Gostei do discurso do Obama. Sei que a maioria das belas coisas que disse serão apenas palavras vazias. Mas palavras vazias também conformam a história, e talvez, talvez!, estejamos diante de um novo momento para o mundo, em que um presidente americano, pela primeira vez em séculos, abraçará ideais francamente progressistas.
Em diversos trechos, Obama defendeu enfaticamente que é função do Estado amparar os pobres e os marginalizados. Prometeu brigar por uma política mais humana e aberta em relação aos imigrantes. Falou em energias alternativas e preocupação com o aquecimento global. Disse que os EUA procurarão resolver os conflitos pacificamente. Um discurso genuinamente de esquerda, que reflete também uma guinada progressista de parcelas importantes da sociedade americana. Os brancos reacionários do interior vem perdendo influência para uma população mais arejada, mais morena, mais latina.
Tive a pachorra de legendar o seu discurso, usando a tradução de Claudia Gonçalves.
Parte 1
Parte 2
Leia o discurso de Obama na íntegra
O presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, fez nesta segunda-feira (21) um apelo pela união dos Estados Unidos, em seu discurso de posse para o segundo mandato.
Em discurso nas escadarias do Capitólio, o democrata reiterou o compromisso norte-americano com a liberdade e protegeu, em seu segundo governo, proteger os mais vulneráveis.
Leia abaixo a íntegra do discurso em português e em inglês, ou assista no vídeo acima:
“Vice-presidente (Joseph Robinette “Joe”) Biden, presidente do Supremo Tribunal, membros do Congresso dos Estados Unidos, distintos convidados e meus concidadãos:
Toda vez que nos reunimos para a posse de um presidente, damos o testemunho da força duradoura de nossa Constituição. Nós confirmarmos a promessa de nossa democracia. Nós recordamos que o que mantém esta nação unida não é a cor de nossa pele nem os dogmas de nossa fé nem as origens de nossos nomes. O que nos torna excepcionais – o que nos faz norte-americanos – é a nossa fidelidade a uma ideia, articulada em uma declaração proferida há mais de dois séculos:
‘Nós consideramos estas verdades autoexplicativas: que todos os homens são iguais, que eles são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis e que, entre estes direitos, estão a vida, a liberdade e a busca pela felicidade’.
Hoje nós damos prosseguimento a uma jornada sem fim para aproximar o significado dessas palavras à realidade de nosso tempo. Pois a história nos diz que, embora essas verdades possam ser autoexplicativas, elas nunca se realizam por si mesmas; que embora a liberdade seja um dom de Deus, ela deve ser garantida por Seu povo aqui na Terra. Os patriotas de 1776 não lutaram para substituir a tirania de um rei pelos privilégios de poucos nem pelo governo de uma multidão. Eles nos deram uma República, um governo do povo, pelo povo e para o povo, e confiaram que cada geração manteria o credo de nossa fundação em segurança.
E, por mais de 200 anos, nós temos mantido esse credo em segurança.
Por meio do sangue derramado pelo chicote e do sangue derramado pela espada, nós aprendemos que nenhuma união fundada sobre os princípios da liberdade e da igualdade poderia sobreviver na semiescravidão e na semiliberdade. Nós nos renovamos mais uma vez e prometemos avançar juntos.
Juntos, estabelecemos que uma economia moderna exige ferrovias e rodovias para acelerar as viagens e o comércio, além de escolas e faculdades para educar nossos trabalhadores.
Juntos, descobrimos que um mercado livre só prospera quando há regras para garantir a concorrência e o jogo limpo.
Juntos, decidimos que uma grande nação deve tomar conta dos mais vulneráveis e proteger seu povo dos piores riscos e infortúnios da vida.
E, durante tudo isso, nós nunca abandonamos nosso ceticismo em relação à autoridade central nem sucumbimos à ficção de que todos os males da sociedade podem ser curados apenas por meio do governo. Nossa celebração da iniciativa e do espírito empreendedor e nossa insistência no trabalho duro e na responsabilidade individual são constantes em nosso caráter.
