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O discurso de Aécio no Senado

Os 13 fracassos do PT.

10 comentários
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Senado Federal

Secretaria-Geral da Mesa

Secretaria de Taquigrafia

O SR. AÉCIO NEVES (Bloco/PSDB – MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, ilustre Senadora Ana Amélia, Srªs e Srs. Senadores, eu tomo a liberdade – permita-me, Srª Presidente – de saudar os diversos companheiros, em especial os da oposição, que aqui hoje comparecem ao Senado da República – meus companheiros de bancada, mas em especial nossos companheiros da Câmara dos Deputados –, me permito homenagear a todos na extraordinária figura humana do Presidente da minha legenda, Senador e hoje Deputado Sérgio Guerra.
Senhoras e senhores, eu aproveito hoje esta oportunidade, oportunidade extremamente emblemática, já que o Partido dos Trabalhadores festeja os seus 33 anos de existência e uma década de exercício de poder à frente da Presidência, e ocupo esta tribuna para emprestar-lhes hoje alguma colaboração crítica.
Confesso que o faço, Srª Presidente, neste momento, completamente à vontade, haja vista uma cartilha largamente distribuída hoje, especialmente produzida pela legenda para celebrar a ocasião festiva. Nela, de forma incorreta, o PT trata como iguais as conjunturas e realidades absolutamente diferentes que marcaram o Governo do PSDB e do PT.
Ao escolher comemorar o seu aniversário falando do PSDB, o PT transformou o nosso partido no convidado de honra da sua festa.
Eu aceito o convite, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores que nos ouvem, até porque temos muito que dizer aos nossos anfitriões. Apesar da cantilena salvacionista onipresente na pretensa saga de partido redentor do Brasil moderno, é justo assinalar algumas ausências importantes na celebração petista. Nela, não estão presentes a autocrítica, a humildade e o reconhecimento. Essas, senhoras e senhores, são algumas das matérias-primas fundamentais do fazer diário da política e que, infelizmente, parecem estar sempre em falta na prática de nossos adversários.
Mas, afinal – e essa é a grande questão –, qual é o PT que celebra aniversário hoje? O que fez do discurso da ética durante anos a sua principal bandeira eleitoral ou o que defende, em praça pública, os réus do mensalão?
Qual é o PT que faz aniversário hoje, Senador Pedro Taques? O que condenou com ferocidade as privatizações conduzidas pelo PSDB ou aqueles que as realiza hoje sem qualquer constrangimento? O que discursa defendendo um Estado forte ou aquele que coloca em risco as principais empresas públicas nacionais, como a Petrobras e a Eletrobrás?

