Os protestos de rua elevaram as pressões sociais para que o governo ofereça melhores serviços de saúde à população. Maravilha. Só que as mesmas pressões também devem ser levadas ao criminoso corporativismo da classe médica. Muitas vezes o governo põe dinheiro e os médicos não trabalham. Eu mesmo testemunhei isso, em postos da UPA no Rio de Janeiro, quando fui levar parentes durante a madrugada. Todos os médicos dormiam em suas salas. Somente uma enfermeira atendia as pessoas.
Hoje me deparo com a seguinte nota na coluna do Ilimar Franco, publicada hoje (31/07/2013):
Na boca do povo: Um grupo de médicos protestava ontem na frente do Ministério da Saúde contra o programa Mais Médicos, que abre postos de trabalho para médicos estrangeiros. O grito de guerra: “Somos ricos, somos cultos. Fora os imbecis corruptos”.
Sem comentários.
Esta semana, houve grande repercussão de uma reportagem do SBT sobre médicos que batem ponto numa maternidade pública de São Paulo e não trabalham.
Médicos batem ponto sem trabalhar em hospital público de SP e outros vídeos – TV UOL
A sociedade deve ajudar o poder público a enquadrar esses médicos, cujos crimes de omissão são tão ou mais graves que desvios de verba pública. Os mesmos setores que pedem endurecimento da lei contra os crimes de corrupção devem voltar a sua severidade também para esse tipo de delito, que verdadeiramente hediondo.
As associações médicas devem ter como escopo não apenas elevar o bem estar dos profissionais de medicina, mas também zelar pela ética e pela responsabilidade de seus membros.
Para cúmulo do absurdo, vemos as associações médicas detonando um programa de governo que visa aumentar o número de médicos no Brasil, levando-os para regiões desassistidas. E convocando greves para um setor que, pela natureza de seu serviço, lida com o desespero e a angústia das pessoas. É uma mistura sinistra de covardia, egoísmo e oportunismo.
Qual o sentido em aumentar a pena do prevaricador que desvia dinheiro público e deixar solto o médico bandido que, além de ganhar sem trabalhar, ainda provoca o sofrimento direto da população por deixá-la sem atendimento?