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O Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento, o PNUD, divulgou hoje a edição 2013 de seu relatório anual. O texto traz fartos elogios ao Brasil, em todos os sentidos. O Brasil, aliás, é um dos maiores destaques – positivos – no documento. A imprensa brasileira, no entanto, está divulgando os dados invertendo completamente o sentido.
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A melhor cobertura na grande mídia, a meu ver, é esta matéria do Estadão, onde apenas o título foi “editado”.
Os elogios ao Brasil não estão apenas no relatório; constam sobretudo nas declarações dos pesquisadores. Recorto um trecho da reportagem do Estado:
No caso da educação no Brasil, os pesquisadores detectaram uma melhora “espetacular”. Citaram o fato de o país ter apresentado, entre 2000 e 2009, o terceiro maior “salto” de pontuação em matemática nos testes do Pisa, programa internacional de avaliação do desempenho de estudantes. Como deflagrador desse avanço, o relatório cita a criação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), em 1996, que estabeleceu um piso nacional de gastos por aluno e ampliou os investimentos em ensino nas regiões mais pobres do País.
Agora, veja essa matéria do Globo, com destaque na capa do portal:
É uma verdadeira alquimia do mal. Tentam transformar uma relatório repleto de elogios ao país numa condenação. Distorcem tudo. Em primeiro lugar, ignoraram solenemente o alerta da própria ONU, publicado em destaque no site da entidade, sobre as comparações com o relatório anterior:
E quando traz números (relativamente a outros países) negativos para educação, a reportagem omite que, se fossem usadas informações atualizadas até 2012, por exemplo, teríamos um quadro bem melhor. A própria ONU fez questão de se desculpar pela falta de atualização.
Por exemplo, esse trecho da matéria do Globo é absurdamente mentiroso:
Hoje, o brasileiro passa, em média, menos anos na escola que quem vive no Kuwait (6,1 anos), Omã (5,5 anos), Turquia (6,5 anos) e Tunísia (6,5 anos), se considerado o grupo de desenvolvimento elevado.
Os dados são defasados. A reportagem poderia ter a delicadeza de evitar o termo “hoje” ao se referir a estatísticas referentes ao ano de 2009, e dar um pouco mais de destaque os números do IBGE, que indicam uma média de 7,5 anos de escolaridade. A ressalva aparece escondida no final da matéria, totalmente ignorada pelas manchetes apocalípticas garrafais:
Antes do anúncio do recálculo informal do IDH, o Ministério da Educação tinha contestado o resultado. Segundo o documento, os dados são defasados e apresentam distorções graves. O ministério alega que a média de anos de escolaridade do IBGE 2011 indicam 7,4 anos para a população de 25 anos ou mais.
Eu sei que a educação pública brasileira ainda é muito ruim. Mas não creio que na Turquia, Tunísia e Omã seja tão melhor assim. O que importa é a curva de crescimento. A imprensa brasileira trabalha contra o Brasil ao omitir escandalosamente os elogios do PNUD à melhora de nossos índices de desenvolvimento humano.
É evidente que o Globo se preocupa mais em produzir material de campanha para o PSDB do que informar realmente o cidadão. Com isso, cria esse exército de zumbis, que têm uma imagem esquizofrência do país. É triste tirar de tanta gente a oportunidade de acompanhar as coisas boas que acontecem. Não haveria problema nenhum, naturalmente, se não houvesse uma concentração midiática tão grande.
A educação brasileira ainda precisa melhorar muito e não podemos jamais dourar a pílula. Mas não acho que faria nenhum mal à sociedade brasileira, até para estimulá-la a continuar avançando, ter acesso às opiniões de pesquisadores sérios, integrantes da principal instituição multileral do mundo, sobre o nosso país, sem essa nociva interferência ideológica a distorcer tudo. Essa campanha sistemática para pintar o Brasil com tintas sombrias e apocalípticas, partindo de uma mídia concentrada e sem pluralismo, prejudica a criação de uma atmosfera pró-investimento. Keynes já identificava isso, há mais de sessenta anos. Tudo bem. Felizmente, a maioria do povo prefere se ater às mudanças concretas em sua vida do que em manchetes na imprensa, seja a favor ou contra o governo.
O poder da mídia tem força sobretudo nos estratos médios, que transitam diariamente em aeroportos, praias chiques e livrarias famosas, como podemos ver pela foto abaixo, publicada hoje com destaque na página 3 do Globo:
Observe que Gilmar Mendes, não contente de participar do lançamento de um livro sobre um processo que ainda não terminou, ainda exibe a obra para as câmaras, fazendo propaganda. Ao lado dele, Ayres Britto, ex-presidente do STF, que escreveu o prefácio do livro, sorri. Pois é, Britto pode até ter sido indicado por Lula, mas se vendeu completamente ao reacionarismo e às forças do atraso.
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