O Brasil, ilustre Líder Aloysio, clama por saber qual PT aniversaria hoje: o que ocupou as ruas lutando pelas liberdades ou aquele que, no poder, apoia ditaduras e defende o controle da imprensa? O PT que considerava inalienáveis os direitos individuais ou aquele que se sente ameaçado por uma ativista cuja única marca é a sua consciência? (Palmas.)
A verdade, senhoras e senhores, é que hoje seria um ótimo dia para que o PT revisitasse a sua própria trajetória, não pelo espelho do narcisismo, Senador Luiz Henrique, mas pelos olhos da História, até porque, ao contrário do que tenta fazer crer a propaganda oficial, o Brasil não foi descoberto no ano de 2003.
Onde esteve o PT, senhoras e senhores, em momentos cruciais que ajudaram o Brasil a ser o que é hoje? Como já disse aqui mais de uma vez, todas as vezes em que o PT teve que optar entre o Brasil e o PT, o PT ficou com o PT. Foi assim quando negou a Tancredo seu apoio no Colégio Eleitoral para garantir o nosso reencontro com a democracia. Foi assim quando renegou a Constituição Cidadã de Ulysses, ilustre Senador Jarbas Vasconcelos, quando eximiu-se de qualquer contribuição à governabilidade do Governo Itamar e quando se opôs ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Em todas essas vezes, em todos esses instantes o PT optou pelo projeto do PT.
Fato é, ilustre Presidente José Sarney, que, com muita honra, adentra este plenário, que, no governo, eles deram continuidade a inúmeras políticas criadas e implantadas pelo Presidente Fernando Henrique. E fizeram isso sem jamais reconhecer a enorme contribuição dada pelo Governo do PSDB na construção das bases que permitiram importantes conquistas alcançadas, muitas delas no atual período de Governo.
No Governo, senhoras e senhores, ou na Oposição, temos tido as mesmas posições. Não confundimos convicção com conveniência. Nossas convicções não nos impedem de reconhecer, inclusive, que nossos adversários, ao prosseguirem com ações herdadas do nosso Governo, alcançaram, sim, alguns avanços importantes para o Brasil. Da mesma forma, são elas, as nossas convicções, que sustentam as críticas que fazemos aos descaminhos da atual gestão federal.
Srªs, Srs. Senadores, a Presidente Dilma Rousseff chega à metade de seu mandato longe de cumprir as promessas da campanha de 2010. Há uma infinidade de compromissos simplesmente sublimados. A incapacidade de gestão se adensou, as dificuldades aumentaram, e a verdade é que o Brasil parou. Os pilares da economia estão em rápida deterioração, colocando em risco conquistas que a sociedade brasileira logrou anos para alcançar, como a estabilidade da moeda.
Srªs e Srs., sei que a grande maioria dos Senadores e das Senadoras conhece as dezenas de incongruências deste Governo, que tem feito o Brasil adernar em um mar de ineficiência e de equívocos. Mas o resultado do conjunto da obra, surpreendentemente, é bem maior do que a soma de suas partes. Nos poucos minutos de que disponho hoje, gostaria de convidá-los, aos membros desta Casa, aos membros do Parlamento, aos cidadãos e cidadãs brasileiros que nos acompanham neste instante, gostaria de convidá-los a percorrer comigo treze, apenas treze dos maiores fracassos e das mais graves ameaças ao futuro do Brasil, produzidos pelo Governo que hoje comemora dez anos. E confesso que não foi fácil reduzir a apenas treze esses fracassos.
O primeiro deles, o comprometimento ao nosso desenvolvimento. Tivemos, Srªs e Srs., um biênio perdido, com o PIB per capita avançando o minúsculo 1%. Superamos, em crescimento, na nossa região, apenas o Paraguai. Um quadro inimaginável alguns poucos anos atrás.
Em segundo lugar, a paralisia do País, o PAC da propaganda e do marketing. O crítico problema da infraestrutura permanece absolutamente intocado. As condições de nossas rodovias, nossos portos e aeroportos nos empurram para as piores colocações nos rankings mundiais de competitividade. Repito, o Brasil está estagnado, o Brasil está parado. São raríssimas as obras que se transformaram em realidade e extenso o rol das iniciativas que só têm servido à propaganda governamental.
Em terceiro, o tempo perdido, a indústria sucateada. O setor industrial, Presidente Sarney, que tradicionalmente costuma pagar os melhores salários e induzir a inovação da cadeia produtiva, praticamente não tem gerado empregos e, agora, começa a desempregar, como mostrou o IBGE. Estamos voltando, numa velocidade muito grande, àquilo que éramos nos anos JK: meros exportadores de commodities. A queda da indústria, em 2012, relativo a 2011, chegou a 1,4%.
Vou ao quarto item e peço as desculpas às Srªs e aos Srs. por estarmos tratando de forma tão superficial.
mas a intenção das Bancadas de oposição nesta Casa é tratar, é dissecar, é aprofundar cada um desses temas nas próximas semanas, convidando, inclusive, o Governo para que aqui possa se estabelecer o contraditório.
Mas o PT – e a grande verdade é esta – jamais valorizou a estabilidade da moeda. Na oposição, combateu ferozmente o Plano Real e o resultado é que temos hoje inflação alta, persistentemente acima da meta, com baixíssimo crescimento. Quem mais perde – nós sabemos – são sempre os mais pobres.
Em quinto lugar, a perda de credibilidade do País. A famosa, cantada já em verso e prosa, contabilidade criativa. A má gestão econômica – esta é a verdade – obrigou o PT a malabarismos inéditos e a manobras contábeis que estão jogando por terra a credibilidade fiscal duramente conquistada pelo País nas últimas décadas. Para fechar as contas, instaurou-se o uso promíscuo de recursos públicos do caixa do Tesouro, de ativos do BNDES, de dividendos de estatais, de poupança do Fundo Soberano e – pasmem! – até do FGTS dos trabalhadores.
Recorro, ilustre Presidente Agripino Maia, ao insuspeito Ministro Delfim Netto, figura respeitada por todos nós e próximo conselheiro da Presidente da República, que, publicamente, afirmou – abro aspas para o ilustre conselheiro da Presidente, ao referir-se a essa maquiagem contábil:
Trata-se de uma sucessão de espertezas capazes de destruir o esforço de transparência que culminou na magnífica Lei de Responsabilidade Fiscal, duramente combatida pelo Partido dos Trabalhadores, na sua fase de pré-entendimento da realidade nacional, mas que continua sob seu permanente ataque.

