O que mais surpreende, nessas pesquisas, é a dificuldade da oposição deslanchar. Entretanto, as análises de botequim que tenho feito com amigos, que talvez sejam mais precisas do que as opiniões dos analistas oficiais, é que a oposição crescerá fatalmente assim que a campanha esquentar, e que dificilmente Dilma ganhará no primeiro turno.
O principal partido da direita, a mídia, deve possuir entre 30 a 40% de votos, capital que tentará de todas as maneiras transferir para seus candidatos. O PT tem um núcleo duro de 30% do eleitorado, que votam em Dilma. Temos aí uns 10 a 20% de votos que precisam ser disputados.
A mídia brasileira tem como estratégia posar (hipocritamente) de isenta, o que a leva adotar o marketing negativo. Ela fala mal do candidato que considera como adversário, ao invés de defender o seu próprio candidato. Quer dizer, hoje em dia ela nem disfarça direito. A “herança” tucana é defendida com unhas e dentes pela grande imprensa.
Vale lembrar que mais de 70% dos brasileiros querem mudança. Os analistas corporativos esquecem, contudo, que dentre essas mudanças, está a vontade de mudar a própria mídia. Esquecem também que as famigeradas “ruas” pediram isso: a antipatia em relação a mídia corporativa foi uma das características mais comuns naquela miríade confusa de protestos que vimos em 2013.
As centenas de vertentes da esquerda, e até mesmo da direita, apóiam hoje políticas que democratizem a mídia brasileira.
Os lacaios da mídia, por isso mesmo, vem baixando cada vez mais o nível da cobertura jornalística que fazem dessa demanda, tratando-a como tentativa de censurar conteúdo jornalístico. É o contrário, nunca os jornalistas foram tão censurados. Se um jornalista falar mal do PSDB numa redação, ou fizer um elogio tímido ao PT, é demitido. As redações se tornaram ambientes reacionários, sufocantes. Permite-se, no máximo, um esquerdismo inofensivo, desdentado, apartidário e despolitizado, que se traduz em apoios a um político ou outro do PSOL, e só porque este partido faz oposição ao governo federal.
Já repararam que não há debate político na televisão aberta, sobretudo nos canais de maior audiência? Os políticos só aparecem num contexto de denúncia, ou para anunciar uma obra. Mas jamais se organiza um debate, para discutir reforma política, reforma tributária, reforma de mídia, reforma urbana. Nada. As concessões públicas agem como se não tivessem nenhuma responsabilidade perante os atrasos da sociedade brasileira.
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A estratégia da mídia, agora, é estimular a criação de uma CPI. O Globo de hoje é quase inteiramente dedicado a isso. Até mesmo a matéria contra os blogueiros tem esse viés, porque eles sabem que os blogs, no caso de uma CPI, seriam o único contraponto de informação e opinião ao sensacionalismo denuncista.
Na pesquisa Ibope divulgada hoje, Dilma perde três pontos, mas ainda ganha no primeiro turno. Aécio e Campos continuam estagnados.
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Dilma vai de 40% para 37% mas ainda ganha no primeiro turno, diz Ibope
Ela venceria no 1º turno contra Aécio e Campos ou contra Aécio e Marina.
Pesquisa foi realizada entre quinta (10) e segunda (14) em 140 municípios.
As intenções de voto na presidente Dilma Rousseff (PT) variaram de 40% em março para 37% neste mês, mas ainda assim ela venceria a eleição no primeiro turno se tivesse como adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) ou Aécio Neves e Marina Silva (PSB), além de outros sete candidatos de pequenos partidos, informa pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira (17).
Um candidato vence uma eleição no primeiro turno quando a soma dos votos válidos dos rivais é inferior ao total de votos que ele recebeu. Para a Justiça Eleitoral, os votos válidos excluem brancos e nulos. As candidaturas somente serão oficializadas em junho, mês em que os partidos terão de realizar convenções para escolher os nomes que disputarão a eleição.
De acordo com o Ibope, Dilma acumula 37% tanto no cenário com Aécio e Campos quanto no cenário com Aécio e Marina – na última segunda-feira (14), o PSB anunciou a chapa com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos como pré-candidato a presidente e a ex-senadora Marina Silva como vice. Até 20 dias do primeiro turno da eleição, marcada para 5 de outubro, os partidos podem trocar de candidato.
No primeiro cenário, Aécio aparece com 14% e Eduardo Campos com 6%. Em seguida vêm Pastor Everaldo (PSC), com 2%; Denise Abreu (PEN), 1%; e Randolfe Rodrigues (PSOL), 1%. Eymael (PSDC), Levy Fidélix (PRTB), Mauro Iasi (PCB) e Eduardo Jorge (PV) não alcançaram 1%. Os que disseram que votarão em branco ou nulo somaram 24% e os quem afirmaram que não sabem em quem votar ou não responderam, 13%.
No segundo cenário, Aécio está em segundo lugar com 14% e Marina Silva em terceiro, com 10%. Os demais são Pastor Everaldo (2%); Denise Abreu, Randolfe Rodrigues e Eduardo Jorge (1% cada); e Eymael, Levy Fidélix e Mauro Iasi (0%). Brancos e nulos são 23% e não sabem/não responderam, 12%.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 140 municípios entre as últimas quinta (10) e segunda (14). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos – isso significa que a intenção de voto em um candidato com 10%, por exemplo, pode variar entre 8% e 12%. O levantamento tem nível de confiança de 95% e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-00078/2014.
Trio de candidatos
O Ibope também testou cenários em que apresentou aos eleitores uma lista somente com os prováveis candidatos de PT, PSDB e PSB, sem os nomes dos postulantes dos pequenos partidos.
Com Dilma, Aécio e Eduardo Campos, a presidente somaria 39%, contra 16% e 8% dos outros dois, respectivamente. Brancos e nulos seriam 26% e não sabe/não respondeu, 11%.
Contra Aécio e Marina, Dilma teria os mesmos 39%. O tucano com 15% e Marina, com 13%. Brancos e nulos somariam 23% e não sabe/não respondeu, 10%.
Espontânea
Na parte da pesquisa que avalia em quem o eleitor votaria sem que seja apresentada a ele uma lista de possíveis candidatos, 23% disseram espontaneamente que votarão em Dilma; 7% em Aécio; 6% em Lula; 4% em Marina; 2% em Eduardo Campos; 1% em José Serra; e 2% em outros candidatos com menos de 1% das intenções de voto. Na pesquisa espontânea, brancos e nulos somam 19% e não sabem/não respondeu, 37%.
Teatino
18/04/2014 - 08h25
Para lembrar a era FHC: http://youtu.be/DV3atMTOYd4