Em vez de me processar, Ali Kamel deveria adquirir algumas dezenas de assinaturas do Cafezinho, comprar títulos e fazer generosas doações ao blog. Sim, porque na verdade eu faço um trabalho que eles, com sua equipe de milhares de jornalistas, não fazem. Eu faço a crítica do jornal e, com isso, contribuo, mesmo que involuntariamente, para que ele ofereça um serviço melhor a seus leitores.
Particularmente, estou cansado de falar da Rede Globo ou do Jornal O Globo. Gostaria de abordar muitos outros temas, políticos e econômicos.
Neste tema do mensalão, contudo, não tem como não falar na Vênus Platinada. A Globo é o principal ator político neste processo. E faz questão de continuar sendo.
A reportagem de capa da edição impressa de domingo, por exemplo, é mentirosa e manipuladora do início ao fim. A começar pela manchete sensacionalista.
A única iniciativa nova do BB, descrita do texto, é o pedido de seus advogados para verem a íntegra do acordão do STF. Um pedido apócrifo, já que o mesmo pode ser lido na internet.
A reportagem omite, porém, que existem, nos autos, três auditorias internas do Banco do Brasil, atestando a regularidade dos repasses do Fundo Visanet a DNA Propaganda. Também omite, como tem feito há anos, a existência do Laudo 2828 e do regulamento do Fundo Visanet, além de inúmeros documentos do BB, que comprovam que Henrique Pizzolato não tinha nenhum poder para mexer nos recursos do Visanet.
É interessante ver, ao final da matéria, o nervosismo da oposição, quando pressionada pelo Globo a entrar com ação para que o BB recupere a verba. Agripino Maia, presidente do DEM, sabe que se fizer isso, poderão vir à tôna os documentos que a imprensa vem escondendo.
Já que a imprensa esconde, a gente divulga por aqui algumas partes do chamado “Dossiê Pizzolato”, que traz alguns documentos constantes nos próprios autos do processo, mas que foram sempre ocultados da opinião pública. Os ministros do STF, sob uma pressão sinistra da mídia, jamais os mencionaram.
Eis uma das auditorias do BB sobre o Visanet. Primeiro uma foto da capa, para facilitar o entendimento:
Eis a íntegra do documento.
Agora, abaixo, dois pareceres, também do BB, atestando que os recursos do Fundo Visanet não são públicos; pertenciam exclusivamente à multinacional Visanet, embora ao BB, assim como outros bancos participantes do convênio, cabia apontar as propostas de publicidade e a agência que seria responsável pelas campanhas. Detalhe: os recursos do Fundo Visanet ficavam armazenados no Bradesco.
Segundo o regulamento do Fundo, ao BB cabia nomear um gestor para aprovar campanhas e pagamentos, e este gestor do BB, na época em que tudo aconteceu, jamais foi Henrique Pizzolato.
Recortei e publico abaixo um trecho do último parecer. Observe a conclusão: “recursos não são do Banco do Brasil, (…) afastando, em consequência, a interpretação de que tais recursos poderiam ter natureza pública”.
Por que os ministros do STF jamais olharam para estes documentos, que nunca foram citados nos debates? Por que a imprensa também não lhes deu, jamais, nenhuma publicidade?
Porque eles derrubavam a trama. A reportagem do Globo, que não traz nenhum mísero contraponto, baseia-se, portanto, numa série de inverdades:
1) Que os R$ 73,85 milhões do Fundo Visanet foram desviados. Mentira. Foram usados em campanhas publicitárias. A Globo recebeu R$ 5,5 milhões desse dinheiro.
2) Que os recursos são públicos. Mentira. Todas as auditorias e o regulamento do Fundo Visanet mostram que os recursos eram privados. Eles eram disponibilizados pela Visanet, uma multinacional que fatura centenas de bilhões de dólares no mundo, a um conjunto de bancos brasileiros, para que estes fizessem a publicidade dos cartões de débito e crédito com a bandeira Visa.
3) Que Henrique teria “repassado” os recursos do Fundo à DNA. Por mais que a campanha do viralatismo seja violenta, é preciso entender que o BB não é casa da mãe joana. Nenhum servidor tem o poder de “repassar” 74 milhões do BB para nenhuma empresa. No caso do Visanet, o BB havia nomeado um gestor para cuidar dos assuntos relativos ao Fundo Visanet. Era Leo Baptista. Os documentos acima também trazem essa informação.
4) Que o Bônus de Volume teria sido apropriado indevidamente pela DNA, e pertenceria ao BB. Mentira. É muita hipocrisia da Globo, pois ela inventou o BV no Brasil, ou pelo menos é a empresa que mais o utiliza. Além disso, é uma contradição. Se a DNA recebeu R$ 2,9 milhões de BV é porque veiculou uma quantidade enorme de anúncios nos meios de comunicação, e portanto, o serviço foi realizado. O BV referente a campanha da publicidade do BB-Visanet entra numa relação privada entre veículos de mídia e a DNA. O BB jamais recebeu BV por nada. Perguntem a Secom se ela cobra devolução de algum BV para os cofres públicos?
A parte da matéria que trata de João Paulo Cunha é igualmente mentirosa. Mas paro por aqui para não lhes cansar mais.