorado de Dilma está mais distribuído em todas as faixas etárias.

Interessante notar que a diferença de Dilma para seus dois principais adversários, Aécio e Campos, é maior no Rio do que na média nacional, apesar do percentual dela (36%) ser inferior à média nacional. É que Aécio e Campos estão ainda piores no Rio. No Rio, Dilma vence no primeiro turno com relativa folga. Seus adversários (incluindo todos os nanicos) somam 30%.

No gráfico abaixo, vemos Dilma com muita força na periferia (40%) e na camada mais pobre da situação (45%).  Esse é um eleitorado mais firme, porque infenso às manipulações da grande mídia impressa. A mídia televisiva, por sua vez, será obrigada pela legislação eleitoral a seguir uma cobertura um pouco mais equilibrada.

Curiosamente, Dilma tem pontuação acima da média entre os evangélicos, refletindo o cuidado que ela tomou, durante sua gestão, para não ferir os brios do segmento. Aécio Neves, por sua vez, cai bastante entre os evangélicos.

 

A avaliação da presidenta no estado está muito ruim. O forte índice do item “péssimo” reflete inclusive uma postura irritada do eleitor. No entanto, conforme veremos nos gráficos seguintes, o mau humor do cidadão fluminense em relação ao governo federal não é um ponto fora da curva. Governador e prefeito tem rejeição ainda maior. Repare, contudo, que o alto índice de “péssimo” se repete em todas as classes. È mais forte entre os mais ricos (30%), mas é alto também entre a camada mais pobre (26%).

 

A aprovação é menor que a desaprovação, mas repito o que disse antes: a postura se repete na avaliação do prefeito, com muito mais força, e na do governador. Há um tanto de mau humor puro contra a política. Interessante notar que o mau humor é muito maior entre as mulheres, e a camada mais jovem. 60% dos jovens entre 16 e 24 anos desaprovam a maneira de Dilma governar. Certamente, isso reflete a decisão da presidenta de abandonar as redes sociais, no início de seu governo.  Entre os mais velhos, com mais de 55 anos, Dilma tem saldo positivo de aprovação (49% X 46%).

As camadas mais humildes dão saldo positivo na aprovação de Dilma. A periferia também. Isso dá coerência a campanha petista, que deverá se basear nos feitos do governo em relação aos mais pobres.

*

Agora vamos analisar a eleição para governador. No gráfico abaixo, temos um quadro que pode beneficiar Lindberg e Pezão. Eles são menos conhecidos e devem crescer muito. O primeiro, através da associação com Lula e Dilma, e o segundo, através de uma campanha de grande musculatura.

 

 

É interessante notar que Lindberg é o único candidato que, num segundo turno, Pezão poderia vencer.  Contra Garotinho e Crivello, o atual governador perde feio.

No primeiro turno, o quadro é o seguinte. Chama a atenção a quantidade de votos brancos ou nulos, que supera todos os candidatos.

 

O gráfico abaixo mostra que o cidadão fluminense está, em sua grande maioria, “muito satisfeito”, com a sua vida. Isso favorecerá, eu suponho, campanhas propositivas e bem humoradas.

 

Na tabela abaixo, vemos o que eu apontei lá em cima, sobre o mau humor dos fluminenses, em especial aqueles da capital.  A maioria desaprova Pezão. Repare, contudo, que há menor polarização do que acontece em relação à presidente. Por exemplo, apenas 40% desaprovam a maneira de Pezão governar. Esse índice é de 51% para Dilma. Só que, no caso de Dilma, 45% aprovam seu governo, contra apenas 33% de Pezão. A explicação está no número de respostas  “não sei/não respondeu”.  Os mais pobres parece confusos em relação ao governo estadual: 39% disseram “não saber” se aprovam ou não o governador. Isso poderá beneficiar Pezão, quando ele tiver oportunidade de mostrar seus feitos na TV.

Isso se explica também pelo curto tempo de Pezão no governo. Ele está conseguindo escapar da herança ruim da imagem de Cabral, que, ele sim, tinha uma rejeição monstruosa.

 

A desaprovação de Eduardo Paes é bem forte.  Mas os 40% que o aprovam entre as famílias com renda superior a 4 salários é um dado promissor. Ele pode se recuperar.

Num hipotético segundo turno entre Lindberg e Pezão, o atual governador levaria a melhor entre os mais ricos, na capital e no interior. Lindberg tem força entre os mais pobres e na periferia.

Interessante notar, no gráfico abaixo, que a força de Pezão se concentra entre os mais ricos. Lindberg, contudo, não vai bem entre aqueles que ganham até 1 salário. Garotinho tem hegemonia impressionante entre os mais pobres.

 

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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