Mas sempre compreendemos que, quando os tempos mudam, nós também precisamos mudar; que a fidelidade aos princípios de nossos fundadores exige novas respostas para novos desafios; que a preservação de nossas liberdades individuais requer, em última análise, uma ação coletiva. Pois o povo norte-americano não é capaz de atender às demandas do mundo atual agindo sozinho – assim como os soldados norte-americanos não teriam sido capazes de enfrentar as forças do fascismo ou do comunismo armados apenas com mosquetes e organizados em milícias. Uma única pessoa não é capaz de treinar todos os professores de matemática ou de ciências de que vamos precisar para preparar nossas crianças para o futuro nem construir as estradas e redes e os laboratórios de pesquisa que irão trazer novos postos de trabalho e negócios para dentro de nossas fronteiras. Agora, mais do que nunca, temos que fazer essas coisas juntos, como uma só nação e como um só povo. Esta geração de norte-americanos foi testada por crises que endureceram nossa determinação e colocaram à prova nossa capacidade de resistência. Uma década de guerra está terminando agora. A recuperação econômica já começou. As possibilidades que se apresentam para os Estados Unidos são ilimitadas, pois nós temos todas as qualidades que este mundo sem fronteiras exige: juventude e dinamismo, diversidade e abertura, uma capacidade infinita para assumir riscos e o dom da reinvenção. Meus compatriotas norte-americanos: nós fomos feitos para este momento, e vamos aproveitá-lo – desde que nós o aproveitemos juntos.
Pois nós, o povo, compreendemos que nosso país não pode ser bem-sucedido quando um número cada vez menor de pessoas vai muito bem e um contingente crescente de cidadãos mal consegue sobreviver.
Nós acreditamos que a prosperidade dos Estados Unidos deve repousar sobre os ombros largos de uma classe média em ascensão. Nós sabemos que os Estados Unidos prosperam quando cada pessoa é capaz de encontrar independência e orgulho em seu trabalho, quando os salários pagos pelo trabalho honesto libertem as famílias da beira da miséria.
Nós nos mostramos fiéis às nossas crenças quando uma menininha nascida na pobreza mais desalentadora sabe que tem as mesmas chances de ser bem-sucedida na vida quanto qualquer outra pessoa, pois ela é norte-americana, ela é livre e ela é igual aos outros – e não apenas diante dos olhos de Deus, mas também diante dos nossos olhos.
Nós compreendemos que programas antiquados são inadequados para as necessidades do nosso tempo. Portanto, temos que aproveitar novas ideias e novas tecnologias para refazer nosso governo, reformular nosso código fiscal, reformar nossas escolas e capacitar nossos cidadãos com as habilidades de que eles necessitam para trabalhar duro e aprender mais e, assim, ir mais além.
Mas, embora os meios mudem, nosso propósito se mantém o mesmo. Uma nação que recompensa o esforço e a determinação de cada norte-americano – isso é o que este momento exige. Isso é o que dará um sentido real às nossas crenças.
Nós, o povo, ainda acreditamos que todo cidadão merece o mínimo necessário em termos de segurança e dignidade. Nós temos que fazer as escolhas difíceis para reduzir os custos relacionados à assistência médica e à dimensão de nosso déficit.
Mas nós rejeitamos a crença de que os Estados Unidos têm que optar entre cuidar da geração que construiu este país ou investir na geração que irá construir nosso futuro.
Pois nós nos lembramos das lições de nosso passado, quando muitos passavam seus últimos anos na pobreza e quando os pais de crianças com deficiência não tinham a quem recorrer. Nós não acreditamos que, neste país, a liberdade esteja reservada para os mais sortudos nem que a felicidade se destine a alguns poucos. Nós reconhecemos que, independentemente do quão responsáveis sejamos ao vivermos nossas vidas, qualquer um de nós, a qualquer momento, pode enfrentar a perda do emprego ou uma doença repentina ou pode ter a casa arruinada por uma terrível tempestade. Os compromissos que assumimos uns com os outros por meio do Medicare e da Previdência Social não enfraquecem a nossa iniciativa.
Eles nos fortalecem.
