Sobre a desocupação da Aldeia Maracanã

(Link da foto)

 

Sérgio Telles, no Facebook

A extrema direita está espalhando uma inverdade, pegando algumas pessoas de boa índole de surpresa. Não houve remoção violenta alguma no Maracanã hoje. Os índios negociaram e saíram civilizadamente, só q uns grupos radicais de extrema direita ficaram no prédio descumprindo decisão judicial. O argumento dessa gente ficar lá era por conta dos índios, mas esses já tinham saído e irão para Jacarepaguá, enquanto o tal centro da cultura indígena será construído na Quinta da Boa Vista. Ou seja, os índios souberam ser mais civilizados que esses playboys revoltadinhos. Eu fico no aguardo de militância de playboy que tenha tempo de num dia útil ficar de vigília na porta duma escola de periferia q teja precisando de reforma, ou na porta duma fila de emergência exigindo melhor saúde pro povão. Pra coisa que não afeta em nada a vida de quem mais precisa, essa extrema direita faz enorme esforço de protesto, pra coisas realmente importantes, ignoram solenemente. Foi uma vergonha para os movimentos realmente populares do Rio esse episódio, organizado pelo cada vez mais elitizado e massa cheirosa do PSOL, com apoio de grupos altamente direitosos como Femen e Revoltados Online, por exemplo.

(…)

Por que a massa cheirosa esconde que somente após a saída de todos os índios, que negociaram a saída, é que a playboyzada que tava lá dentro começou a quebrar o prédio tombado e então a polícia precisou agir? Pra que mentir, apenas pra tentar ficar com um saldo político favorável numa derrota clara declarada pela justiça? Afinal estavam lá defendendo os índios, defendendo a história do prédio ou defendendo projetos políticos?

PS O Cafezinho: A “extrema-direita” a qual Telles se refere ironicamente, segundo eu entendo, corresponde a setores radicais, auto-denominados de ultra-esquerda, que podem ser identificados por seu constante oportunismo, desinformação, e, sobretudo, oposição intransigente ao diálogo e à política em si. Evidente que a violência policial é um absurdo que deve ser investigado e reprimido, mas achar que, às vésperas da Copa do Mundo, teria sentido manter uma ocupação urbana ilegal exatamente ao lado do Maracanã, é falta de bom senso. De qualquer forma, sempre houve desinformação envolvendo essa ocupação, que é mais ou menos recente. Pessoas de fora ficam achando que havia ali uma “aldeia indígena”. Na verdade, era um prédio abandonado, onde meia dúzia de descendentes de índios moravam, clandestinamente e em condições precárias, e mesmo assim há pouco tempo. Depois que ganhou a mídia, alguns movimentos chegaram e trouxeram mais índios e sem-tetos ao local. A luta teve mérito e conquistou algumas vitórias: o prédio, que tem valor arquitetônico, não será demolido, o governo levou os ocupantes (entre os quais vários sem-teto) para outro local; será feito um centro de pesquisa indígena na Quinta da Boa Vista.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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