Dentre os gráficos divulgados ontem e hoje pelo Datafolha o que mais impressiona, na minha opinião, é o que mede o voto espontâneo. Neste quesito, o voto em Dilma cresceu 34% de dezembro até hoje, passando de 26% para 35%. O voto espontâneo em Lula, por sua vez, caiu de 12% para 8%, provavelmente refletindo o entendimento geral de que Lula não quer e não irá se candidatar em 2014.
Quer dizer, o mais impressionante não é exatamente o bom desempenho de Dilma e sim a performance medíocre da oposição. Tudo bem que estamos ainda muito distantes da eleição, etc, mas mesmo assim – a quantidade de pessoas que hoje sabe que Aécio é o provável principal adversário de Dilma nas próximas eleições evidentemente cresceu. E a votação espontânea de Aécio declinou de 3% para 2%. Marina sumiu do mapa. Campos continua desaparecido no cenário espontâneo.
Eis agora o gráfico do cenário principal da pesquisa (Cenário A), com os quatro concorrentes mais prováveis. Observe que Dilma foi a única que cresceu acima da margem de erro, de 54% para 58%, enquanto Marina e Aécio Neves perderam dois pontos e Campos ganhou dois. Ou seja, o movimento estatístico sugere que a entrada de Campos tirou votos da oposição, mas não encostou em Dilma que, ao contrário, continua subindo.
Chama atenção ainda o fato de Joaquim Barbosa ter o dobro das intenções de voto de Eduardo Campos, o que mostra tanto a força da mídia como a debilidade de Campos. E Lula permanece uma locomotiva eleitoral, sempre que seu nome é lançado. Tem 58% no cenário C, com Joaquim Barbosa, e 60% no cenário sem o presidente do STF. Por região do país, Dilma tem sua maior força no Nordeste, com 64% das intenções de voto – mais um fator que deveria preocupar Eduardo Campos.
Outro ponto que se destaca é o fator classista na comparação entre os eleitores de Dilma e Aécio. A presidenta tem excelente desempenho em todas as classes sociais, mas este vai num crescendo na proporção inversa da renda do eleitor: ela tem 62% dos votos de quem ganha até 2 salários (faixa inferior da pesquisa) e 50% de quem ganha mais de 10 salários (faixa superior). O tucano, por sua vez, tem 8% dos votos das famílias que ganham até 2 salários, e 16% de quem ganha mais de 10 salários dos que ganham mais de 10 salários.
Observe que, mesmo nas faixas mais ricas, Aécio tem desempenho inferior ao de Marina Silva, mas isso reflete ainda o recall da ex-ministra, que disputou a última eleição presidencial.