A estupidez bíblica do movimento coxinha #naovaitercopa

Eu acho que as pessoas têm todo o direito de protestar contra o que for, contra a Copa, contra Deus, contra o Diabo. Mas eu também tenho direito a ter minha opinião sobre cada protesto, a concordar ou discordar.

Na minha opinião, esses protestos contra a Copa são de uma estupidez monumental. O slogan #naovaitercopa é autoritário. A grande maioria da população brasileira deseja a Copa do Mundo, que é um compromisso internacional e uma decisão soberana de um governo democrático.

Se houve superfaturamento na construção de estádios, é um problema que temos de resolver internamente, depois da Copa.

Outra burrice de proporções bíblicas são os versos: “Da copa eu abro mão, quero dinheiro em saúde e educação”, porque a Copa do Mundo irá estimular atividade econômica que por sua vez gerará impostos, usados em Saúde e Educação. Sem Copa, iremos abrir mão dessas atividades econômicas e não teremos esses impostos disponíveis para Saúde e Educação. E ainda teremos de pagar uma multa bilionária.

Além disso, eu acho desrespeito para com o resto do mundo. Quando tem Copa do Mundo, os brasileiros enfeitam as ruas, se divertem como nunca. A África do Sul fez uma bela Copa. Os brasileiros se divertiram à beça, assistindo na TV ou mesmo viajando para lá. E agora, quando o resto do mundo quer se divertir, assistindo os jogos a serem realizados no Brasil, vendo reportagens sobre nosso país, a gente não vai fazer o evento? Por que? Por pirraça contra o governo?

A coisa me parece ainda mais grave. Parcelas da sociedade brasileira, inclusive gente supostamente esclarecida da academia, estão chancelando o quebra-quebra como parte da “manifestação democrática”. Isso é um absurdo. A democracia não é um regime suicida, que permite a seus integrantes destruirem o próprio sistema. Um regime democrático, como qualquer regime político, pressupõe ordem, estabilidade, paz.

Uma filosofia social progressista pode até entender a erupção de violência em manifestações de setores desesperados da sociedade. Mas é uma verdadeira anomalia estimular essa violência, como se ela contivesse algum germe revolucionário. Não tem. O que muda uma sociedade, num regime onde a democracia está fortemente estabelecida, são manifestações de ordem democrática, ancoradas em estratégias políticas inteligentes, responsáveis, consequentes. Violência, já diz o ditado, só gera violência, e termina sempre mal. Em geral, põe água no moinho conservador, ao forçar uma situação de crise que faz a população requerer um líder linha-dura, que ponha ordem na casa.

No protesto contra a Copa realizado em São Paulo, foram presos jovens do PSOL e do PSDB, revelando ainda essa aliança transgênica, bizarra, cujo objetivo é bem claro: desgastar o governo federal. A presença de jovens de outras cidades levanta suspeitas de que há patrocínio clandestino para os elementos mais radicais. Qualquer pesquisa rápida na internet verifica que as manifestações do #naovaitercopa tem apoio de todos os psicóticos de extrema-direita, inclusive os mais grotescos, como o rapaz que vem pedindo intervenção militar norte-americana para derrubar o governo Dilma. Todos os grupos fascistóides estão apoiando o boicote à Copa. Todos.

A mídia vai dar força, com certeza, e vai fazer um jogo duplo, fingindo repudiar a violência mas dando um enorme cartaz para os grupos radicais, fazendo propaganda das datas e locais das manifestações.

Em relação ao governo Alckmin, minha preocupação é que ele promova atentados “cirúrgicos”, como foi o caso do tiro naquele estudante, Fabrício Proteus, apenas para não deixar a chama apagar.

Ah, ia esquecendo. Sou totalmente a favor da Copa do Mundo. Tanto que vou até acrescentar, de graça, um banner aí do lado para deixar isso bem claro – linkado ao estudo da FGV sobre os impactos sócio-econômicos do evento. Acho que vai gerar empregos, renda, impostos, turismo e visibilidade positiva para o Brasil. Torço para que os coxinhas e black blocs tenham juízo e não façam mais besteiras. Até porque o povo ainda não está sequer entendendo isso. Em reunião com sindicalistas dos setores mais populares, um amigo que  é dirigente de um partido falou que eles nem compreenderam que exista gente contra a Copa. Riram e não acreditaram.

