Advogado de Pizzolato: “Tenho convicção de sua inocência”

Reproduzo abaixo comentários e um vídeo publicados há pouco no blog Conversa Afiada, que ajudam a esclarecer bastante coisa sobre o processo do mensalão. Ajudam, sobretudo, a medir o grau de violência cometida pelo Ministério Público e o STF contra o Estado Democrático de Direito, ao determinarem um julgamento de exceção. Dr.Lobato observa que a luta maior de seu cliente é que os ministros leiam as provas apresentadadas. Eles não o fazem. Não citam os documentos. Não fundamentam sua decisão. Simplesmente ignoram. Com ajuda da grande mídia, que, Lobato admite, constituiu um agente central neste processo.

Interessante observar como Lobato, e com ele boa parte da comunidade jurídica, agora percebe plenamente como uma regulamentação democrática da mídia é necessária para evitar o autoritarismo e o arbítrio. Pizzolato já está cumprindo pena há sete anos, diz o advogado, porque não pode sair de casa sob risco de ser xingado, achincalhado. A mídia jamais lhe deu qualquer direito de se defender. E a Globo sabe que ele é inocente, porque a Globo recebeu os recursos da Visanet, os mesmos recursos que a Procuradoria diz terem sido desviados. O dinheiro está em sua contabilidade. E foi a Globo que pagou Bônus de Volume à DNA Propaganda.

BV E “DINHEIRO PÚBLICO” DESMORALIZAM O “MENSALÃO”

Por que o Gurgel não processou a Globo por se apropriar do BV de “dinheiro público” ?

Por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada.

O Conversa Afiada reproduz importante entrevista de Marthius S. Lobato, advogado de Henrique Pizzolatto no mensalão (o do PT).

Foi ao programa “Diálogo”, do Sindipetro da Bahia, apresentado pelo jornalista Alberto Sobral.

Lobato mete a mão no câncer do Julgamento de Exceção, também chamado de Mentirão.

Além de ter sido um julgamento com uma pré-concepção política – pegou o Pizzolato porque era o único petista na direção da Visanet -, o Supremo de Ayres Britto e Joaquim Barbosa não analisou “as provas robustas” produzidas pelos acusados e, sequer, contestadas pelo Ministério Público e os ministros do Supremo.

Como julgar se o juiz não lê as provas ?

O Ministério Público Federal, aliás, segundo Lobato, foi “privatizado”, nesse julgamento.

Lobato prova que o dinheiro da Visanet não era público e, como não era público, não há quadrilha de que o Dirceu e o Genoino possam fazer parte.

Como ser corruptor ativo se não havia dinheiro público ?

E o próprio Tribunal de Contas da União – formado, como se sabe, de sandinistas, guevaristas e petistas radicais – na véspera do julgamento considerou que o BV não era do Banco do Brasil.

O Supremo, na primeira etapa do julgamento, desconsiderou o parecer do TCU.

Se a Dilma fizesse isso … levava um impeachment !

Logo, como o dinheiro não era público e, como sempre sustentou o Delúbio Soares, o que havia era um esquema de Caixa Dois, instituição que atormenta a política brasileira desde a expedição de Cabral.

(Como se sabe, o PSDB é o único partido que, no Supremo e no PiG (*), não pratica Caixa Dois.)

Lobato reproduz o testemunho, nos autos, de Otávio Florisbal, que foi o principal executivo da Globo, seu ex-diretor comercial e criador do “Bônus por Volume”.

O Florisbal garante: nunca pagou Bônus por Volume ao Banco do Brasil por conta da Visanet !

Nunca !

Porque a Visanet não é estatal, nem do Banco do Brasil.

Logo, o julgamento do mensalão – e as condenações do Pizzolato, do Dirceu e do Genoino são o resultado do que Lobato chama de “uma história perversa”, montada para incriminar o PT.

Pergunta Lobato: por que o Roberto Gurgel – que o senador Collor, da tribuna do Senado, chamou de prevaricador – não processou a Globo por se apropriar de um BV criminoso, gerado no ventre do “maior escândalo da Historia da Humanidade”, segundo o Globo Overseas ?

A entrevista com Lobato foi feita antes de o Ministro Celso de Mello, em voto histórico, aceitar os embargos infringentes e, portanto, permitir um re-julgamento.

E a reparação de crimes cometidos em nome da Lei !

O “dinheiro público” e o BV estão entalados na garganta do Supremo !

Viva o Brasil !

Em tempo: Lobato, é claro, denuncia o monopólio da mídia, o PiG (*), que ajudou a construir a ideia de uma corrupção generalizada, de um partido só.

Paulo Henrique Amorim

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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