Os urubus venceram.
É o que mostra uma pesquisa Pew, um dos mais renomados institutos dos Estados Unidos, divulgada hoje. O mau humor dos brasileiros com a economia, Copa do Mundo, tudo, disparou a níveis alarmantes. Os gráficos estão abaixo.
Claro que pode haver um interesse “imperialista” por trás desses gráficos. Mas vamos fingir que acreditamos neles, até porque a gente tem sentido isso na pele, nas redes sociais.
Seduzida pelo malicioso canto de sereia da mídia durante os primeiros meses de seu governo, Dilma engavetou projetos para democratizar a comunicação no Brasil. E a Secom de Helena Chagas ajudou a regar o jardim de plantas carnívoras que agora devora a autoestima dos brasileiros.
Aqueles regabofes da presidenta em programas da Ana Maria Braga custaram caro. Muito caro.
Resultado: uma situação esquizofrênica.
O país nunca esteve tão bem, com desemprego tão baixo, com salário mínimo tão alto, com tantos projetos de infra-estrutura em andamento, com tanto petróleo, com tanta agricultura, com tantos programas sociais, com tanto investimento em educação, com tantas novas perspectivas de desenvolvimento, e mesmo assim, vivemos uma crise sem precedentes de “insatisfação”.
Agora é uma questão urgente. Não é nem mais o caso de esperar uma nova regulamentação da mídia. O governo tem de tomar uma atitude emergencial para curar essa praga de mau humor que se espalha pelo país, disseminada diariamente pela grande imprensa.
É preciso um plano. Não adianta propaganda institucional na TV. É preciso investir na internet. Em debates, em interação. Em aumento da banda larga. Cadê o ministro da Comunicação? Para que ele serve? Ou melhor, a quem ele serve?
Esse é o preço por ter abandonado o Twitter assim que terminou as eleições em 2010. Esse é o preço em acreditar demais em marketeiros que só pensam em TV num mundo cada vez mais interativo e digital.
Não sei se dá tempo para mudar isso antes das eleições, mas alguma coisa tem de ser feita, com urgência.
Os brasileiros não são mau humorados por natureza. Mas precisam de estímulos psicológicos, como todo mundo. Pra começar, precisam de informação, que é um direito humano básico, e condição essencial para a democracia. Não estão obtendo isso. O Brasil vive um apagão na comunicação de proporções trágicas. Ninguém sabe o que está acontecendo no país. A imprensa não informa e o governo acredita que o João Santana vai resolver tudo quando começar a campanha na TV.
Onde está a indústria ferroviária, o trem-bala, os vlts, os metrôs, que poderiam nos livrar da dependência excessiva das fábricas de automóveis e reduzir nossos engarrafamentos? A campanha da Globo e da direita contra o projeto venceu? O sonho de Dilma, de ligar as grandes capitais com trens de alta velocidade, acabou?
Por que as estatais seguem dando 90% dos recursos institucionais para a grande mídia e seus projetos? Ficamos sabendo agora que a Caixa está patrocinando a “Expedição Veja“.
Assim fica difícil.