Quando cair a ficha das torcidas organizadas, que são violentamente a favor da Copa, de que há coxinhas endinheirados querendo sabotar o evento com o qual elas tanto sonharam, não sabemos o que pode acontecer. Ruy Castro, em sua coluna da Folha de hoje, teme que os coxinhas e black blocs sejam “massacrados”.

PS: Alguns leitores argumentam que a Suécia desistiu da Copa, e que isso seria um “exemplo”. Ora, a Suécia desistiu porque ajudou a invadir a Líbia, num golpe armado com os EUA, e agora tem medo de retaliação terrorista! Para o Brasil, a Copa vai ser positiva porque vamos ter retorno muito acima das despesas.

Vamos ao texto do Edu.

*

Itamar agradece #VaiTerFusca e desmente black blocs

Por Eduardo Guimarães, em seu blog.

Na segunda-feira (27/01/2014), o Blog foi à residência de Itamar Santos, 55 anos, dono do fusca que foi incendiado durante protesto dos black blocs contra a Copa de 2014, levado a cabo em São Paulo em 25 de janeiro de 2014, aniversário da cidade. Na oportunidade, ele autorizou a campanha #VaiTerFusca, para arrecadar recursos para comprar outro carro.

Na quarta-feira (29/01/2014), o Blog voltou a procurar Itamar. Ele confirmou que recebeu quase R$ 8 mil em sua conta bancária, mostrou o extrato, agradeceu a campanha e desmentiu acusações que tem recebido daqueles que incendiaram seu carro, de que teria avançado sobre colchão em chamas que eles colocaram na pista.

Detalhe: o período de demora para entrar todo esse dinheiro foi de 38 horas a partir do lançamento da campanha.

Antes de assistir ao vídeo, vale dizer do absurdo que é culparem a vítima por ter sido vitimada. Mas talvez desfaçatez ainda maior tenha sido os que atacaram São Paulo e quase mataram Itamar, 3 mulheres e uma criança pequena que levava no carro fazerem uma campanha de arrecadação de recursos que peca pela opacidade.

A campanha de “vaquinha” para Itamar é obscura porque não havia necessidade de arrecadar doações e só depois de arrecadadas repassá-las a Itamar. Afinal, a campanha #VaiTerFusca deu os dados da conta bancária do interessado e seria só depositar nela, o que, como se vê no vídeo, mostrou-se muito mais rápido e transparente.

Perguntados sobre se até agora viram algum outro dinheiro além do doado pela campanha #VaiTerFusca, Itamar e a esposa dizem que não viram nada.

A mídia, claro, comprou a versão dos black blocs e passou a divulgar que esses “anjinhos” solidários, apesar de não terem nada que ver com o caso – já que Itamar “avançou sobre o colchão em chamas” –, generosos que são estão arrecadando recursos para ele substituir o carro que ele mesmo teria destruído…

Veja só, leitor!

Globo, Folha de São Paulo, Estadão e até um tucano acusado no escândalo do trensalão divulgaram essa campanha. E, claro, não citaram a campanha #VaiTerFusca, pois quem a lançou já representou várias vezes contra esses veículos no Ministério Público Federal, na Procuradoria Geral Eleitoral e até na Polícia Federal.

Daí se vê o nível da apuração e da exatidão jornalística dessa grande mídia. Está divulgando uma campanha virtual e a campanha real, que já arrecadou quase 10 mil reais, foi escondida por ter partido de alguém que esses veículos consideram um inimigo figadal. E que, aliás, é mesmo.

Abaixo, o vídeo em que o próprio Itamar Santos e sua senhora desmontam a farsa.

Espera-se, entretanto, que os black blocs cumpram sua promessa e repassem os recursos a quem de direito. Afinal, quem quase matou Itamar foram eles. Por conta disso, agora este Blog lança a campanha #EstamosDeOlho, que vai acompanhar até o fim a tal “vaquinha” dos black blocs, para que eles entreguem o que arrecadaram.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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