Eles não nos transformam em uma nação de pessoas que aproveitam as oportunidades. Eles nos libertam para assumir os riscos que fazem deste um grande país.
Nós, o povo, ainda acreditamos que, como norte-americanos, nossas obrigações não são apenas com nós mesmos, mas também com a toda a posteridade. Nós responderemos à ameaça das mudanças climáticas, pois sabemos que, se não o fizermos, estaremos traindo nossos filhos e as gerações futuras.
Alguns ainda podem negar o irrefutável veredicto da ciência, mas ninguém pode evitar o impacto devastador dos incêndios intensos e das secas incapacitantes, além da incidência de tempestades mais fortes. O caminho para a adoção de fontes de energia sustentáveis será longo e, por vezes, difícil. Mas os norte-americanos não podem resistir a essa transição. Nós devemos liderá-la.
Não podemos ceder a outros países as tecnologias que alimentarão a criação de novos empregos e de novos setores da economia. Devemos reivindicar para nós mesmos a promessa que essas tecnologias representam. É assim que vamos manter a nossa vitalidade econômica e nosso tesouro nacional, nossas florestas e cursos de água, nossas terras agrícolas e nossos picos cobertos de neve. É assim que vamos preservar nosso planeta, que foi entregue aos nossos cuidados por Deus. Isso é o que vai dar sentido às crenças declaradas por nossos fundadores.
Nós, o povo, ainda acreditamos que a segurança permanente e a paz duradoura não necessitam de uma guerra perpétua.
Os nossos bravos homens e mulheres de uniforme que foram forjados pelas chamas da batalha são incomparáveis em habilidade e coragem.
Nossos cidadãos, marcados pela memória daqueles que perdemos, sabem muito bem o preço que é pago pela liberdade. O conhecimento de seu sacrifício vai nos manter para sempre vigilantes contra aqueles que poderiam nos fazer mal. Mas também somos herdeiros daqueles que estabeleceram a paz, e não apenas a guerra. Daqueles que transformaram inimigos jurados nos amigos mais ternos. E nós também temos que carregar essas lições para os tempos atuais. Vamos defender o nosso povo e os nossos valores por meio da força das armas e do Estado de direito.
Vamos demonstrar a coragem de tentar resolver pacificamente nossas diferenças com outras nações. Não porque somos ingênuos em relação aos perigos que enfrentamos, mas porque os compromissos são capazes de erradicar as suspeitas de maneira mais duradoura do que a desconfiança e o medo.
Os Estados Unidos continuarão a ser a âncora de fortes alianças em todos os cantos do mundo. E vamos renovar as instituições que ampliam a nossa capacidade de gerenciar crises no exterior. Pois ninguém tem uma participação maior em um mundo pacífico do que o país mais poderoso do planeta. Vamos apoiar a democracia – da Ásia à África, das Américas ao Oriente Médio – porque os nossos interesses e nossa consciência nos obrigam a agir em nome daqueles que anseiam por liberdade. E temos que ser uma fonte de esperança para os pobres, os doentes, os marginalizados, as vítimas de preconceito.
Não por mera caridade, mas porque a paz em nosso tempo exige o avanço constante desses princípios que nossas crenças comuns descrevem; tolerância e oportunidade, dignidade humana e justiça. Nós, o povo, declaramos hoje que a mais evidente verdade, a de que todos nós somos iguais, é a estrela que ainda nos guia, assim como guiou nossos antepassados através de Seneca Falls e Selma e Stonewall; assim como guiou todos os homens e mulheres, celebrados e não celebrados, que deixaram pegadas por esse longo caminho para ouvir um pregador dizer que não podemos andar sozinhos, para ouvir um rei proclamar que a nossa liberdade individual está intrinsecamente ligada à liberdade de cada alma da Terra.
Agora, é tarefa de nossa geração continuar o que aqueles pioneiros começaram, pois nossa jornada não estará completa até que nossas esposas, nossas mães e filhas puderem ganhar a vida de acordo com a medida justa de seus esforços.
Nossa jornada não estará completa até que os nossos irmãos e irmãs gays forem tratados como qualquer outra pessoa perante a lei, pois se realmente fomos criados como iguais, certamente o amor que atribuímos uns aos outros deve ser igual também.
