A visita de Joe Biden, vice-presidente dos EUA, foi bastante instrutiva. Em primeiro lugar, desmascarou de vez uma das farsas da imprensa de oposição, que tenta pintar a postura independente da política externa brasileira como exemplo de “antiamericanismo infantil” e “terceiro-mundismo”. Não é verdade. O Brasil tem, sim, procurado intensificar relações com países do eixo sul e ajudou a criar contrapesos internacionais importantes através da formação de blocos com outras nações emergentes.
Recentemente, a diplomacia brasileira conseguiu uma vitória extraordinária ao emplacar – contra a vontade de EUA e Europa – o novo diretor da poderosa Organização Mundial de Comércio (OMC), Roberto Azevedo.
Mas o Brasil não é bobo e jamais menosprezará a importância econômica dos EUA. A estratégia jamais foi voltar as costas para nosso big brother do norte, e sim se fazer respeitar para ser respeitado.
Além disso, desde a gestão Lula que o Brasil desempenha uma função de mediador político entre o império e os governos de esquerda da América Latina. O perfil moderado dos governos petistas, inclusive, nasce um pouco dessa necessidade.
Biden fez um elogio à presidenta Dilma que, ironicamente, nossos jornalões, sempre tão pró-americanos, estão escondendo com pavor:
“É possível ter democracia e desenvolvimento, dos quais todos se beneficiam. E essa é a magia do que vocês fizeram aqui, o que a presidenta de vocês está fazendo agora e a razão pela qual ela pode ter tão incrível influência bem além deste país.”
Enquanto alguns segmentos mais agressivos da mídia aumentam o cerco contra a presidenta, tentando descrevê-la como uma total incompetente, que não sabe nem falar, o vice-presidente dos EUA diz que ela se tornou uma das personalidades mais influentes do mundo.
Os rasgados elogios de Joe Biden à presidenta, à seu governo e à qualidade da democracia brasileira põem em cheque as aflições hariovaldianas de setores da imprensa e da oposição. Além do peso eleitoral positivo (sobretudo para classe média e empresariado), as palavras de Biden blindam o governo contra os tiros do ultraconservadorismo, porque elas são a prova definitiva de que é possível, sim, exercer uma política externa soberana, altiva e independente, e ser ainda mais respeitado pelas grandes potências.
Vice-presidente dos EUA diz que Brasil é exemplo de democracia
31/05/2013 – 13h00
Política
Danilo Macedo e Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse hoje (31), logo após a reunião que teve com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, que os dois países estão prontos para aprofundar relações. Depois de uma hora e meia de conversa, Biden destacou que o Brasil é um exemplo de democracia.
“A mágica do que está acontecendo aqui, a parte mais incrível da história do Brasil nos últimos 15 anos, é que vocês demonstraram para o mundo, e boa parte do mundo está lutando contra esse problema, que não é necessária a falsa escolha entre desenvolvimento e democracia”, disse.
Ele ressaltou que esse “dilema” entre democracia e desenvolvimento ocorre em várias partes do mundo e o Brasil pode ser uma influência para mostrar como é possível compatibilizar os dois temas. “É possível ter democracia e desenvolvimento, dos quais todos se beneficiam. E essa é a magia do que vocês fizeram aqui, o que a presidenta de vocês está fazendo agora e a razão pela qual ela pode ter tão incrível influência bem além deste país.”
Bem-humorado, Biden disse que Dilma, depois da conversa de hoje, provavelmente deve passar a gostar mais dele, apesar do bom relacionamento com o presidente Barack Obama. O vice-presidente norte-americano destacou que o propósito de sua viagem foi fazer formalmente o convite para que a presidenta Dilma faça uma visita oficial aos Estados Unidos e deixar clara a disposição para estreitar as relações entre dois países em todas as áreas, desde a militar, educação, o comércio, os investimentos diretos estrangeiros. “Não acredito que exista qualquer obstáculo que não possamos superar.”
Também acompanharam a reunião os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, de Minas e Energia, Edison Lobão, e a presidente da Petrobras, Graça Foster.
Biden vem ao Brasil a menos de cinco meses da primeira visita de Estado de Dilma aos Estados Unidos, em outubro. Para diplomatas, a visita de Biden deve ser interpretada como uma demonstração da relevância do Brasil no cenário internacional. Ao lado do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, Biden é responsável por várias negociações internacionais.
Edição: Talita Cavalcante
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