Joaquim Barbosa é um homem perigoso e violento, que não respeita as leis.
Comprou apartamento em Miami usando empresa (coisa que juiz não pode fazer), e usando apartamento funcional público como “sede” da empresa (o que nenhum servidor pode fazer, obviamente). E tudo fica por isso mesmo, porque ele é blindado pela mídia.
Escondeu provas essenciais, referentes à Ação Penal 470, dos réus e da opinião pública, como o Laudo 2828 e o inquérito 2474.
Quando perguntado pelos pares porque mantinha o 2474 em segredo de justiça, mentiu deslavadamente, falando que o Inquérito 2474 não “tinha nada ver” com o mensalão.
Toda semana há uma violência nova de Joaquim Barbosa. Ele não sai da mídia. Quando pensávamos que Gilmar Mendes como presidente do STF era o pior dos pesadelos, eis que aparece Barbosa.
Na verdade, a sua cadeira parece maldita. Talvez por conferir poder excessivo a uma pessoa sem nenhuma legitimidade democrática ou popular.
O fato de ser indicado pelo PT não significa nada para eles. Ao contrário, passam a agir de maneira deliberadamente contra quem o indicou apenas para provar à mídia que são “independentes”. O que lhes interessa, muito mais, é ficar bem na mídia.
Ministros do Supremo constituem um grupo humano facilmente manipulável pela imprensa, por razões óbvias. São elite sem serem ricos o suficiente para viverem nas nuvens, onde vive a elite da elite. Juízes perambulam o tempo inteiro junto aos setores que mais desenvolvem ódio ao PT: a classe média “meritocrática”, que despreza profundamente a democracia e seus representantes mais notáveis, porque é um sistema que premia não os melhores, os mais altos, mais inteligentes, mais cultos, mas simplesmente aqueles a quem a “massa ignara” outorga poder.
Joaquim Barbosa, infelizmente, ainda é o presidente do Supremo Tribunal Federal. Até final de junho, tudo pode acontecer.
Para mim, ele deveria ter sofrido impeachment há tempos, mas como fazê-lo num país onde a imprensa golpista conseguiu transformá-lo num “justiceiro popular”?
Vivemos tempos perigosos. A direita mostra os dentes, eriçada com o apoio de uma classe média que, até pouco, parecia indiferente à política, anestesiada pelos bons números do PIB.
Particularmente, acho um erro grosseiro do staff de Dilma, deixar que ela convide Joaquim Barbosa para ficar a seu lado no primeiro jogo da Copa.
Mas suponho que a presidenta deve ter suas razões “republicanas”, talvez mesmo políticas.
Joaquim Barbosa acabou de dar uma declaração de neutralidade nas eleições deste ano.
Não me surpreenderia se ocorreu um acerto político entre Barbosa e Dilma. Ele sai de campo, não apoia ninguém este ano, e Dilma o convida, como um gesto de paz, para assistir ao jogo com ela no Itaquerão.
Como se ele fosse o “Maluf” de Dilma. Não tem tempo de TV, mas tem influência eleitoral. E quer sair por cima, quer sair ao lado da presidenta. Uma chantagem básica, bem típica da política brasileira (e mundial).
Decerto os conselheiros de Dilma já se precaveram contra o risco de um factóide eleitoral antes do jogo, como vaias para Dilma e aplausos para Barbosa.
Entretanto, o jogo é arriscado para Dilma.
Se ela não tomar cuidado, pode transferir credibilidade e capital político para seu inimigo mais perigoso, o personagem que mais tem poder de influenciar votos depois de Lula.
Mas os conselheiros de Dilma devem ter pensado nisso também. E aviso logo, estou sendo irônico.
Outra coisa. Para a Globo, “opinião pública” só vale quando é contra o PT; quando é contra Joaquim Barbosa, são “hordas do petismo e blogs sujos financiados com verba pública”.
A “opinião pública” apoia Barbosa. As “hordas petistas”, não.
Espero que Dilma não partilhe desse pensamento. Barbosa não é execrado apenas junto ao “petismo”, mas junto a todos os setores esclarecidos da sociedade brasileira.
Espero também que Dilma e seu staff não alimentem a ideia – absurda – de que a proximidade de Barbosa possa ajudar a “redimir a imagem da presidenta”.
Espero que Dilma seja uma ingênua solitária, e não alguém sob influência de um Frank Underwood de estrelinha no peito, de alguém, enfim, que montou mais uma armadilha para a presidenta, seja lhe dando a ideia de convidar Barbosa, seja aprovando alguma ideia que ela tenha tido nesse sentido.
Ela tem uma justificativa boa. Como chefe de Estado, não lhe interessa uma crise institucional entre a presidência e o STF, nem que prospere, na sociedade, qualquer sentimento de desconfiança em relação à harmonia entre Executivo e Judiciário. Ambos são órgãos do Estado democrático e seus chefes tem obrigação de zelar pela paz e pela harmonia entre os poderes.
Barbosa não se preocupa com isso, Dilma sim.
Nesse aspecto, o convite à Barbosa tem o poder de desmontar o clima pesado de golpe que o próprio Barbosa ajudou a criar, quando, após sua derrota na votação do crime de quadrilha, lançou um “alerta à nação”.
Dilma talvez esteja articulando uma despedida amigável de Barbosa.
Dilma talvez queira ensinar a Barbosa que política de Estado se faz sem ódio e sem rancor, pensando exclusivamente no interesse da maioria.
É tarde para ele usar isso no STF, e pelo que temos visto de Barbosa, é tarde para ele em todos os sentidos.
Mas Dilma, ao menos, dá seu recado: como presidenta, defende a paz, sempre.
Em resumo, não tenho certeza se Dilma caiu numa armadilha montada por sua própria ingenuidade; se caiu no conto de seu Frank Underwood particular (a ideia é típica de Mercadante, que não quer se queimar junto à classe média barbosiana de São Paulo, seu eleitorado); se está dando uma lição de magnanimidade republicana; se está sendo incrivelmente tola ou incrivelmente genial.
O que eu sei é que vou torcer pelo Brasil e sonhar com uma democracia de ideias, não de condenações sem provas; com uma democracia costurada com debates populares, pluralidade de opiniões e participação social, não com editoriais golpistas e pancadas na mesa; uma democracia, enfim, decidida nas urnas, não nas barras de um tribunal.
Atualização: O mais provável é que tenha sido mero “protocolo”, embora isso não sossegue em nada meu coração.Para mim, presidente é o chefe máximo do serviço público, pode quebrar qualquer protocolo, sobretudo um como esse. Mas entendo, como já disse, que a presidenta preferiu erguer a bandeirinha branca da paz. É copa, tempo de pôr as discórdias de lado e celebrar. O mundo inteiro estará de olho no Brasil. É importante mostrar uma democracia madura, que sabe separar as brigas políticas do respeito às regras básicas institucionalidade, entre elas a relação harmônica e cordial entre os poderes.