Os riscos para a eleição de Dilma Rousseff

A pesquisa CNT/MDA, divulgada hoje, traz dados importantes para se entender a conjuntura política, e alguns são alarmantes para o governo. O Tijolaço já deu a deixa: por trás do cenário eleitoral confortável, com intenções de voto suficientes para garantir uma vitória eleitoral folgada no primeiro turno, há uma série de perigos e armadilhas interpostos até o momento da eleição.

Antes de falar das armadilhas, porém, olhemos os gráficos eleitorais e de aprovação. Eu faço alguns comentários sob cada um deles.  Eu fiz um gráfico para mostrar os votos úteis.

O gráfico acima sinaliza o maior perigo para a eleição de Dilma Rousseff: a paralisia resultante de uma interpretação equivocada das pesquisas. À primeira vista, vê-se uma candidata solidamente instalada na liderança, com vitória garantida no primeiro turno. Só que outros números da pesquisa mostram que não é bem assim.

Perguntado sobre sua preferência em relação ao próximo presidente, a resposta ganhadora, com 37%, foi a “mude totalmente a forma de governar”. Apenas 12% optaram pela resposta mais conservadora, “continue totalmente a forma atual de governar”. Cotejando as duas tabelas, infere-se que os eleitores querem mudança, mas preferem que esta seja conduzida pela atual presidente. Entretanto, em algum momento, a presidente terá que dar sinais de que pretende efetivamente mudar alguns rumos de seu governo. Humildemente, sugerimos aqui alguns pontos que podem satisfazer esses anseios mudancistas: reforma agrária e comunicação.

 

Interessante observar que Marina Silva ainda tem um ótimo recall eleitoral. Quando figura nas pesquisas, aparece à frente de Aécio Neves.

 

A popularidade de Dilma sofreu um leve recuo em fevereiro, caindo de 39% para 36%.  Não é um patamar confortável.

A opinião negativa sobre os “rolezinhos” reflete a interpretação de que estes poderiam vir a se tornar uma nova forma de protesto político, mas sob um formato desaprovado pela população.

 

As duas tabelas acima mostram o principal perigo para o governo este ano. É o famoso “risco Copa”. Há uma insatisfação generalizada, e fortemente majoritária, entre a população, com os gastos da Copa. O governo terá que realizar um esforço bem maior do que tem feito até agora para explicar a origem e o destino dos recursos usados para construir estádios e tocar as obras relativas ao evento.

As duas tabelas acima trazem uma aparente contradição. Na primeira, 85% dizem acreditar que haverá manifestações durante a Copa do Mundo. Na segundo, 83% afirmam que não pretendem participar. Observe que apenas 1,9% responderam “não sei” à pergunta se pretendem ou não participar, de maneira que observamos uma sociedade bastante polarizada nessa questão.

Por que essa contradição? Talvez porque se entenda que manifestações serão inevitáveis, em função da opinião, também majoritária, de que houve gastos desnecessários com o evento, mas a maioria não vê mais com simpatia o rumo turbulento tomado pelas manifestações.

O que vocês acham desses números? Deixem sua opinião!

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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