A iniciativa da presidente Dilma Rousseff de receber lideranças do movimento dos sem-teto, e mais, de aceitar estudar a possibilidade de destinar uma área próxima ao estádio Itaquerão, São Paulo, invadida há alguns dias, para um projeto de habitação popular, marca a diferença profunda entre o PT e a oposição.
O PT é um partido com defeitos, vícios e medos. Mas não criminaliza movimentos sociais, recebe suas lideranças, compreende seus protestos e propõe e executa programas de ajuda aos mais pobres.
O PSDB é o contrário. Com apoio da mídia, o PSDB é o partido que destruiu Pinheirinho, expulsando mais de 6 mil pessoas de uma comunidade consolidada havia mais de seis anos, com praças, igrejas, escolas e sistemas de água e esgoto.
No Rio, o PMDB sempre se degenera quando se alia à Globo, que é o principal partido no estado. A violenta desocupação de um terreno baldio pertencente à OI, recentemente, foi uma ação previamente preparada por uma reportagem da Globo. E a cobertura foi acintosamente em detrimento das pessoas que foram agredidas pela polícia militar.
O gesto de Dilma sinaliza que o governo, a partir do segundo mandato, pode dar uma guinada à esquerda, como fez Lula. Naturalmente, isso vai depender um pouco da nova composição parlamentar.
Para não deixar de ser chato e crítico, eu ressalvaria o erro, constante, da comunicação de Dilma, de não fazer um registro jornalístico próprio desse encontro com as lideranças dos movimentos sociais. Onde está o vídeo do encontro? Seria legal ainda publicar, juntamente com esse vídeo, a opinião do governo em relação à questão da moradia popular e do problema dos moradores de rua, muito grave nas grandes cidades. O blog da presidenta precisa ser usado como um instrumento ativo de comunicação, um veiculador de ideias e propostas, não somente um receptáculo passivo de vídeos e fotos da participação da presidente em eventos.
Vale ainda observar que o Brasil vive outra onda de protestos, mas desta vez liderados por movimentos sociais, e por isso mesmo, com foco, objetivo. Pacíficos sem passividade. O povo não morde, como disse Fernando Brito, no Tijolaço. Quem morde são os coxinhas.