Change Brazil! A violência coxinha resiste

Tem que ter muita paciência para entender a mentalidade coxinha. Imagino que os próprios não entendem a si mesmos. Ontem foi dia de protestos anti-copa, mas dessa vez ficaram bem esvaziados. 

O destaque vai para Porto Alegre, que reuniu de 300 ou 400 pessoas.

Os manifestantes, como de praxe, escolheram a hora mais turbulenta do trânsito, o início da noite. Depredaram a agência de um banco público, o Banrisul,  reviraram contêineres de lixo, pixaram as sedes do PT e PMDB.

Por fim, puseram fogo a um boneco do Pelé.

Agência do Banrisul foi depredada em protesto em Porto Alegre (Foto: Alexandre dos Santos/RBS TV)

Tudo muito pacífico, claro, muito democrático.

Razão do protesto: contra a possibilidade de aumento da passagem de ônibus e, sobretudo, contra a Copa do Mundo.

O Fernando também escreveu sobre o tema no Tijolaço, cujo post reproduzo abaixo:

*

Os “libertários” que não queimam a bandeira americana, mas ateiam fogo à imagem do Pelé

Por Fernando Brito, do Tijolaço.

Pelé, fora de campo, nunca foi santo de minha devoção.

Já disse muita besteira e muita coisa correta, como tanta gente já fez.

Mas, 40 anos depois de deixar os gramados, é impressionante como ainda é uma figura reconhecida e querida pelo mundo afora.

Na prática, virou há meio século um símbolo do Brasil.

Não foi à imagem do cidadão Edson Arantes do Nascimento que este panaca da foto ateou fogo ontem, numa manifestação que reuniu 300 pessoas (“O País em Protesto”, como diz a Folha) em Porto Alegre.

Foi ao Pelé que todo mundo gosta, o Pelé do futebol.

Nos protestos, há décadas, volta e meia alguém, mais radical, punha fogo numa bandeira americana.

A gente evitava, ninguém queria ofender o povo americano, mas aquilo era um grito contra o império, contra a dominação.

Mas os nossos coxinhas são diferentes.

Protestam contra a Copa, mas não protestam contra a sangria dos juros que o mercado nos impõe e que leva, todo ano, oito ou nove vezes o gasto com a Copa, no cálculo mais modesto.

Carregam cartazes “Dilma=Maduro”, um presidente eleito que se está tentando derrubar.

E ateiam fogo a uma imagem do Pelé.

Depois, vão dizer que são “libertários” e “pacíficos”.

Quando são intolerantes e belicosos.

Eles acordaram a direita fascista brasileira.

Que não queima bonecos, mata pessoas.

Não adianta que um ou outro dos que fazem parte disso digam que não concordam.

É isso o que se pôs em marcha, querendo ou não.

Quem quiser se confundir, que se confunda.

Talvez só descubra tarde demais.

PS Tijolaço: Reparem que a foto, tirada por Carlos Macedo, da Zero Hora, não foi parar nos jornais em geral. A mídia sabe que é uma imagem que repugnaria os brasileiros, não vai ela “queimar” assim os seus prestimosos filhotes.

*

PS Cafezinho:

Se você começar a rastrear os grupos que estão dando apoio ao #naovaitercopa, topará rapidamente com os suspeitos de sempre. Toda a turma ligada ao lema Change Brazil, por exemplo, já aderiu. Um maluco no twitter propôs, em inglês, uma revolução:

“Lets make a revolution! Lets show who really give the orders here! CHANGE BRAZIL! And other countrys please HELP US”. 

Tudo bem que se trata de um retardado e o inglês do sujeito é triste (o plural de country, por exemplo, é countries).  No entanto, vê-se pela TL do sujeito que ele monitorou de perto as manifestações contra a Copa de janeiro. E repare que ele pede intervenção estrangeira.

Só espero que as organizações, movimentos sociais e partidos, comprometidos com a democracia, e que estão se juntado aos coxinhas do #naovaitercopa, tenham consciência no que estão se metendo. E, sobretudo, ao lado de quem estão se metendo. Na próxima vez que rolar R$ 150 de “ajuda de custo”, prestem bem atenção para ver se as cédulas não emanam um perfume de enxofre…

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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