Finalmente, um advogado entendeu que, diante de um julgamento político, era preciso fazer uma defesa também política.
Nesta quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014, o advogado de José Genoíno, Luiz Fernando Pacheco, fez a defesa mais contundente até agora jamais ouvida no Supremo Tribunal Federal (STF). Sinal que as coisas estão mudando. Há um clima mais favorável aos réus. Rompeu-se a fantasia vendida pela mídia de que o Brasil inteiro exigia a condenação sumária de todos. Não era verdade. Os brasileiros, ou ao menos a sua camada mais esclarecida, gostariam de um julgamento justo. Só isso.
A comunidade jurídica, hoje, se voltou contra o STF, decepcionada. Ives Gandra atacou a teoria do domínio de fato. Nelson Jobim doou para a vaquinha de Genoíno. O ex-presidente da OAB, o advogado José Roberto Batochio, doou para Dirceu. Bandeira de Mello defendeu o impeachment de Joaquim Barbosa.
A mídia agora só consegue balbuciar argumentos surrados pró-linchamento, como a afirmação cínica de Merval em sua coluna de hoje: “o que ficará para a História é que, pela primeira vez, políticos poderosos foram para a cadeia por crime de corrupção”. Ora, chamar Genoíno ou João Paulo Cunha de “políticos poderosos” é ridículo.
Já o poder de Dirceu enquanto ministro da Casa Civil foi conquistado democraticamente, diferentemente dos barões da mídia, que amealharam poder através do crime mais hediondo de todos: o assalto à nossa democracia, que roubou esperanças, educação, salários e desenvolvimento do povo brasileiro.
A afirmação de que é a primeira vez que se prende políticos poderosos é mentira. O senador Luiz Estevão foi preso há anos. O ex-governador do DF, José Roberto Arruda, foi preso. Maluf já foi preso. Na história recente do Brasil, tivemos vários políticos graúdos condenados e presos, embora menos do que deveria, com certeza.
Eu editei o vídeo abaixo e separei apenas a parte mais contundente, que são os primeiros dois minutos de sua fala. Pacheco afirma, emocionado, que algum dia, não importa quando, esse mesmo tribunal irá absolver José Genoíno. Eu acrescentaria: nesse mesmo dia, a História, essa moça marota que Merval Pereira tenta difamar, chamando-a de simpática à linchamentos, irá acusar fortemente a mídia e seus lacaios, como o próprio Merval, de terem sido cúmplices principais de um dos momentos mais tristes do Judiciário brasileiro.
PS: A íntegra da defesa de Pacheco pode ser vista aqui, também editada por mim. Há outros trechos interessantes.