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Wanderley denuncia manobra antidemocrática de promover o caos

Mais um incisivo, cortante e corajoso artigo de Wanderley Guilherme dos Santos, bem distante de um certo fingido pseudo-esquerdismo demagógico de alguns. Destaco alguns trechos: A população trabalhadora tem direito a exigir transportes suficientes e em boas condições, mas previamente tem o direito constitucional de ir e vir.  (…) Conta-se que, na China pré-conquista do poder, […]

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Mais um incisivo, cortante e corajoso artigo de Wanderley Guilherme dos Santos, bem distante de um certo fingido pseudo-esquerdismo demagógico de alguns.

Destaco alguns trechos:

A população trabalhadora tem direito a exigir transportes suficientes e em boas condições, mas previamente tem o direito constitucional de ir e vir. 

(…) Conta-se que, na China pré-conquista do poder, o Partido Comunista organizava greve de bondes fazendo os transportes rodarem gratuitamente. Não li que jamais os incendiasse e obrigasse os trabalhadores seguirem a pé para suas casas. Já no Chile, o primeiro ato da derrubada de Salvador Allende desenrolou-se com uma paralisação de transportes seguida de um lock-out do comércio de alimentos. Não conheço tratado de política em que tais movimentos prenunciem avanços democráticos. Conheço histórias em que os desfechos foram tiranias longevas.

*

Eu apenas acrescentaria que, mais uma vez, o governo fica sob chantagem da mídia. Porque esta, oportunisticamente, se converte em hipócrita “tribuna operária”, simulando concordar com manifestações mas no fundo apenas incentivando o caos e a anarquia com um objetivo muito simples: voltar ao poder.

*

O VERDADEIRO DISCURSO DO MEDO

No Chile, o primeiro ato da derrubada de Salvador Allende desenrolou-se com uma paralisação de transportes seguida de um lock-out do comércio de alimentos.

por Wanderley Guilherme dos Santos, na Carta Maior.

Também seguimos inseguros, os empenhados existencialmente nesse fluxo histórico de espetacular transformação da comunidade brasileira. Também seguem meio desorientados os que apostaram na capacidade de um punhado de políticos de boa cepa ensinar ao país que é possível perseguir uma sociedade justa, não obstante os entulhos de um passado oligarca e suas reencarnações tatibitati. Mas incomoda vê-los hesitar diante das vociferações dos antidemocratas de todas as cores. A imagem de meia dúzia de desatinados, entre os quais índios sem teto ou sem oca, expostos a selfies na marquise do Congresso não prenuncia nada engraçado. Muito menos folclóricos ainda são os gigantescos engarrafamentos castigando a população que retorna do trabalho, à conta da intimidação promovida por uns poucos buldogues ameaçadores, fora da linha sindical. São movimentos de carregação aproveitados, bandeiras à vista, por legendas partidárias sem expressão e sem voto, desafio da força bruta ocasional à tolerância democrática.

A democracia é, por certo, um sistema político que garante voz a quem deseja acabar com ela, mas não é um arranjo institucional de espinhela caída a permitir ações que constrangem a maioria da população. O conhecido e histórico oportunismo de certos grupos sociais – trabalhadores em transportes, especialmente de massas, e empregados em saúde pública – e de rótulos partidários sem energia própria podem, parasitando a inércia das instituições legítimas e com divulgação garantida, persuadir a maioria não organizada dos cidadãos que são eles os minoritários. Imprensados entre a balbúrdia com proteção jornalística e o silêncio governamental, ficam os trabalhadores em dúvida sobre se a melhoria em suas condições de vida não constitui imerecida exceção num país aparentemente em ruínas.

Quem conhece o todo e não compartilha informação com os beneficiados comete grave erro de propaganda política. Faz parte da obrigação governamental não apenas fazer, mas fazer saber. Em 27 de maio último, por exemplo, o Senado aprovou proposta tornando legal a expropriação de empresas que explorem trabalho escravo. Não há em nenhum lugar do mundo legislação semelhante. Tal como o programa bolsa-família, essa legislação será em breve copiada por outros países, pois o trabalho escravo não é monopólio de países pobres. Contudo, notícia de tal importância foi relegada a páginas remotas dos diários ou nem mesmo registrada. Do mesmo modo, o imenso planejamento das benfeitorias que serão deixadas pela Copa de futebol, muitas das quais já operando, foi até aqui esmagado por uma das mais estúpidas campanhas jamais patrocinada pelo conservadorismo oposicionista e uisquerdóides de todos os tempos. Pois vai ter Copa, sim, assegurada pela maioria real do país e apesar do paralisante acidente vascular do governo.

