Só discordo do vocábulo usado pelo Azenha. Não é marota. Prefiro um vocábulo menos elegante. É safada mesmo.
A Folha tenta, mais uma vez, criminalizar a política. Internautas e ativistas que atacam a corrupção no PT são apenas internautas e ativistas. Gente do bem. Internautas e ativistas que denunciam falcatruas do PSDB são “exército do PT”. Gente suja.
Com isso, a Folha procura desqualificar (e com isso, neutralizar), de maneira ridiculamente generalizada, toda crítica à Aécio Neves.
A tática é repetitiva. Jornalistas da grande imprensa são isentos, imparciais, éticos. Blogueiros políticos são apenas “sujos”.
É por essas e outras que o PSDB foi o partido que mais perdeu filiados em 2013, e o PT, o partido que mais ganhou . As pessoas reais, de carne e osso, vêem que há uma guerra assimétrica, entre os gigantes da imprensa corporativa, os mesmos que apoiaram o golpe de 64 e se locupletaram no regime militar, e blogueiros com escassos recursos, mas com muita coragem.
Além disso, Azenha aponta a cortina de fumaça lançada pela Folha para confundir os leitores, de forma que eles não entendam patavinas sobre as denúncias contra Aécio Neves. Não há um infográfico para lhes ajudar a compreender. Se fosse algo com o PT, haveria infográficos interativos, com musiquinha, aplicativos para ipad, história em quadrinhos para crianças, o escambal.
Azenha também denuncia a sequência de arbítrios do esquema tucano para calar a crítica. Manda prender todo mundo. Apreende computadores e documentos.
A imprensa ficou anos aporrinhando o PT com a morte de Celso Daniel, apesar de investigações da Polícia Civil de São Paulo (tucana, portanto) terem concluído que o partido não tem nada a ver com isso. Em Minas Gerais, houve o assassinato misterioso de uma modelo responsável por levar malas de dinheiro em campanhas tucanas, e ninguém investiga.
Isso sem falar no “helipóptero”…
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A cobertura marota da Folha sobre o mensalão tucano e a lista de Furnas
por Luiz Carlos Azenha, no Viomundo.
publicado em 10 de março de 2014 às 22:13
Eu não sei se o PT está ou não promovendo a ofensiva de que fala a Folha na reportagem acima. Tenho comigo que trata-se de uma justificativa para a cobertura pífia que, historicamente, o jornal fez do mensalão tucano, também chamado de “mensalão mineiro”.
O certo é que fica parecendo, ao leitor desavisado, que o presidenciável Aécio Neves não tem relação alguma com o mensalão tucano e que é vítima de uma campanha difamatória do PT, de mero oportunismo dos petistas em plena campanha eleitoral.
Esta possibilidade estaria descartada se a Folha tivesse dedicado ao mensalão tucano o mesmo espaço que o Viomundo, por exemplo, dedicou.
Se isso tivesse acontecido, as relações entre Aécio Neves e o mensalão tucano estariam absolutamente claras para os leitores.
Na reportagem, a Folha esmiuça supostas acusações do PT a Aécio e abre espaço para que o tucano se defenda. Especulo que pode se tratar de uma “vacina”, ou seja, de uma antecipação da defesa de Aécio diante de argumentos que serão usados na campanha.
A Folha menciona um suposto “exército na internet”, que seria o encarregado de ajudar o partido governista a colar Aécio no mensalão tucano, mas não entra em detalhes. Estaria preparando o terreno para alguma ação aecista?
O trecho que me chamou a atenção foi o seguinte:
É importante lembrar que existem dois episódios distintos e ainda não plenamente esclarecidos em Minas, referentes às campanhas tucanas: de 1998 (reeleição de Eduardo Azeredo e FHC) e 2002 (com Aécio concorrendo ao governo do Estado e José Serra ao Planalto).
A Folha não trata do segundo, embora alguns personagens importantes se repitam.
1998 = mensalão mineiro
2002 = lista de Furnas
Quanto a 1998, a Folha sugere que Eduardo Azeredo e Aécio Neves pertenciam a grupos políticos distintos.
Talvez venha a dizer, eventualmente, que os dois nem se conheciam.
O fato é que o mensalão tucano buscava beneficiar políticos do PSDB e de partidos aliados ao PSDB! Aécio era um deles.
Quanto a 2002, as perícias atestaram que a lista de Furnas não foi uma montagem e que a assinatura de Dimas Toledo (então diretor de Furnas) não foi falsificada.
Porém, é óbvio que os peritos não tinham condições de atestar se aquele conteúdo representava algo real ou era ficção.
Algumas informações que a Folha sonegou a seus leitores:
1. O lobista Nilton Monteiro era homem dos bastidores do tucanato. Era o intermediário. A quem ele servia? Se a prisão dele não tem relação com a falsificação da lista do mensalão tucano, nem da lista de Furnas, por que noticiar que ele está preso por falsificação sem ouví-lo, como fizemos nós do Viomundo, que temos muito menos recursos que a Folha? Por que acreditar em Roberto Jefferson mas não em Nilton Monteiro? Do jeito que a Folha noticiou, fica parecendo que Monteiro caiu de paraquedas para ganhar algum.
2. A prisão de Nilton Monteiro não foi um caso isolado. Houve busca e apreensão na casa do advogado Dino Miraglia, que representou a família de Cristiana Aparecida Ferreira. A família sustenta que o assassinato dela tem relação com o papel desempenhado por Cristiana no mensalão tucano, o de transportar dinheiro vivo. Houve a prisão do jornalista Marco Aurélio Carone, a intervenção no site que ele dirigia e busca e apreensão na casa de um segundo jornalista que trabalhou com Carone, Geraldo Elísio Machado Lopes. Por que a Folha não cobriu o caso se, como dizem os tucanos, ele demonstra claramente a existência de uma quadrilha que tinha o objetivo de difamá-los? Por que a Folha não ouviu Carone, Miraglia e Geraldo Elísio, além de Monteiro?
3. A procuradora Andréa Bayão Pereira, do Rio de Janeiro, investigou a lista de Furnas. Ela ouviu Nilton Monteiro e executivos de empresas que teriam colaborado com a caixinha tucana. A procuradora confirmou vários aspectos da lista. Por exemplo, o deputado Roberto Jeferson confirma que recebeu os 75 mil reais atribuídos a ele na lista. Jeferson serve para denunciar o mensalão petista mas não para reforçar a credibilidade da lista? A procuradora chegou a oferecer denúncia contra Dimas Toledo, o diretor de Furnas acusado de organizar o esquema. Segundo a lista, R$ 5,5 milhões abasteceram a campanha de Aécio a governador,em 2002. Por que a Folha não tratou dos dois casos — mensalão tucano e lista de Furnas –, se ambos foram parar na Justiça e ambos repetem personagens?
4. As denúncias são sustentadas por duas das mais importantes lideranças da oposição em Minas. Os deputados Sávio Souza Cruz (PMDB) e Rogério Correia (PT). Pode se atribuir a eles motivação política — óbvia, nestes casos –, mas não se trata de dois irresponsáveis. Pelo jeito que a Folha noticiou, fica parecendo que um deles, Rogério Correia, caiu de paraquedas em Brasília, quando vem denunciando o caso faz muitos anos.
Estranho, muito estranho tudo isso. Parece uma coreografia do qual só a campanha de Aécio e a própria Folha sabem os próximos passos.
PS Cafezinho: O post original está cheio de links para quase toda informação disponibilizada. Vá lá se quiser lê-los.