Quando a imprensa denuncia tucano, aí tudo muda de figura. O discurso em prol da liberdade de imprensa se esvai e viramos um Irã, uma Arábia Saudita, uma Coréia do Norte.
Parece que a situação em Minas Gerais está bem feia. A imprensa que não tem a simpatia da Casa Grande tucana vem sofrendo represálias cada vez mais pesadas, e agora o diretor-proprietário do Novo Jornal, Marco Aurélio Carone, voz solitária no estado a veicular denúncias contra o governo mineiro, foi preso, a mando da juíza Maria Isabel Fleck. A arbitrariedade da decisão é gritante: a magistrada decidiu prender o jornalista com base num argumento similar à da doutrina de segurança do Pentágono da era Bush: por “prevenção”, para evitar que ele continuasse a publicar informações “inverídicas”. Sendo que inverídicas, no vocabulário das autoridades pró-tucanas de Minas Gerais são informações incômodas ao governo do estado.
Para Aécio Neves, jornalista dissidente só é bom em Cuba…
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Aécio era denunciado frequentemente pelo jornalista
PRISÃO DE JORNALISTA EM MG: A FACE CRUEL DO ESTADO DE EXCEÇÃO
A prisão do jornalista Marco Aurélio Carone, diretor proprietário do NOVO JORNAL, ocorrida hoje revela a face mais cruel do “Estado de Exceção” implantado em Minas Gerais desde 2003.
A prisão realizada estaria “amparada no requisito da conveniência da instrução criminal, já que em liberdade poderá forjar provas, ameaçar e intimidar testemunhas, além de continuar a utilizar o seu jornal virtual para lançar informações inverídicas”, segundo trecho do despacho da juíza Maria Isabel Fleck.
Ora, afirma-se que um dos motivos da prisão seria evitar que ele utilizasse de seu jornal virtual para veicular supostas informações inverídicas. Se isso não for censura prévia, o que mais será? E o que é pior: a arma para se efetivar essa ação preventiva seria a prisão do acusado? Logo, todo e qualquer profissional de imprensa que ousar veicular informações previamente consideradas inverídicas pela Justiça ou pelo Ministério Público estão sob ameaça concreta em Minas Gerais.
Não há trânsito em julgado de qualquer ação incriminando o diretor proprietário do referido jornal virtual ou mesmo daquele que seria seu suposto aliado nas ditas “acusações inverídicas”: Nilton Monteiro, conhecido por divulgar a Lista de Furnas, que – por sua vez – já foi considerada autêntica pela PF e, inclusive, já instruiu processos sobre o rumoroso caso envolvendo lideranças do alto tucanato.
O bloco parlamentar Minas Sem Censura registra aqui duas preocupações essenciais: uma é a prática de cerceamento da liberdade de imprensa, agora – de forma inédita – corroborada pelo MP e pelo Judiciário; outra é o claro foco político envolvendo personagens que criticam, denunciam e envolvem agentes políticos diversos.
O Minas Sem Censura apresentará requerimento à Comissão de Direitos Humanos da ALMG para a discussão e apuração, nesta Casa Legislativa, do grave fato que representa essa prisão. Serão convocados os representantes do MP, da autoridade policial que efetivou as prisões, do Novo Jornal e Sindicato dos Jornalistas.
Belo Horizonte, 20/01/2014
Sávio Souza Cruz
Rogério Correia