Minorias têm direitos, mas não podem ter o poder de subjugar a maioria. Tratá-la como maioria é traição institucional e política. A população trabalhadora tem direito a exigir transportes suficientes e em boas condições, mas previamente tem o direito constitucional de ir e vir. Conta-se que, na China pré-conquista do poder, o Partido Comunista organizava greve de bondes fazendo os transportes rodarem gratuitamente. Não li que jamais os incendiasse e obrigasse os trabalhadores seguirem a pé para suas casas. Já no Chile, o primeiro ato da derrubada de Salvador Allende desenrolou-se com uma paralisação de transportes seguida de um lock-out do comércio de alimentos. Não conheço tratado de política em que tais movimentos prenunciem avanços democráticos. Conheço histórias em que os desfechos foram tiranias longevas.

Há razão para a ansiedade de parte da população e para o desejo de mudança. Já não é tão claro, apesar de destemidos intérpretes e fora os itens costumeiros de melhor transporte, saúde, educação e segurança, o que deseja a significativa maioria da população. Pelo que costuma responder sobre a difusão da violência, o anarquismo sem rumo dos blaquiblocs e aparentados, esplendidamente repelidos, o que a maioria deseja é mudar a sociedade. É importante que as autoridades meditem sobre isso, não se entreguem às interpretações velhacas e tragam segurança jurídica e existencial à maioria. São pagas para isso.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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marcosomag

31/05/2014 - 21h28

É o que tenho alertado: MPL, Black Bloc, um tal de OCC (uma espécie de “liga camponesa”… na capital paulista!), elementos da “Farsa Sindical” deixando os trabalhadores a pé no final do expediente em SP… TODOS treinados pelo “soft power” via ONGs do tipo CANVAS (existem muitas mais e a CANVAS foi a que falhou e deixou o “rabo de fora”) para desestabilizar o país no ano da Copa e eleições! Seria fundamental que tivéssemos um esquema profissional nas comunicações, a propaganda partidária estivesse “azeitada” em rede nacional e a ABIN conseguisse fazer o seu serviço. Mas, tivemos traidores como Helena “a chaga” e HIBernardo (este ainda está lá!) nas comunicações, o esquema de propaganda partidária muito profissional de José Dirceu/Duda Mendonça desmontado depois do estouro do suposto “mensalão” e a ABIN sem conseguir antecipação a nenhum ato de desestabilização. O caso dos transportes em SP foi particularmente grave pois eu me lembrei imediatamente na campanha contra o governo Allende. É incrível como a Presidente é lenta para coisas tão óbvias! Deve deixar o controle remoto de lado e ler mais os blogs para ficar mais rápida!

Leonardo Lazarte

31/05/2014 - 04h59

Eu vivi de perto os lock-outs do transporta no Chile, preparando a derrubada de Allende, en 1973. Em 2013 vi o mesmo ataque à cidadania no Brasil, com a mesma participação ativa da imprensa. Alguns acham essa visão conspiratória. Otros lembram que a estratégia já foi aplicada em vários países.

Leonardo Lazarte

31/05/2014 - 04h59

Eu vivi de perto os lock-outs do transporta no Chile, preparando a derrubada de Allende, en 1973. Em 2013 vi o mesmo ataque à cidadania no Brasil, com a mesma participação ativa da imprensa. Alguns acham essa visão conspiratória. Otros lembram que a estratégia já foi aplicada em vários países.

Lucas Goulart Oliveira

30/05/2014 - 03h42

Minorias têm voz em uma democracia. Governar como minoria é uma traição institucional e política. Exatamente, professor.

Lulu Pereira

29/05/2014 - 21h43

podes crer

Sandra Francesca de Almeida

29/05/2014 - 21h07

Excelente.

Homero Mattos Jr. (@Omnros)

29/05/2014 - 12h18

[“Há, por trás do movimento contra a Copa, uma disciplina e uma organização que não combinam com a infantilidade de suas palavras de ordem.
…uma palestra realizada em São Paulo, na qual o artista americano Sean Dagohoy, integrante de um coletivo chamado Yes Men, ensinava a uma centena de ativistas algumas táticas a serem usadas nas manifestações contra a Copa do Mundo. O objetivo, segundo a reportagem, é aproveitar ao máximo o “circo midiático em torno do megaevento no país”. Na tal “oficina de ativismo” foram discutidas ideias como alagar a Arena Corinthians no dia da abertura da Copa, interferir nos telões do estádio e outras ações de boicote e sabotagem. O histórico do coletivo Yes Men, dedicado a ativismo cultural (ver site aqui), inclui intervenções em site de empresas, divulgação de informações falsas pela internet e outras iniciativas geralmente dirigidas contra grandes corporações ou governos.
O seminário em São Paulo foi organizado pelo coletivo intitulado Escola de Ativismo, que, segundo a Folha, é financiada, entre outras entidades, pela ONG ambientalista Greenpeace.
Uma das líderes do grupo afirma que eles querem “contribuir para que pessoas sejam agentes de mudança”. Não explicou que mudanças tem em mente.”]
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/uma_flechada_na_inocencia


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