Incrível a submissão da mídia nacional à Globo.
É como se fôssemos uma Coréia do Norte de direita, cujos ditadores fossem a família Marinho.
Ninguém deu a publicidade necessária a uma notícia obviamente importante para se entender a economia brasileira. A Bloomberg, uma das maiores agências de notícia, divulgou ontem o seu ranking das principais fortunas do mundo.
No setor de mídia, os três irmãos Marinho figuram entre as 10 maiores fortunas do planeta. Somados, eles trem US$ 25 bilhões. Em reais, isso daria mais de R$ 50 bilhões. Somando a fortuna dos três, eles ocupam o segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas de David Thomson, sócio-majoritário da Reuters.
Para se ter uma ideia, a fortuna dos Marinho, somada, é mais que duas vezes maior que a de Rupert Murdoch, o temido magnata da mídia norte-americana, dono da Fox, e o triplo da riqueza de Berlusconi, que usou seu poder para governar a Itália por quase vinte anos.
A fortuna dos Marinho é originada, primariamente, dos aportes ilegais que recebeu da Time Life, a partir de 1962, e do apoio que prestou ao golpe de Estado. O regime militar concedeu grandes vantagens à Globo, permitindo-lhe acumular um patrimônio tão grande ao mesmo tempo em que piorava indecentemente a distribuição de renda no país.
Durante a redemocratização, o poderio da Globo serviu-lhe para que nenhum regulamento fosse criado para estorvar-lhe o contínuo inchaço.
Mesmo assim, a Globo passou pela maior crise de sua história em 2002.
Uma notinha biográfica sobre João Roberto Marinho, o mais velho dos irmãos, diz que ele “tirou a Globo do maior calote corporativo da história brasileira.
“Led Globo out of the biggest corporate default in Brazil’s history.”
Surfando sobre a onda do “mensalão” e sonegando impostos, a Globo conseguiu dar a volta por cima.
Os números da Bloomberg deveriam servir para ligar o alerta vermelho em todos os brasileiros que defendem a democracia, porque é óbvio que o regime democrático é ameaçado pela mera existência de uma família que reúne, ao mesmo tempo, a maior fortuna do país, e o maior conglomerado de mídia, controlando – segundo a Bloomberg – quase metade do mercado de televisão no país (deve se referir ao faturamento com publicidade). Ainda mais quando esse grupo tem longa tradição de ataque à democracia e manipulação de notícias.
Quando se recorta para o setor de mídia e Brasil, os três Marinho aparecem no topo da lista: