O problema da nossa mídia é que ela perdeu até mesmo o bom senso. Só o ruim é bom. Sempre que o Ministério do Desenvolvimento divulga os números do comércio exterior, a busca por fatores negativos é tão acintosa que ela perde a noção. Este mês não foi diferente.
De repente, importar vira uma coisa ruim. Omite-se que o crescimento da importação também reflete o aumento da atividade econômica e do poder aquisitivo de pessoas e empresas.
Desde que a exportação não registre uma queda acentuada, e a exportação brasileira continua crescendo, não há problema nenhum em importar mais.
Até porque o Brasil importa pouco em relação a seu PIB. Ainda há espaço para importar bem mais.
Por isso mesmo, é preciso analisar o saldo comercial, mas sem esquecer jamais a corrente de comércio, que é a soma de exportação com importação.
Nesse quesito, estamos bem. Nos 12 meses encerrados em maio, tivemos uma corrente de comércio de US$ 474,8 bilhões, com alta de 0,2% sobre igual período do ano anterior. É bem mais que o dobro dos níveis registrados até 2006. Em 2004, a corrente foi de US$ 159 bilhões.
Compare a corrente de comércio com os níveis de 2004. Os números de 2004 a 2013 são anos-calendário (jan/dez). O de 2014 é o acumulado dos últimos 12 meses até maio.