Matéria da Folha publicada neste sábado traz uma informação interessante, mas o jornal não faz as perguntas certas.
Reproduzo um trecho:
No relatório do inquérito 2474, escrito pelo delegado Flavio Zampronha, fica evidente que Marcos Valério recebe dinheiro de inúmeras fontes, e que usa os recursos para suas atividades de lobista político profissional.
Essa informação da Folha, de que até o governo de Minas Gerais, na gestão Aécio Neves, dava dinheiro para Valério, no mesmo período em que, em tese, Valério distribuía dinheiro para o PT, produz uma conclusão absurda: o PSDB também dava dinheiro para que o PT “se perpetuasse no poder”.
A conclusão é absurda mas é a consequência lógica da acusação da Procuradoria, de que houve “compra de votos” no Congresso.
Houve distribuição de dinheiro para caixa 2 de campanhas eleitorais, conforme admitiram e comprovaram todos os réus. Não houve uma só prova de compra de votos.
O máximo que Roberto Gurgel conseguiu, como “prova” da compra de votos, foi apontar a “proximidade” das datas entre o recebimento de algumas quantias, e votações no Congresso. Gurgel fingiu esquecer que o Congresso vota leis toda semana, então sempre haverá alguma votação “próxima”. Isso não prova nada. A teoria é um desrespeito para com o Congresso Nacional.
A procuradoria e parte do STF esconderam documentos da sociedade que mostrariam Valério recebendo dinheiro de várias fontes, inclusive da oposição, de maneira que não faz sentido ver o publicitário como um operador interessado na “perpetuação” do PT no poder.
Mesmo durante o governo Lula, Valério continuaria sendo um patrimônio do PSDB, inclusive recebendo vultosos recursos de governos do partido.