Escândalo da FURP: um buraco sem fundo

Desta vez toquei num vespeiro imundo.

Continuo recebendo informações gravíssimas sobre a corrupção desenfreada na Fundação para Remédio Popular (FURP) de São Paulo.

Tão grave que eu já tomei medidas de segurança, tanto para mim quanto para a informação. Já estou em contato com outros blogueiros e jornalistas (inclusive de TV), para que a denúncia continue avançando mesmo sem a minha participação.

Providenciei também para que qualquer ameaça a minha pessoa, eletrônica, telefônica ou física seja imediatamente rastreada para identificarmos os mandantes.

Sim, porque o caso envolve milhões e milhões de reais, e muitas empresas e altos funcionários públicos, formando uma espécie de máfia, a qual, naturalmente, pode tentar alguma medida desesperada. Tomara que não, mas se o fizer, pior para eles.

As informações que me chegam de dentro da instituição é que a denúncia do Cafezinho caiu como uma bomba, e que os funcionários ficaram muito satisfeitos, visto que os problemas são de conhecimento geral e angustiam a todos.

“Além da corrupção, eles têm uma política de ferrar o funcionário”, denuncia um ex-funcionário.

*

Trecho de mensagem que recebi de um fonte de dentro da FURP:

(…) a notícia bombou e balançou as estruturas da direção da Furp. O superintendente foi chamado pelo Secretário da Saúde e acontecerá uma reunião na próxima [nesta] segunda-feira.

Os funcionários estão adorando tudo (…). E para finalizar, o que mais está rolando lá dentro é a seguinte frase: “vamos ali tomar um cafezinho?”. rs

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Os problemas acontecem sobretudo nas licitações, muitas das quais são fraudadas. Depois são acrescentados aditivos em cima de aditivos, me disse uma das fontes.

Agora tenho várias fontes, de dentro, de fora, funcionários e ex-funcionários. Todos interessados em me ajudar, por espírito de cidadania e indignação acumulada. Não há qualquer partidarismo, mas simplesmente desejo de justiça, orgulho de se livrar do medo e fazer alguma coisa boa pelo país.

Durante muito tempo, houve um clima meio que de terror na instituição. Alguns servidores sofreram assédio moral, foram perseguidos.

Um ex-servidor me disse que, anos atrás, reuniu muitos processos onde havia fraudes notórias, e entregou ao Ministério Público Estadual, e que o mesmo esteve na instituição algumas semanas depois, mas nada aconteceu.

Infelizmente, o MP está sem credibilidade junto aos servidores, o que é lamentável. Faço um apelo, portanto, ao novo Procurador-geral da República, o senhor Rodrigo Janot, homem ilibado e corajoso, para que exerça sua influência junto ao MP estadual e faça as investigações necessárias. O que está em jogo é uma instituição extremamente importante para o Brasil.

Aliás, o fato da FURP receber milhões do Ministério da Saúde justificaria a entrada da Polícia Federal no caso.

“A auditoria do Estado não faz nada”, lamenta-se uma das minhas fontes.

Estamos tentando trazer mais documentos e mais indícios de irregularidades e desvios.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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