Continua o Ministro Delfim: “A quebra de seriedade da política econômica produzida por tais alquimias não tem qualquer efeito prático, mas tem custo devastador”.
O sexto ponto que destaco aqui hoje diz respeito à destruição do patrimônio nacional, à derrocada da Petrobras e ao desmonte das estatais. Em poucos anos, senhoras e senhores, a Petrobras teve perda brutal no seu valor de mercado. É difícil para todos nós, da minha e de outras gerações, compreender, com nosso orgulho de brasileiros, como a Petrobras pode valer hoje menos que a empresa petroleira da Colômbia. Como o PT conseguiu, Srª Presidente, destruir as finanças da maior empresa brasileira em tão pouco tempo e de forma tão nefasta? E outras empresas estatais – e isto é grave – vão pelo mesmo caminho.
Escreveu, há poucos dias, o grande economista José Roberto Mendonça de Barros – e para ele também me permito abrir aspas: “Não deixa de ser curioso que o governo mais adepto do Estado forte desde Geisel tenha produzido uma regulação que enfraqueceu tanto as suas companhias.”

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Mauricio

04/03/2013 - 08h39

13 % dos votos é o máximo que ele consegue…

Paulo Bretas (@pbretas)

27/02/2013 - 12h02

O discurso de Aécio no Senado – http://t.co/kg96VRU579

Márccio Campos

22/02/2013 - 17h59

como “ministro” da Fazenda de Itamar Franco, funcionou como lobista em favor do gasoduto; como “presidente” suspendeu 15 projetos de hidrelétricas em diversas fases, para tornar o gasoduto irreversível… deste fato acarretou sua maior marca: o inesquecível “APAGÃO”… (tudo a ver com o Farol de Alexandria)…

as empresas estrangeiras, comandadas por Enron e Repsol, donas das reservas de gás da Bolívia, só tinham como mercado o Brasil; mas a construção do gasoduto era economicamente inviável, pois a taxa de retorno era de 10% ao ano, enquanto que o custo financeiro era de 12%; por isso pressionaram o governo a determinar que a Petrobrás assumisse a construção; no que foi obrigada a destinar recursos da Bacia de Campos onde a taxa de retorno era de 80%…

contrato foi ruim para o Brasil: mudança da matriz energética para pior, mais suja; ficar dependente de insumo externo por corporações internacionais, com o preço atrelado ao do petróleo e valorada em moeda forte…. fi ruim para a Bolívia, que só recebia 18% pela entrega de uma de suas últimas riquezas, a mais significativas… Evo Morales elevou essa participação para 80% (a média mundial de participação dos países exportadores é de 84%) e todas as empresas aceitaram de bom grado…

foi péssimo para a Petrobrás que, além de tudo, foi obrigada a aceitar uma cláusula de “take or pay”… assim, por mais de 10 anos, pagou por cerca de 10 milhões de metros cúbicos, sem conseguir vender o gás no mercado nacional…

Márccio Campos

22/02/2013 - 17h46

1995-fev, já como “presidente”, f-gaga-c proibiu a ida de funcionários de estatais ao Congresso pra prestar informações aos parlamentares e ajudá-los a exercer seus mandatos com respaldo em informações corretas… f-gaga-c emitiu decreto 1403/95, que instituía um órgão de inteligência – SIAL, serviço de informação e apoio legislativo – com o objetivo de espionar os funcionários de estatais que fossem a Brasília falar com parlamentares… também em 1995 deflagrou o contrato e a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil, que foi o pior contrato que a Petrobrás assinou em toda a sua história…

