Este é um post para os aficcionados em estratégia eleitoral.
O jornal Valor publicou ontem um estudo gráfico do cientista político Cesar Romero Jabob, da PUC-Rio, com o desempenho dos principais candidatos no Grande Rio.
Um dos fatores que mais chama a atenção é a tendência da Baixada Fluminense em NÃO votar nos candidatos preferidos das zonas ricas da região (sobretudo Zona Sul do Rio).
A eleição no Rio se tornou um fenômeno notoriamente classista. Os votos da periferia vão para um lado, os do centro do mapa, para outro.
E isso começou já em 2002, quando Rosinha Garotinha se elege com uma votação concentrada na Baixada, contra Benedita da Silva (PT), que teve mais votos no centro.
O fenômeno se repete com Sérgio Cabral, nas duas eleições seguintes: seus votos se concentram na periferia, enquanto seus principais adversários eleitorais, como Denise Frossard (2006) e Fernando Gabeira (2010) tem votos altamente concentrados na zona sul da capital.
Essa é a realidade que Lindbergh Farias, e qualquer outro candidato de um partido da esquerda, terá de enfrentar. Terá de captar votos nas periferias.
Em tese, esta é uma tendência politicamente saudável, porque dá mais poder àqueles que mais precisam: os mais pobres, que moram em regiões que mais precisam de investimentos. No entanto, há efeitos colaterais nocivos, porque pressiona os candidatos a ultrapassar o limite do bom senso, como parece ter sido o caso do próprio Lindbergh, que andou flertando com o pastor Silas Malafaia. A parceria entre Lindbergh e Malafaia é coisa séria, tanto que Lindbergh foi o único senador do PT, e contrariando a orientação do partido, a votar contra o projeto de lei pela criminalização da homofobia, ação que mereceu o elogio de… Malafaia.