O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, rechaça o pessimismo crônico propalado pelos principais analistas econômicos do país e afirma que tem visto empresários e trabalhadores animados com o presente e confiantes no futuro.
A opinião de Andrade é confirmada estatisticamente. O índice de confiança do industrial, apurado mensalmente pela CNI, registrou alta substancial em agosto.
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Em vez de otimismo, confiança
Análises devem ser lidas com ponderação. Não vislumbro desânimo. Há, sim, a noção de que existem problemas, mas também soluções
Por Robson Andrade, presidente da CNI.
Neste momento, existe uma clara dissonância entre o que dizem os agentes econômicos e os analistas.
Quando andamos pelo Brasil, vemos empresários e trabalhadores animados com o presente e confiantes em relação ao futuro, numa realidade distante do quadro negativo desenhado por economistas.
Micro e pequenos empresários, responsáveis por 99% dos negócios em funcionamento no país, continuam apostando no crescimento da economia e dos seus empreendimentos. Olhando para os avanços obtidos nos últimos anos e para o potencial do nosso enorme mercado, mantêm-se firmes.
Esse estado de ânimo afortunadamente positivo costuma passar despercebido das estatísticas, mesmo das que tentam medir a confiança do empresariado. É sabido que, diante de um entrevistador, as pessoas tendem a ressaltar aspectos negativos, até como defesa psicológica.
Os analistas apresentam uma crônica dificuldade de prever o que vai acontecer com a economia nacional. Não por falha em sua formação, que é ótima, mas porque ninguém inventou ainda uma bola de cristal. O Brasil tem incrível capacidade de recuperação e costuma surpreender.
Talvez por cacoete profissional, alguns tendem a ressaltar o lado negativo dos fatos. A demissão de um número razoável de empregados recebe destaque, enquanto a contratação de uma quantidade até maior de pessoas passa em branco.
Isso lembra uma declaração do papa Francisco sobre o mau comportamento de membros da igreja: “Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce”.
Se empresários e trabalhadores ficassem impressionados com o noticiário ou dessem excessivo crédito às previsões, iriam para casa esperar a catástrofe se realizar.
As análises devem ser vistas com ponderação. Para enxergar outras facetas do que vem acontecendo, nada melhor do que pôr o pé na estrada e conversar com as pessoas.
Visitando os Estados, vejo que as adversidades são superadas pela energia e vontade de dar certo. Não vislumbro desânimo nas palavras de empresários, tampouco de trabalhadores. Percebo, sim, a noção de que existem problemas, mas também caminhos e soluções.
Temos encontrado nos governos e no Congresso Nacional espaço para apresentar propostas. O diálogo tem sido franco e aberto.
Todos reconhecem a importância de retirar os obstáculos que dificultam o crescimento econômico do país.
O desemprego continua baixo e a inflação começa a ser controlada. A produção industrial voltou a crescer, assim como a agrícola. Os empresários estão ávidos por deixar a crise no passado e investir mais fortemente, criando mais empregos.
Os filósofos costumam dizer que não há garantias de que a história ande sempre em direção ao progresso. Não sou filósofo e o que vejo é um Brasil bem melhor do que o de 20 ou 30 anos atrás.
Nós, empresários brasileiros, acreditamos no avanço do país rumo ao pleno desenvolvimento. Cremos que a retirada dos entraves à competitividade vai nos levar inexoravelmente ao crescimento econômico mais vigoroso e duradouro, mesmo que enfrentemos eventuais reveses passageiros.
A variável estratégica, com certeza, é o investimento. Os dados mais recentes do PIB mostram que ele voltou a crescer com mais vigor.
É indispensável acelerar esse processo, reduzindo os entraves à implantação de novos projetos. Temos uma agenda para criar um ambiente mais favorável: reduzir os custos de produção e dar segurança aos investidores. Esse é o caminho.
Confiamos que o país que está sendo construído com esforços de todos será mais justo, próspero, educado e feliz. Os analistas provavelmente chamariam isso de otimismo exagerado. Eu chamo de confiança.
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