Não é fácil a vida de um blogueiro que expõe diariamente suas opiniões. Ao longo dos últimos anos, acumulei muitos amigos na rede, mas também alguns adversários. Todos aqueles que perdem um debate, por exemplo, jamais o perdoam. Então, conforme você segue em frente, deixa atrás de si uma fileira cada vez maior de rancorosos.
Eu tenho a minha lista. Política, mesmo que no campo apenas dos debates, é um universo agressivo. Em ano eleitoral, a coisa piora, porque tenho o hábito de sempre escolher um lado. Gosto de operar na linha de frente das batalhas, na vanguarda, recebendo os primeiros bombardeios e disparando os últimos tiros de misericórdia.
Guardar rancor, porém, é um erro. Eu acho que as pessoas que perdem debates ou eleições, deveriam esquecer e encarar esse tipo de coisa como vicissitudes normais de uma democracia. Não é o que acontece, infelizmente.
Daí que há uma súcia de cobras que vive à espreita de qualquer oportunidade para tentar me morder os pés. O preconceito ideológico deles é absurdo. Eu respeito a opinião de todo mundo: deles, da direita, da ultra-esquerda. Contesto, divirjo, mas respeito. Eles, não. É uma coisa nojenta.
Agora começaram uma campanhazinha suja contra mim, acusando-me de “denunciar militantes de esquerda para a polícia”. Ficam disparando tweets, tentando manchar minha reputação. O mundinho do twitter é cruel, porque as pessoas nem vêem o contexto, só lêem que fulano é “alcagueta de militantes de esquerda”. A denúncia partiu por causa de dois tweets que escrevi:
O amigo a quem dirigi a pergunta no segundo tweet é um advogado. Ele me respondeu tagueando a polícia. Foi uma decisão dele, só dele, mas que eu não vi nada demais. Não foi nem uma denúncia, embora houvesse sim justificativa para fazê-lo. Para cúmulo do ridículo, vocês verão que o próprio Francisco Bosco foi quem se dirigiu à polícia, no início e no fim de seu texto.
O ~militante de esquerda~ a que se referem meus detratores, portanto, é o colunista do Globo, que outro dia assinou uma xaropada udenista e vira-lata, no jornalão dos Marinho, intitulada Odeio o Brasil. Suas posições são quase sempre conservadoras. Seu único “esquerdismo” foi ter apoiado Marcelo Freixo em 2012, como fizeram todos os conservadores, globais e moradores da zona sul.
Meus detratores, portanto, me caluniam duplamente. Acusam-me por uma denúncia que não fiz; e de fazê-lo em relação a um “militante de esquerda” que na verdade não é “militante”, nem de esquerda. Nem ninguém em situação de fragilidade ou vulnerabilidade social. Ao contrário, é praticamente um intocável, por assinar uma coluna no Globo, jantar regularmente com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e ser filho de um compositor famoso e respeitado.
Não tenho nada pessoal contra Francisco Bosco. Pelo contrário, consta que é uma boa pessoa. Mas ele é uma boa pessoa que escreve para o principal jornal da minha cidade, um jornal pertencente à maior empresa de mídia da América Latina e uma das quatro maiores do mundo, um jornal que eu combato diariamente por suas posições conservadoras e por suas manipulações diárias da realidade política nacional e internacional. Então eu, como blogueiro, me sinto na obrigação de rebater as opiniões de Francisco Bosco, assim como de outros colunistas, quando não concordo. Independente se estas opiniões estão em sua coluna ou em sua rede social.
Eis como Bosco encerra o texto que motivou minha última divergência: “Portanto, respondendo novamente à pergunta da PM, quem está tentando saquear lojas está, precisamente, reivindicando um país melhor. E eles nos representam. São os únicos que realmente nos representam.”
Em post recente, eu reproduzi seu texto e fiz um contraponto, mas sem acusá-lo de nenhum crime. Exerço tão somente a boa e velha dialética.
A vítima dessa história, portanto, fui eu, caluniado por Francisco Bosco, que acreditou no que dizia a súcia, e por todos que reproduziram a calúnia.
Defesa encerrada, senhor juiz.