Matéria da Monica Bergamo, publicada hoje na Folha, me emocionou profundamente. A reportagem fala de 4.000 chilenos muito loucos e incrivelmente maravilhosos que resolveram se juntar numa caravana coletiva para vir à Copa do Mundo no Brasil.
São pessoas simples, de classe média, alguns de classe média baixa, que juntaram dinheiro e se uniram numa aventura romântica de conhecer o Brasil e vivenciar a Copa do Mundo.
É o tipo de coisa que me fez pensar nas frases de Lula sobre a Copa ser muito mais que dinheiro, tanto o gasto quanto o que iremos ganhar. É um encontro de civilizações. Qual o valor disso?
Quanto vale para o Brasil conhecer chilenos tão maravilhosamente loucos e alegres como esses?
Indagado sobre as manifestações, Juan Aguirre, 46, disse que “protesto tem em todos os lados”. Sobre a violência urbana: “a TV só mostra isso para vender mais”.
O técnico de eletricidade Edgardo Araya, 35, e a mulher, 33, juntaram dinheiro por meses. Além do salário, viajaram a Argentina para comprar cigarros e vender mais caro no Chile.
Um grupo de oito fizeram uma vaquinha e compraram um motorhome, com duas camas de casal, duas de solteiro, bancos que reclinam para dormir. Na volta, venderão o veículo.
Até o momento, são 800 carros cadastrados, que atravessarão juntos, em fila indiana, a Cordilheira dos Andes. O lema da caravana é “Te Seguimos Donde Vayas” (te seguimos aonde você for – referindo-se à seleção do Chile).
O técnico químico Arturo Martinez, 59, largou o emprego porque não conseguiu dispensa do trabalho nos dias da Copa. Cadeirante, não sabe sequer onde vai dormir, mas tem uma certeza: quer conhecer Ipanema, no Rio, e “tirar fotos com as meninas lindas de lá”.
Segundo a reportagem, “muitos dizem ter esperado a vida toda pela chance de ir a um Mundial”.
Como não se emocionar? Como não receber essas pessoas com um carinho profundo? São nossos irmãos latino-americanos. São loucos como a gente. São sofredores como a gente. Viveram ditaduras, misérias, golpes, mas são obcecados, como os brasileiros, em serem felizes!
E agora, coxinhas, vocês têm certeza que o seu “não vai ter Copa” é justo?