Depois de mais de um mês apanhando, a Petrobrás finalmente voltou a investir em seu blog. Anúncios do blog encheram as redes sociais e o adsense do Google.
Entretanto, acho uma pena que a empresa não tenha uma filosofia mais democrática para anunciar nas redes. A estatal poderia abrir um cadastro, para que sites e blogs participassem do programa de publicidade da empresa, recebendo de acordo com a visitação de cada um, sem preconceito de credo político, partidário ou ideológico.
Eu adoro o Google e o seu sistema randômico de anúncios. Os caras são feras. Mas eles ficam com mais de 90% do valor investido. Já que a Petrobrás tem essa filosofia de investir em conteúdo nacional, poderia montar um sistema próprio de publicidade randômica, o que não deve ser tão difícil. Produziria um fato político novo, saudável, alegre. Sites e blogs de cultura, entretenimento, política, economia, etc, receberiam recursos da estatal e ficariam felizes e contentes e passariam a entender a importância de uma empresa como a Petrobrás continuar sendo pública e controlada por um governo eleito pelo povo.
É um pouco triste ver que a Petrobrás escolhe 1 ou 2 portais para despejar dinheiro de publicidade, e o resto fica com o Google, que é uma empresa norte-americana que não tem nenhum problema de dinheiro.
Mas isso é outra história. O importante, neste momento, é que o blog voltou a dar sinais de vida.
Entretanto, elogiar não adianta muito. E o blog ainda apresenta vários problemas editoriais e estéticos.
Há posts que, francamente, não cabem no blog neste momento. Como este:
Legal que a Petrobrás apoia estudos com coral em Angra dos Reis, mas trata-se, evidentemente, de um assunto bizantino nesta hora de crise. Ninguém quer saber disso agora, nem é o blog o espaço para divulgar esse tipo de coisa. Tanto é que o post está com zero curtidas. Além do mais, gera confusão editorial no blog. A Petrobrás podia criar outro espaço, outro blog, apenas para falar de corais e tartarugas.
A estética do blog também poderia mudar. Podia usar fontes maiores, mais cores, mudar a logo, contratar alguns designs e desenhistas para ilustrar melhor os posts. As ilustrações são vergonhosamente banais.
Eu assisti a uma parte da exposição de Graça Foster no Congresso. Ela me pareceu um pouco mais preparada do que em sua visita anterior ao Senado. Ao menos não ficou repetindo, como da outra vez, que Pasadena foi um mau negócio, mau negócio, mau negócio, qual um papagaio. Mas veio de novo com a história de “baixo retorno”. Ora, refinaria sempre foi baixo retorno, porque é indústria de base. A sua importância capital é de cunho estratégico. Ela também se ateve ao momento de margens negativas, nos anos de 2008 a 2011, sem observar que esta é a realidade histórica do mundo do petróleo: vacas gordas e vacas magras. Qualquer empreendimento no setor tem de levar em conta isso.
O que me impressiona é a facilidade com que Foster descreve, em detalhes, todas as despesas realizadas em Pasadena e em outras refinarias, e a falta de informação e entusiasmo quando é o momento de falar do mais emocionante, o faturamento, o lucro, o retorno. Foster ficou 40 minutos explicando despesas, e 40 segundos para dizer que Pasadena registrou um bom lucro em janeiro, fevereiro e março. E só. Nem sequer teve a bondade de nos fornecer um mísero número exato. Só disse que deu lucro e ponto final. Sem detalhe, sem número, nada.
Foster também disse que Pasadena poderá retornar todo o investimento feito, mas aí, nessa parte, não teve a generosidade de apresentar nenhuma projeção. Em geral, quando se faz isso, apresenta-se três cenários: negativo, realista e otimista. Também não se estendeu sobre o que existe de mais legal em Pasadena, o local estratégico em que ela está instalada.
Ela começou a falar sobre o bom momento das refinarias da região de Pasadena, em função das altas margens no processamento de óleo leve, e parou por aí. Não deu mais detalhes. É como a gente assistir a um filme de ação em que o herói rala o tempo inteiro para vencer o bandido, e quando finalmente chega a hora de vermos o vilão tomar umas pancadas e se dar mal, a TV pifa.
Graça Foster tem que ser mais generosa. Os brasileiros se interessam por despesas da Petrobrás, mas o que nos dá mais prazer é conhecer os lucros, as perspectivas, as estratégias.
Me parece que seria adequado que a Petrobrás mostrasse um pouquinho, só um pouquinho de simpatia por Pasadena, já que investiu tanto dinheiro por lá. Custa mostrar umas fotos novas da refinaria? Dar detalhes sobre o que se faz lá? Mostrar os operários trabalhando? Entrevistar os engenheiros responsáveis pelas operações? Custa fazer uns videozinhos mostrando as máquinas funcionando? Isso tudo ajudaria enormemente o governo e a blogosfera a fazer a defesa da estatal na CPI que será instalada na semana que vem.
Após terminar a exposição sobre Pasadena, Foster pediu alguns minutos para falar sobre a Petrobrás, e aí apresentou os gráficos que já vem divulgando no blog. São gráficos muito bons, que não entendo porque não foram divulgados há 30 dias, quando a campanha contra a Petrobrás começou, ao invés de posts sobre corais em Angra dos Reis.
Mas tudo bem, bola pra frente. Agora que a Petrobrás redescobriu o blog, poderia ir avante e fazer mais. Poderia fazer mais infográficos interativos, aplicativos para ipad e smartphone… Agora que já se viu que a Petrobrás será o alvo preferencial da oposição no período eleitoral, a Petrobrás tem que usar todas as armas à sua disposição para fazer frente à campanha midiática desencadeada contra si.