O STF nas mãos da Globo

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Ontem, a Globo faturou alto em cima do seu prêmio Faz Diferença, no qual prestou homenagem a duas figuras públicas que mais se aliaram a seus interesses: Ayres Britto e Joaquim Barbosa, ex-presidente e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Eu não acho muito ético um juiz do Supremo aceitar um prêmio vindo de um grupo de mídia tão envolvido nas grandes lides políticas e ideológicas nacionais. É como se admitisse, com o despudor e a cegueira que apenas a soberba permite, que jamais será imparcial quando se trata de julgar a Globo, um grupo com interesses privados que, no século XX, raramente convergiram com os interesses da democracia. Foram a favor do golpe de 64, sustentaram a ditadura, tentaram abafar as diretas, manipularam criminalmente debates eleitorais, apoiaram aventureiros como Collor, e agora patrocinaram um julgamento político farsesco, sem lastro em provas, conduzido com inacreditável desonestidade intelectual, e exibido de maneira sensacionalista às vésperas das eleições de 2012.

O lado positivo é que a farsa agora está completa.

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O problema é a maldita memória. Tem uma coisas que não consigo esquecer. Hoje por exemplo, topei com matéria sobre o novo marketeiro de Aécio Neves, o antropólogo Renato Pereira. Gostaria de fazer alguns comentários sobre um trecho:

Nesta primeira fase do contrato vai fazer a campanha de Aécio à presidência do partido, que tem eleições no final de maio, e programas de TV com inserções nacionais, que vão ao ar a partir de 21 de maio. Mas já começou a fazer pesquisas e diagnóstico para, se tudo der certo, estender o trabalho para uma eventual candidatura presidencial.

Eu me lembro perfeitamente quando o então presidente do STF, o ministro Ayres Britto, desqualificou a explicação de um dos réus, o ex-deputado João Paulo Cunha, de que o dinheiro que recebera destinava-se à pesquisas eleitorais. Britto disse que não havia eleições naquele ano. O julgamento entrara numa fase sombria, em que os ministros teciam os disparates mais incríveis sobre a rotina política e eleitoral dos partidos. Quer dizer que partido não pode fazer pesquisa em ano não-eleitoral? Então porque o senhor Renato Pereira está fazendo na campanha de Aécio Neves? Não me espanta que Ayres tenha ganho o prêmio da Globo!

Se uma coisa se pode prever em relação ao comportamento da mídia de agora até as eleições de 2014 é que não haverá trégua. Um dos fronts mais sangrentos seguramente será a economia, e talvez aí resida o maior perigo. A decisão da presidente de derrubar os juros acabou com a festa de muita gente graúda, aqui e, sobretudo, lá fora. Como diria Delfim, o Brasil era o último peru de Natal. Agências internacionais de rating, a grande imprensa financeira, enfim, o think tank monetarista que vem se esforçando, há décadas, para destruir o mundo através de um neoliberalismo bandido, todos romperam uma relativa lua de mel que mantinham com o governo brasileiro, bancada com a grana que o contribuinte desembolsava para engordar agiotas internacionais.

O Banco Central divulgou hoje o Relatório de Inflação de fevereiro, com diversas projeções econômicas para até 2015. A inflação este ano deverá ficar em 5,7% em 2013, 5,3% em 2014 e 5,4% em 2015, índices abaixo do que experimentamos nos últimos anos e perfeitamente compatíveis com a realidade brasileira, que ainda sofre uma pressão extremamente forte vinda de um consumo reprimido por décadas, que agora vem à tôna. O poder aquisitivo do brasileiro cresceu antes que a infra-estrutura de serviços tivesse tempo de se adequar, o que é natural: a demanda costuma sempre crescer antes da oferta. A inflação vem disso: os preços dos serviços sobem, mais gente entra no mercado, atraído pelos rendimentos dessas atividades, amplia-se a oferta, e os preços recuam. É uma lei da economia. O importante é que o Banco Central confirmou a expectativa de um crescimento superior a 3% este ano, inflação abaixo do teto, menor que a de 2012, um cenário muito melhor para a indústria, além da continuidade no avanço sólido no crédito, no consumo das famílias, e estabilidade na inadimplência.[/s2If]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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