Editei o pronunciamento da presidenta para recortar apenas a parte em que ela fala dos pessimistas e menciona a “guerra psicológica”. Ficou em apenas 40 segundos.
Dilma não poderia ser mais direta:
“Se alguns setores, seja porque motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas.”
Dilma passou um recado direto à imprensa e setores do empresariado: se continuarem fazendo guerra contra a economia brasileira, se porque motivo for (eleições, menos impostos, mais subsídios), todos saírão perdendo.
O mais importante, contudo, foi Dilma admitir que há guerra. E entendeu que a criação de um clima artificial de crise e pessimismo pode gerar, de fato, crise e pessimismo. A economia de um país emergente depende de um ambiente de otimismo moderado e sóbrio, que estimule o empreendedorismo e os investimentos privados.
Entretanto, se há guerra, precisamos saber quem são os campos em disputa, o que está em disputa, quais são as armas usadas. Eu entendo que a guerra psicológica se dá entre a mídia e governo. A mídia quer arrastar a economia para baixo para desgastar o governo e aumentar as chances da oposição. O governo quer puxar a economia para cima para ganhar aprovação popular e se reeleger.
O que está em disputa é o poder central em 2014.
As armas usadas são os meios de comunicação de massa, com toda a sua astúcia e experiência.
Dilma deixou bem claro: se houver campanha para baixo, todos vão perder dinheiro. O Estadão parece ter entendido o recado, e publicou hoje um editorial em que admite uma possível recuperação da indústria brasileira.
A confiança dos industriais
A recuperação da indústria pode estar começando, depois de dois anos muito ruins, mas as perspectivas para 2014 ainda são de crescimento muito moderado. De toda forma, há sinais de otimismo entre os dirigentes do setor e hoje há mais sinais positivos do que em novembro, comentou a pesquisadora Tabi Thuler Santos, da Fundação Getúlio Vargas, ao apresentar a edição de dezembro da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação.
Espera-se, por fim, que a presidenta, agora que admite a existência de uma guerra psicológica (que também poderia ser chamada de “midiática), tome providências concretas para defender a economia nacional e contra-atacar. Até porque essa guerra não deverá ser diminuir em 2014.