Nossa jornada não estará completa até que nenhum cidadão seja obrigado a esperar durante horas para exercer seu direito de voto.
Nossa jornada não estará completa até que encontremos uma maneira melhor de acolher os esforçados e esperançosos imigrantes que ainda veem os estados Unidos como uma terra de oportunidades, até que jovens e brilhantes estudantes e engenheiros sejam incorporados em nossa força de trabalho, em vez de expulsos de nosso país.
Nossa jornada não estará completa até que todas as nossas crianças, das ruas de Detroit até as montanhas dos Apalaches e as pacatas alamedas de Newtown, saibam que elas são cuidadas e amadas e que estarão sempre seguras contra qualquer perigo.
Obama: Essa é a tarefa de nossa geração – transformar esses esforços, esses direitos, esses valores de vida e liberdade e a busca verdadeira pela felicidade em algo real para todos os norte-americanos.
Quando dizemos que somos fiéis aos escritos originais de nossos fundadores não estamos necessariamente obrigados a concordar sobre todos os aspectos da vida. Isso não significa que todos nós definimos a liberdade exatamente da mesma maneira, ou que seguimos o mesmo e idêntico caminho para a felicidade.
O progresso não nos obriga a resolver para sempre debates que se prolongam há um século a respeito do papel do governo, mas ele exige que nós tomemos uma decisão em nosso tempo.
Por agora, as decisões estão em nossas mãos e nós não podemos nos dar ao luxo de permitir atrasos. Nós não podemos confundir o absolutismo com um princípio nem substituir a política pelo espetáculo ou tratar xingamentos como debates bem fundamentados.
Temos que agir. Temos que agir sabendo que o nosso trabalho será imperfeito. Temos que agir sabendo que as vitórias de hoje serão apenas parciais, e que, portanto, ficará a cargo daqueles que estarão aqui em quatro anos, em 40 anos e em 400 anos fazer avançar o espírito atemporal outrora conferido a nós em um salão vago da Filadélfia.
Meus compatriotas norte-americanos, o juramento que fiz diante de vocês hoje, da mesma forma que os juramentos proferidos pelos outros que prestam serviços neste Capitólio [prédio do Congresso dos EUA], foi um juramento a Deus e ao país, e não a um partido ou facção.
E devemos cumprir fielmente essa promessa durante o nosso tempo de serviço. Mas as palavras que pronunciei hoje não são tão diferentes das palavras que constam do juramento feito sempre que um soldado se alista para o serviço ou que uma imigrante realiza seu sonho.
Meu juramento não foi tão diferente da promessa que todos nós fazemos diante da bandeira que tremula acima de nossas cabeças e que enche nossos corações de orgulho. Essas foram as palavras de cidadãos, e elas representam a nossa maior esperança. Você e eu, como cidadãos, temos o poder de definir o rumo deste país. Você e eu, como cidadãos, temos a obrigação de moldar os debates de nosso tempo, não apenas com nossos votos, mas com as vozes que levantamos em defesa dos nossos valores mais antigos e das nossas ideias mais duradouras.
Que agora cada um de nós abrace com dever solene e incrível alegria o que é nosso direito de nascença permanente. Com esforço e propósito comuns, com paixão e dedicação, vamos atender ao chamado da história e carregar pelo futuro incerto aquela luz preciosa da liberdade.
Obrigado.
Deus abençoe a todos.
E que Ele sempre abençoe estes Estados Unidos da América.”
FIM
Tradução: Cláudia Gonçalves (G1)
Íntegra em inglês:
“Vice President Biden, Mr. Chief Justice, Members of the United States Congress, distinguished guests, and fellow citizens:
Each time we gather to inaugurate a president, we bear witness to the enduring strength of our Constitution. We affirm the promise of our democracy. We recall that what binds this nation together is not the colors of our skin or the tenets of our faith or the origins of our names. What makes us exceptional – what makes us American – is our allegiance to an idea, articulated in a declaration made more than two centuries ago:
‘We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable rights, that among these are Life, Liberty, and the pursuit of Happiness.’
