Chora, Miriam!
IBGE divulgou hoje que o desemprego caiu mais ainda em abril, e registou o menor nível da história para o mesmo mês.
Não sei porque, quando vejo esses números, eu sempre penso na Miriam Leitão. Até porque ela é onipresente. É comentarista de tv, de rádio, de jornal. Agora lançou romance e livro infantil. Não ficarei surpreendido se daqui a pouco lançar documentário, longa de ficção, uma coleção de pinturas próprias e protagonizar um standup de sucesso. E dá-lhe mídia. Às vezes parece que é a única pessoa que existe no Brasil, o resto são fantasmas.
Mas vamos lá. Miriam comenta os números do IBGE e tenta desqualificá-los contrapondo-os aos números do Caged, usando um argumento que tento combater há anos, sem muito sucesso. Em frente, como diz aquele lema anarquista: a única luta que se perde é a que se abandona.
Miriam diz o seguinte:
“Mas o mercado de trabalho brasileiro, como se sabe, tem suas distorções: Porto Alegre, por exemplo, tem desemprego de 3,2%, enquanto em Salvador está em 9,1%. Em Recife, subiu de 5,5% para 6,3%; Em Belo Horizonte (3,6%) e Rio de Janeiro (3,5%), ficou no mesmo nível e, em São Paulo, caiu de 5,7% para 5,2%. Com esses resultados regionais, o IBGE chegou à taxa de 4,9%.
Ontem, os dados do Caged mostraram dados de abril também que parecem contraditórios, mas que não são porque estamos falando de pesquisas diferentes. Pelo Caged, a abertura de vagas formais, ou seja, com carteira assinada, em todo o Brasil, foi 46,5% menor em abril em relação a igual período do ano passado. A geração líquida foi de 105.384 empregos, o que representa o pior resultado para o mês desde 1999. Essa pesquisa, portanto, é mais ampla e calcula só as vagas formais. Os especialistas analisaram esse dado do Caged como mais um sinal de que a economia está fraca.”
Sobre o primeiro parágrafo, daria um post bombástico no Cafezinho intitulado: “Terra do Grampinho tem maior desemprego do Brasil”, mas deixa para lá. Quero comentar mais o segundo parágrafo.
Esta é a tese que, apesar de tão óbvia com a tabuada, eu tento provar há anos. A geração líquida de vagas formais, ou seja, o saldo de empregos (novas contratações menos as demissões) é proporcional ao nível de desemprego. Se o desemprego chegar a zero, não haverá mais saldo. E o que faremos neste ponto? Diremos que vivemos o pior dos mundos porque tivemos o pior saldo da história? Há anos que a mídia aplica essa fórmula antimatemática. Como o desemprego está caindo, o saldo tende a diminuir, e portanto a mídia, a cada mês, vem com essa história de “o saldo menor desde não sei quando”, e tenta atribuir isso à “economia fraca”. A economia pode até estar fraca, mas esse não é um dado que corrobora isso.