Se o ex-governador José Serra não existisse, o diabo seria obrigado a inventá-lo às pressas. O Brasil seria bom demais sem ele. O cabra inferniza até a vida da oposição. Quando Aécio Neves achava que, finalmente, poderia respirar tranquilo, sem a concorrência sempre desleal e traiçoeira do conde drácula, eis que Serra levanta de seu caixão e volta a assombrar.
As movimentações de Serra são erráticas, turbulentas, ameaçadoras. É o verdadeiro Mefistófeles da política brasileira! Com uma diferença básica: Mefistófeles dizia que ele era aquele que “fazendo o mal, emprenhava o bem”, querendo dizer que a sua ação questionadora e imoral impede o homem de cair no imobilismo confortável, egoísta e medíocre do moralismo cristão.
Serra é o contrário. Ele pensa fazer o bem, mas só gera o mal. Haja vista a campanha desqualificada que ele conseguiu produzir em 2010, quando sua própria esposa passeava pelas ruas do Rio alardeando que Dilma “assassinava criancinhas”. Sem contar o guru indiano que ele trouxe dos Estados Unidos para coordenar a disseminação de boatos de cunho religioso contra a sua adversária.
Felizmente, o grau de periculosidade de Serra caiu um bocado. Ele não tem mais controle sobre seu próprio partido, não tem mais cargo público e o seu índice de rejeição já está perto do de Bin Laden em Nova York, no dia seguinte ao 11 de setembro.
Seu poder hoje se limita a tumultuar o PSDB, o que ele faz com enorme talento, para alegria dos petistas e de todos aqueles que não simpatizam com o PSDB. Para esses, o momento é de reabastecer o estoque de pipocas e se divertir vendo o macaco quebrar todos os cristais da loja.
No Painel da Folha deste sábado, topei com a seguinte notinha:
Aviso prévio? Um dos principais aliados de José Serra disse esta semana a Roberto Freire (PPS), em Brasília, que o ex-governador está decidido a deixar o PSDB.
Pausa para rir por uma semana e meia.
Outro poder de Serra: plantar notinha em jornal. Todo santo dia agora aparece uma nota vinda de algum misterioso “interlocutor” do tucano. Num dia, ele diz que sai do PSDB, no outro que não sai. Num dia, quer prévias, no outro não quer mais.
Seja como for, Aécio Neves parece ter acertado uma dessa vez. Ao aceitar o desafio das prévias, Aécio desmascarou o que parece se tratar de um blefe serrista. O vampiro doidão não quer prévias coisa nenhuma. Ele quer é derrubar Aécio no tapetão e ser novamente o candidato do PSDB para as eleições presidenciais de 2014.
Alguém poderá perguntar o porque Serra quer tanto ser candidato de novo, depois de perder tantas vezes, e possuir uma rejeição tão grande. Se você pensar na quantidade de recursos mobilizados durante uma campanha presidencial, e nem me refiro aos “não-contabilizados”, e a facilidade com que se pode justificar as despesas, não será difícil entender…
Para Dilma Rousseff, tanto faz Serra e Aécio. O primeiro tem uma rejeição grande demais para ganhar uma eleição no Brasil, mas a sua total ausência de escrúpulos faz das eleições em que ele participa sempre um festival de baixaria, com prejuízo para todo mundo. Aécio tem menos rejeição e mais facilidade para fazer acordos com outros partidos, mas é um candidato fraco, com baixo potencial eleitoral quando sai de Minas. E mesmo em Minas Gerais não terá um palanque muito forte, visto que o candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, lidera isoladamente todas as pesquisas de intenção de voto.