Today we continue a never-ending journey, to bridge the meaning of those words with the realities of our time. For history tells us that while these truths may be self-evident, they have never been self-executing; that while freedom is a gift from God, it must be secured by His people here on Earth. The patriots of 1776 did not fight to replace the tyranny of a king with the privileges of a few or the rule of a mob. They gave to us a Republic, a government of, and by, and for the people, entrusting each generation to keep safe our founding creed.
For more than two hundred years, we have.
Through blood drawn by lash and blood drawn by sword, we learned that no union founded on the principles of liberty and equality could survive half-slave and half-free. We made ourselves anew, and vowed to move forward together.
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Together, we determined that a modern economy requires railroads and highways to speed travel and commerce; schools and colleges to train our workers.
Together, we discovered that a free market only thrives when there are rules to ensure competition and fair play.
Together, we resolved that a great nation must care for the vulnerable, and protect its people from life’s worst hazards and misfortune.
Through it all, we have never relinquished our skepticism of central authority, nor have we succumbed to the fiction that all society’s ills can be cured through government alone. Our celebration of initiative and enterprise; our insistence on hard work and personal responsibility, are constants in our character.
But we have always understood that when times change, so must we; that fidelity to our founding principles requires new responses to new challenges; that preserving our individual freedoms ultimately requires collective action. For the American people can no more meet the demands of today’s world by acting alone than American soldiers could have met the forces of fascism or communism with muskets and militias. No single person can train all the math and science teachers we’ll need to equip our children for the future, or build the roads and networks and research labs that will bring new jobs and businesses to our shores. Now, more than ever, we must do these things together, as one nation, and one people. This generation of Americans has been tested by crises that steeled our resolve and proved our resilience. A decade of war is now ending. An economic recovery has begun. America’s possibilities are limitless, for we possess all the qualities that this world without boundaries demands: youth and drive; diversity and openness; an endless capacity for risk and a gift for reinvention. My fellow Americans, we are made for this moment, and we will seize it – so long as we seize it together.
For we, the people, understand that our country cannot succeed when a shrinking few do very well and a growing many barely make it. We believe that America’s prosperity must rest upon the broad shoulders of a rising middle class. We know that America thrives when every person can find independence and pride in their work; when the wages of honest labor liberate families from the brink of hardship. We are true to our creed when a little girl born into the bleakest poverty knows that she has the same chance to succeed as anybody else, because she is an American, she is free, and she is equal, not just in the eyes of God but also in our own.
We understand that outworn programs are inadequate to the needs of our time. We must harness new ideas and technology to remake our government, revamp our tax code, reform our schools, and empower our citizens with the skills they need to work harder, learn more, and reach higher. But while the means will change, our purpose endures: a nation that rewards the effort and determination of every single American. That is what this moment requires. That is what will give real meaning to our creed.
We, the people, still believe that every citizen deserves a basic measure of security and dignity. We must make the hard choices to reduce the cost of health care and the size of our deficit. But we reject the belief that America must choose between caring for the generation that built this country and investing in the generation that will build its future. For we remember the lessons of our past, when twilight years were spent in poverty, and parents of a child with a disability had nowhere to turn. We do not believe that in this country, freedom is reserved for the lucky, or happiness for the few. We recognize that no matter how responsibly we live our lives, any one of us, at any time, may face a job loss, or a sudden illness, or a home swept away in a terrible storm. The commitments we make to each other – through Medicare, and Medicaid, and Social Security – these things do not sap our initiative; they strengthen us. They do not make us a nation of takers; they free us to take the risks that make this country great.
We, the people, still believe that our obligations as Americans are not just to ourselves, but to all posterity. We will respond to the threat of climate change, knowing that the failure to do so would betray our children and future generations. Some may still deny the overwhelming judgment of science, but none can avoid the devastating impact of raging fires, and crippling drought, and more powerful storms. The path towards sustainable energy sources will be long and sometimes difficult. But America cannot resist this transition; we must lead it. We cannot cede to other nations the technology that will power new jobs and new industries – we must claim its promise. That is how we will maintain our economic vitality and our national treasure – our forests and waterways; our croplands and snowcapped peaks. That is how we will preserve our planet, commanded to our care by God. That’s what will lend meaning to the creed our fathers once declared.
