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Eduardo Campos está numa situação difícil. Sua campanha se dissolvendo a olhos vistos. Ao que parece, ele cometeu um erro crasso: acreditou na mídia tucana, que o adulou descaradamente com o objetivo de produzir uma terceira via que impedisse uma vitória de Dilma no primeiro turno.
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O Cafezinho Espresso – Análise Diária de Mídia e Política – 05/06/2014 – Exclusivo para Assinantes, favor não reproduzir
Só que o PSB experimentou um grande crescimento eleitoral, sobretudo em 2010, a partir de uma aliança com o PT. Em 2010, PT e PSB estavam unidos em 14 unidades da Federação. Este ano, permanecerão juntos a um ou dois estados, e de eleitorado quase insignificante: Acre e Amapá.
Rompido com o PT, ao PSB restou uma aliança arriscada com o PSDB, porque os tucanos tem o seu próprio projeto político e partidário. A relação entre PSB e PSDB não é saudável, tanto é que está azedando.
Hoje, o “porta-voz nacional da Rede”, o deputado federal licenciado Walter Feldman, atacou duramente a estratégia de Eduardo Campos de se juntar aos tucanos em São Paulo e apoiar a eleição de Alckmin. Os argumentos de Feldman são objetivos:
“O PSB de São Paulo está dando uma chave de braço no seu candidato. Com essa aliança, ele volta a se assemelhar a Aécio Neves”, explica Feldman, acrescentando que se “o PSB for com o PSDB, perderemos nosso patrimônio, que é o tempo de TV. Não vai poder aparecer Eduardo e Marina na televisão. Nós entregaremos nosso tempo estadual, um minuto. É muita coisa para Alckmin e é tudo para nós”, afirmou Feldman.
Os dois argumentos são demolidores. No entanto, como o PSB não tem candidato competitivo em São Paulo, os quadros do partido no estado apegam-se às suas necessidades fisiológicas. Com Alckmin, tem chance de obter espaço no governo, se os tucanos vencerem, é claro.
Entretanto, de fato, será impossível vender o discurso da “nova política” unindo-se a um conservador de quatro costados, ligado a Opus Deis, com um trensalão ainda apitando no horizonte, e um problema hídrico de proporções anti-diluvianas.
A situação de Campos em São Paulo poderia ser resumida naquela frase: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Ela é fruto, porém, das próprias contradições de seu projeto, que tem uma força muito mais midíatica do que real.
Tanto Campos quanto Aécio dividem o eleitorado de oposição. Como não houve o surgimento de um sentimento de “terceira via”, não na proporção que se precisava, PSDB e PSB passaram a viver uma relação autofágica. Os jantares partilhados entre Aécio e Campos, em restaurantes do Rio ou na casa do governador, em Recife, passaram a servir pedaços de carne dos próprios partidos.
A campanha se polarizou entre o voto no governo e o voto na oposição. Aécio e Campos dividem o eleitorado de oposição. Campos não conseguiu se emplacar como terceira via, dentre outras razões, porque passou a adotar um discurso igual ao do PSDB, um discurso essencialmente neoliberal, para agradar empresários.
A entrada de Marina, apesar de acrescentar, possivelmente, alguns pontinhos nas intenções de voto de Campos, produziu um fato político estranho, que acabou prejudicando ambos os políticos. Marina passou a ser vista como uma oportunista, que almeja o poder a qualquer preço, inclusive se aliando a um partido ultra-convencional e ultra-pragmático, como o PSB, e o Eduardo Campos passou a ser visto como um fraco e um deslumbrado. Fraco porque está deixando Marina desfazer alianças que ele construiu, com muita dificuldade, ao longo de vários anos. Deslumbrado porque reagiu de maneira um tanto provinciana a entrada de Marina em seu partido. Campos meio que perdeu personalidade, tornou-se um ser bicéfalo. Uma cabeça é de um político jovem, que fala bem, um quadro político de competência inegável; a outra cabeça é de uma figura dominada pelo ressentimento, intolerante, que não consegue esconder, por trás da voz suave, um rancor incomensurável contra a esquerda organizada. A prova é sua quase submissão política a figuras simbólicas do grande capital, como o dono da Natura e a herdeira do Itaú.
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