O melhor da Dilma é quando ela fica indignada e volta a ser a velha Dilma de guerra. Nesse “quebra-queixo”, ela responde o óbvio. Não se pode comparar o quarto onde o boliviano se encontrava, com TV de plasma, computadores, telefones, esteira para se exercitar, ar condicionado, livros, internet banda larga, com uma sala de tortura do Doi-Codi. Dilma foi torturada por dois anos num Doi-Codi e sabe do que está falando.
A presidenta também tocou num ponto importante. A fuga do senador sem o salvo-conduto do governo boliviano implicou em risco para a vida do asilado. Se acontecesse alguma coisa? Se ele, o diplomata e os fuzileiros se envolvessem num tiroteio? Seria uma tragédia com desdobramentos terríveis para as relações entre Brasil e Bolívia.
É inacreditável que Eduardo Campos e Aécio Neves, que pretendem ser presidentes da República, apóiem um ato de quebra de hierarquia dessa magnitude, uma completa insanidade diplomática. De Aécio, não espero nada. Minha decepção é com o pernambucano. Campos mostra que está mais disposto a sair bem na foto da grande mídia do que assumir o ônus de um estadista de verdade.
Aécio Neves e Eduardo Campos apoiam Saboia
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Prováveis adversários de Dilma Rousseff em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), comentaram o episódio da vinda de Roger Pinto Molina ao Brasil.
Aécio disse que o governo “se curva a conveniências ideológicas” ao punir o diplomata Eduardo Saboia –que articulou a viagem de Molina ao Brasil.
“Ao expor à execração pública o diplomata, o governo brasileiro se curva, mais uma vez, a conveniências ideológicas. Mais grave, abandona as melhores tradições da nossa diplomacia”, afirmou Aécio.
Em evento em Santos (SP), Eduardo Campos elogiou a atuação de Saboia.
“Eu só posso ter uma opinião: salvamos uma vida de uma doença terrível, que é a depressão. Cumprimos uma tradição, que é própria do povo latino e brasileiro, que é a de abrigar. Por dever de consciência, tenho de cumprimentar o diplomata que fez isso”, disse o provável candidato à Presidência.
Campos não quis comentar a queda de Antonio Patriota do comando do Itamaraty nem as ações do governo Dilma Rousseff nas relações com a Bolívia. “Isso é um assunto diplomático, e eles têm as suas políticas e diretrizes. Mas a atitude do diplomata brasileiro foi humanitária”. (FÁBIO MENDES, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SANTOS)