A Folha resolveu dar uma de Snowden às avessas e denunciar nosso perigosíssimo, moderníssimo, sistema de espionagem.
Manchete bombástica na capa do jornal, seguida de matéria de página inteira, na seção mais nobre do jornal:
Aí a gente vai ler a matéria e encontra isso:
“Os agentes seguiram diplomatas iraquianos a pé e de carro para fotografá-los e registrar suas atividades na embaixada e em suas residências, conforme o relatório.”
Os agentes seguiram os diplomatas à pé! Meu Deus! Que escândalo!
Em seguida, a Folha tenta se salvaguardar um pouco do mico, admitindo que as operações brasileiras são “mais modestas” se comparadas à sofisticação da NSA, serviço secreto dos EUA:
“As operações descritas no relatório da Abin têm características modestas, e nem de longe podem ser comparadas com a sofisticação da estrutura montada pela Agência de Segurança Nacional americana, a NSA, para monitorar comunicações na internet.
Ainda assim, o documento mostra que, apesar do que a retórica da presidente poderia sugerir, o governo brasileiro também não hesita em mobilizar seu braço de espionagem contra outros países quando identifica ameaças aos interesses brasileiros.”
Hummm…
Mais modestas?
O governo brasileiro não hesita em mobilizar seu “braço de espionagem contra outros países”?
Essa tentativa da Folha de tentar desqualificar a política externa do governo através de uma comparação ridícula entre agentes seguindo a pé um diplomata, em território brasileiro, e o grampo do celular pessoal da presidente da república é tão tosca, tão ridícula, que não merece mais comentários.
É simplesmente uma ofensa à inteligência de seu leitor.