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Uma figura política que realmente me intriga é Roberto Freire, presidente nacional do PPS. Ao transformar seu partido num capacho do PSDB, Freire fez com que o PPS registrasse um dos mais acentuados e rápidos declínios dentre todos os partidos. O gráfico não é uma ladeira, é um precipício.
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Em 2006, o PPS até conseguiu uma sobrevida, na esteira de um discurso histericamente udenista e antipetista, e elegeu 22 deputados federais. Em 2010, porém, quando boa parte das pessoas que se deixaram levar pelos exageros lacerdistas da mídia cairam em si, o PPS elegeu somente 12 parlamentares, sendo que um deles saiu. Agora são 11: queda de 50% sobre 2006. Em número de prefeitos, o PPS chegou a 308 prefeitos em 2004, e caiu em 2012 para 123: queda de 60%. E só não perdeu mais porque a maioria dos candidatos do partido puseram de lado o oposicionismo radical; alguns se aliaram a legendas da base aliada; quase todos que ganharam passaram suas campanhas elogiando a presidente Dilma.
Até aí tudo bem. O PPS decidiu ser oposição, manteve-se firme nisso, e enfrenta um período de declínio que poderia ser revertido no futuro, quando o pêndulo da democracia brasileira parar de pender para o lado do PT.
Mas aí, quando o PSDB começa um movimento de união em torno de Aécio Neves, um candidato mais jovem, com maior capacidade de agregar diferentes segmentos políticos, Roberto Freire abandona o antigo aliado e se lança num movimento novo para criar uma esquizofrênica aliança entre Serra e Eduardo Campos.
A mesma coisa vale para Jarbas Vasconcelos, um dos principais nomes do PMDB pernambucano: antes mesmo de Aécio se lançar candidato, já o abandonou e decidiu apoiar Campos. Ou seja, a oposição, ao invés de buscar aliados em seu universo (em desencanto, como diria Tim Maia), está se fragmentando e devorando seus próprios aliados.
Ora, Campos pode até ser um bom candidato, carismático e tal, mas tem pouquíssimo tempo de tv, conta com raros palanques fora de seu estado e deve contar com poucos aliados em 2014, caso realmente decida ser candidato. Ou seja, Freire e Jarbas estão abandonando o candidato objetivamente mais viável da oposição, por causa de seu tempo de TV, coerência discursiva e força partidária, para apoiar um Campos em crise existencial (não sabe se é governista ou oposição).
A candidatura de Campos traz instabilidade ao projeto governista, mas traz também, e talvez em maior escala, para o PSDB.
Mesmo assim, a mídia continua insuflando, diariamente, a candidatura de Campos. Sempre que se refere ao pernambucano, insere apostos como “o provável presidenciável do PSB”, ou simplesmente já dando por favas contadas sua participação no pleito como um candidato independente. Ora, Campos pode até ser um “provável candidato”, mas é curioso pendurar-lhe no nome, sempre que publicado na imprensa, esse tipo de adjetivação, de maneira repetida, sistemática, obsessiva.
Em artigo para o Estadão, pomposamente intitulado “Risco de ditadura partidária”, o advogado Sebastião Ventura P. da Paixão faz à oposição um apelo apaixonado às armas:
O momento não comporta mais amadorismo nem briga de vaidades; se existiram erros no passado, é preciso seguir em frente, levantar a cabeça e voltar a pensar o futuro da Nação. Os desafios são possíveis de enfrentar, mas não são fáceis. E se fossem fáceis, talvez não fossem tão desafiadores. Será muito, então, pedir uma oposição una, combativa e voltada para os melhores interesses da Pátria?
Nação! Pátria! E porque não Família, Tradição, Propriedade, Cristo!
Se há setores da esquerda que ainda tem o espírito preso ao mundinho maniqueísta da década de 60, na direita encontramos gente acorrentada ao linguagar do século XIX!
E figuras como Freire, ao invés de manterem a coerência e apoiarem Aécio Neves, fortalecendo a oposição, se apegam a saídas mirabolantes. Lembra o DEM, que resolveu trocar o nome do partido, que antes era PDS. Aliás, a editoria política do Globo só pode ter sido sarcástica quando publicou, logo no primeiro parágrafo da matéria, a seguinte frase:
Descontente com seu isolamento no partido, agora o tucano paulista está sendo sondado pelo presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), que quer integrá-lo num projeto ambicioso: a fusão do PPS com o nanico PMN (…)
Fusão de PPS e PMN, um projeto AMBICIOSO? A informação, por sua vez, que o novo partido poderia agregar até 40 parlamentares, é totalmente fantasiosa? Que parlamentares? Quando o mesmo tipo de conversa rolou por ocasião do PSD, a imprensa trazia nomes e declarações dos parlamentares que poderiam sair de seus partidos. Agora é pura fofoca, um movimento desesperado e artificial para criar um factóide político qualquer.
A sorte da oposição é que ela conta, em 2014, com um aliado poderoso: a mídia. Nas coberturas de alguns edifícios de São Paulo e Rio é que serão decididas as estratégidas da oposição para o ano que vem. Os movimentos de Freire são apenas diatribes levianas de um político decadente, sem eleitores, sem aliados, sem futuro.
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