We, the people, still believe that enduring security and lasting peace do not require perpetual war. Our brave men and women in uniform, tempered by the flames of battle, are unmatched in skill and courage. Our citizens, seared by the memory of those we have lost, know too well the price that is paid for liberty. The knowledge of their sacrifice will keep us forever vigilant against those who would do us harm. But we are also heirs to those who won the peace and not just the war, who turned sworn enemies into the surest of friends, and we must carry those lessons into this time as well.
We will defend our people and uphold our values through strength of arms and rule of law. We will show the courage to try and resolve our differences with other nations peacefully – not because we are naive about the dangers we face, but because engagement can more durably lift suspicion and fear. America will remain the anchor of strong alliances in every corner of the globe; and we will renew those institutions that extend our capacity to manage crisis abroad, for no one has a greater stake in a peaceful world than its most powerful nation. We will support democracy from Asia to Africa; from the Americas to the Middle East, because our interests and our conscience compel us to act on behalf of those who long for freedom. And we must be a source of hope to the poor, the sick, the marginalized, the victims of prejudice – not out of mere charity, but because peace in our time requires the constant advance of those principles that our common creed describes: tolerance and opportunity; human dignity and justice.
We, the people, declare today that the most evident of truths – that all of us are created equal – is the star that guides us still; just as it guided our forebears through Seneca Falls, and Selma, and Stonewall; just as it guided all those men and women, sung and unsung, who left footprints along this great Mall, to hear a preacher say that we cannot walk alone; to hear a King proclaim that our individual freedom is inextricably bound to the freedom of every soul on Earth.
It is now our generation’s task to carry on what those pioneers began. For our journey is not complete until our wives, our mothers, and daughters can earn a living equal to their efforts. Our journey is not complete until our gay brothers and sisters are treated like anyone else under the law – for if we are truly created equal, then surely the love we commit to one another must be equal as well. Our journey is not complete until no citizen is forced to wait for hours to exercise the right to vote. Our journey is not complete until we find a better way to welcome the striving, hopeful immigrants who still see America as a land of opportunity; until bright young students and engineers are enlisted in our workforce rather than expelled from our country. Our journey is not complete until all our children, from the streets of Detroit to the hills of Appalachia to the quiet lanes of Newtown, know that they are cared for, and cherished, and always safe from harm. That is our generation’s task – to make these words, these rights, these values – of Life, and Liberty, and the Pursuit of Happiness – real for every American. Being true to our founding documents does not require us to agree on every contour of life; it does not mean we will all define liberty in exactly the same way, or follow the same precise path to happiness. Progress does not compel us to settle centuries-long debates about the role of government for all time – but it does require us to act in our time.
For now decisions are upon us, and we cannot afford delay. We cannot mistake absolutism for principle, or substitute spectacle for politics, or treat name-calling as reasoned debate. We must act, knowing that our work will be imperfect. We must act, knowing that today’s victories will be only partial, and that it will be up to those who stand here in four years, and forty years, and four hundred years hence to advance the timeless spirit once conferred to us in a spare Philadelphia hall.
My fellow Americans, the oath I have sworn before you today, like the one recited by others who serve in this Capitol, was an oath to God and country, not party or faction – and we must faithfully execute that pledge during the duration of our service. But the words I spoke today are not so different from the oath that is taken each time a soldier signs up for duty, or an immigrant realizes her dream. My oath is not so different from the pledge we all make to the flag that waves above and that fills our hearts with pride.
They are the words of citizens, and they represent our greatest hope.
You and I, as citizens, have the power to set this country’s course.
You and I, as citizens, have the obligation to shape the debates of our time – not only with the votes we cast, but with the voices we lift in defense of our most ancient values and enduring ideals.
Let each of us now embrace, with solemn duty and awesome joy, what is our lasting birthright. With common effort and common purpose, with passion and dedication, let us answer the call of history, and carry into an uncertain future that precious light of freedom.
Thank you, God Bless you, and may He forever bless these United States of America.”