O procurador Vincenzo Piscitelli, de Nápoles, que investiga as atividades de Valter Lavitola, resolveu entrevistar Henrique Pizzolato, preso na penitenciária de Sant’Anna, em Módena.
A mídia brasileira transformou a entrevista numa sensação, e enfiou Pizzolato num escândalo que não tem absolutamente nada a ver com ele.
O mais desonesto foi o Globo, cuja matéria faz uma malabarismo sintático incrível para envolver Pizzolato num rocambole italiano que, se envolvesse algum brasileiro, seria Nelson Jobim.
A Folha, ao menos, deu a seguinte informação:
Já o vínculo entre Lavitola e Pizzolato é incerto. A Folha apurou que não existe menção ao italiano nos documentos apreendidos durante a prisão do brasileiro.
Pois é, o trensalão tucano traz dezenas de documentos, recibos, emails, etc, e mesmo assim não acontece nada. Os secretários envolvidos não são sequer afastados. Robson Marinho continua ocupando, majestosamente, seu cargo no Tribunal de Contas. Com Pizzolato, como com qualquer petista, não há necessidade de nenhum documento.
Se você ler as matérias, não encontrará nenhuma informação coerente que ligue Pizzolato e Lavitola. Reproduzo algumas mágicas sintáticas do Globo:
— Está tudo muito no início (das investigações), mas poderão surgir coisas — disse Fallica.
“Poderão surgir coisas”… Que frase genial!
Mais um trecho da matéria do Globo:
Lavitola viajou ao Brasil com Berlusconi na visita oficial do premier, em 2010. E a Justiça italiana investiga várias outras viagens que ele fez ao Brasil . Ele já teria ligações com Pizzolato desde a viagem com o Premier. Mas foi no Panamá que Lavitola deixou o seu maior rastro. Conselheiro da Finmeccanica, o segundo maior grupo industrial da Itália (de alta tecnologia), ele é acusado de ter pago 18 milhões de euros (R$ 55 milhões) em propina à autoridades do Panamá, inclusive ao presidente Ricardo Martinelli (que é de origem italiana), em troca de contratos de 180 milhões de euros com a empresa em 2010.
Na falta de qualquer coisa sobre Pizzolato, a matéria vai enfiando acusações contra Lavitola como se falasse de Pizzolato. Observe a frase: “Ele [Lavitola] já teria ligações com Pizzolato desde sua viagem com o Premier”. Que ligações? Eram amantes? Namorados? Amigos? Sócios? Almoçaram juntos uma vez? Não há nenhuma mísera informação, mas é o bastante para amarrar uma denúncia na perna de Pizzolato e lançar ao mar para ver se afunda.
A única informação verídica é que um procurador italiano foi ver Pizzolato e, aproveitando-se do fato dele estar preso, tentou extrair alguma informação do brasileiro. Mas não há nenhum “vínculo”, nem Pizzolato foi arrolado em outro processo. Pizzolato não falou nada porque talvez não saiba exatamente nada sobre Lavitola.
Outra notícia em destaque na mídia é a decisão do Ministério Público Italiano de sugerir a extradição de Pizzolato. Bem, também aí não somos informados corretamente. É praxe do Ministério Público italiano? Quem decide esse tipo de coisa é a Justiça, a quem cabe respeitar o direito dos réus. Tradicionalmente, o Ministério Público tem a função de acusar. É assim no mundo inteiro. Portanto, a sugestão do MP italiano pode não significar nada. A Justiça é quem vai decidir. Pizzolato terá direito ainda de recorrer, dentro do país, e, eventualmente, à corte europeia de direitos humanos.
Dificilmente Pizzolato será extraditado ao Brasil, o que não quer dizer que isso seja impossível. Desde o início, não tive dúvidas de que os tentáculos do poder que agiu, no Brasil, para prender um inocente, não demorariam a mostrar suas garras na Itália. O maior medo da “operação mensalão” é que Pizzolato seja julgado novamente na Itália. Por isso, jogarão todo o peso para que ele seja extraditado de volta ao Brasil, onde os setores do Judiciário e Ministério Público responsáveis pela Ação Penal 470 estão altamente comprometidos com a manutenção da farsa.
Entretanto, prefiro ser otimista, e acreditar que Pizzolato será julgado na Itália, será absolvido, já que possui provas abundantes de sua inocência, e isso será mais um fator que obrigará a Justiça brasileira a rever os erros da Ação Penal 470.
tripe
23/04/2014 - 22h57
Curioso este procurador italiano, não?
Tanto preso e ele vai perguntar logo pro inocente do Pizzolato se ele conhece o Lavitola?
Além do fato que tudo ligado a essa gente sempre passa pelo Pananá, desde “importação” de bijuteria até “empresas” de consultoria.
João Ricardo Vieira Leite
24/04/2014 - 00h11
Italianos são tucanos?
jd
23/04/2014 - 20h17
A justiça brasileira pode demais porque o PIG o acoberta demais e o PT tem medo demais.
Gilda Azevedo
23/04/2014 - 20h55
Quando ouvi a notícia da extradição confesso que fiquei desanimada. Pensei: até lá a perseguição? Mais injustiça? É o que eu penso também, a turma dos carrascos está mesmo mexendo seus pauzinhos, cá e lá. Ligando esses fatos à matéria do Nassif, podemos mesmo ter certeza de que voltamos à era da Inquisição. http://jornalggn.com.br/noticia/o-proximo-ato-de-joaquim-barbosa-sera-o-golpe-da-falta-grave-contra-dirceu
Jose Neto
23/04/2014 - 16h40
O Berlusconi em busca de popularidade reavivou o caso Battisti e ai eles deescoriram que o Baattisti tinha supostamente mata 2 pessoas em 2 cidades distantes uma da outra 200 km no espaço de 30 minutos, isso é que eu chamo de cúmulo do absurdo. Essa promotoria italiana me cheira a Gurgel e assemelhados……..
Vera Pereira
23/04/2014 - 15h41
Você poderia indicar quais seriam essas ligações financeiras, pq não vi nenhuma menção disso documentada disto.
Miguel do Rosário
23/04/2014 - 15h40
Descobriu nada. O procurador apenas foi entrevistá-lo, atrás de alguma informação.
alexandre a. moreira
23/04/2014 - 15h37
Caramba e o cara fugindo do Brasil ia fugir para o olho do furacão na itália ? alguma coisa não cola aí nesta conspiração.
Karl Ilitch Ferreira
23/04/2014 - 15h12
A Justiça italiana descobriu ligações financeiras entre o brasileiro e o ex-homem forte de Berlusconi, Valter Lavitola.