Márccio Campos

22/02/2013 - 10h42

Miguel, só li o começo do parágrafo em que ele ‘fala’ da Petrobrás;

novamente a cara-de-pau de dizer asneiras em plenário…

e você divulga um monte de porcaria destas…

tá nos forçando a um exercício de democracia muito amargo; basta citar a fonte e quem quiser que se atole…

sds,

Márccio Campos
rio de janeiro

    Miguel do Rosário

    22/02/2013 - 10h46

    Ele é o candidato da oposição. O único que tem alguma mínima chance de ameaçar a reeleição de Dilma Rousseff. É preciso ouvi-lo, até para criticá-lo com conhecimento de causa.

    Abs

      Márccio Campos

      22/02/2013 - 12h28

      ok, vamos conhecer algumas causas?

      no sítio da AEPET existem artigos interessantes sobre a era “f-gaga-c”… em especial escritos pelo Engº Fernando Siqueira:
      1994 – como ‘ministro’ da Fazenda, “f-gaga-c” fez um corte inexplicável de 52% no orçamento da Petrobrás, sem nenhuma fundamentação ou justificativa técnica; ele teria inviabilizado a empresa se não tivesse estourado o escândalo do “Orçamento”… isso causou um atraso de 6 meses na programação da empresa, que teve de mobilizar as suas melhores equipes para rever os projetos… 1994 – ainda como sinistro, digo “ministro” (meus apartes) da Fazenda, com a ajuda do diretor do Dept Nacional de Combustíveis, manipulou a estrutura de preços dos derivados do petróleo, de forma que, nos últimos 6 meses que antecederam o “plano real” (pois o Plano Real era outro – vide a Privataria Tucana), a Petrobrás teve aumentos mensais na sua parcela de combustíveis em valores 8% abaixo da inflação; por outro lado, o cartel internacional das distribuidoras de derivados teve, nas sua parcelas, aumentos de 32% acima da inflação!!! isto significou uma transferência anual permanente de cerca de us$ 3 bilhões do faturamento da Petrobrás para o cartel internacional dessas distribuidoras (mais tarde o wikileaks vazou o papo do ‘coiso’ com a Chevron garantindo o pré-sal de bandeja)…
      a forma de fazer isso foi através dos dois aumentos mensais, que eram concedidos aos derivados, pelo fato da Petrobrás comprar o petróleo em dólares, no exterior, e vender no mercado, em moeda nacional. havia uma inflação alta e uma desvalorização diária da nossa moeda; os dois aumentos repunham parte das perdas que a Petrobrás sofria devia a essa desvalorização… mas calma, não para aí: a Petrobrás vendia derivados para o cartel e este, além de pagá-la só 30 a 50 dias depois, ainda aplicava esses valores, e o valor dos tributos retidos para posterior repasse ao Tesouro, no mercado financeiro, obtendo daí vultosos ganhos financeiros, em face da inflação galopante então presente. quando o “plano real” começou a ser implantado, com o objetivo de acabar com a inflação, o cartel reivindicou uma parcela maior nos aumentos, porque iria perder aquele duplo e absurdo lucro!!

      quer mais…. tem, e muito!!!! inclusive explosivos apreendidos num carro da tv globo próximo de refinaria em greve!!!

      tenho tudo em arquivo… como te enviar?

      abraço, rapaz (muito democrata pro momento)… (mas eu compreendo, podes crer!)

      Márccio Campos
      rio de janeiro

@FalaCachoeira

21/02/2013 - 01h44

O discurso de Aécio no Senado – http://t.co/BNjnrpZtoj

migueldorosario (@migueldorosario)

20/02/2013 - 17h07

Os 13 fracassos do PT. http://t.co/gvc0HhGy

migueldorosario (@migueldorosario)

20/02/2013 - 17h07

O discurso de Aécio no Senado http://t.co/aTc9lM0g


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