O jeitinho do Financial Times

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Leio no Estadão e no Brasil 247 que um dos blogs do Financial Times publicou crítica a Guido Mantega, ministro da Fazenda, e a Alexandre Tombini, presidente do Banco Central. O 247 é meio exagerado: diz que FT “detona” Guido e BC. Jamil Chade, blogueiro do Estadão, é mais preciso ao descrever o texto de Samantha Pearson não como um ataque a Guido e ao BC, mas apenas como uma interpretação irônica sobre as medidas “criativas” que ambos vem adotando para estimular a economia.

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Lendo o artigo do FT com atenção, observo que, ao contrário do que afirma o Brasil 247, é um tremendo elogio às autoridades brasileiras, se olharmos para os dois exemplos de “criatividade” citados por Person. O primeiro exemplo do “jeitinho” brasileiro, segundo a jornalista inglesa,  seria o pedido do Ministro da Fazenda aos prefeitos das duas maiores cidades do país para não elevarem o preço das passagens de ônibus. Com isso, Guido Mantega teria dado um “jeiinho” na inflação.

Ora, ora, pois pois, diria Manuel. Quem dera as autoridades brasileiras dessem mais “jeitinhos” como esse!

O segundo exemplo de “criatividade”, ou “jeitinho”, vem de Alexandre Tombini, que estaria permitindo aos bancos reduzirem as taxas de juros cobradas em empréstimos interbancários, o que se reflete, naturalmente, em taxas menores aos clientes. O objetivo de Tombini com isso, segundo Pearson, seria estimular a economia brasileira.

Considerando que o Financial Times admite que as mencionadas ações estão dentro da lei, e que o objetivo de ambas é segurar a inflação e estimular a economia, não vejo outra saída senão concluir que o jornalão britânico fez um inestimável elogio à proficiência das autoridades brasileiras.

Entretanto, como a imprensa britânica parece cada vez mais interessada na economia brasileira, e em especial com nossas contas públicas, nada mais justo que retribuirmos dando nossa opinião sobre a economia inglesa. Não é difícil. País moderno e democrático, o Reino Unido publica regularmente seus dados na internet. Vejamos a situação da dívida pública britânica:

Observe que ela cresceu bastante em 2012, atingindo quase 70% do PIB nacional e deverá continuar subindo nos próximos anos, chegando perto de 80% em 2015.

A dívida pública brasileira está em torno de 35% do PIB, e caindo.

Pesquisando mais ainda, descobri uma coisa extraordinária. Um renomado instituto de economia inglês vem acusando, há anos, as autoridades monetárias do país de maquiarem as contas públicas para esconder uma realidade chocante: a dívida nacional seria, na verdade, cinco vezes maior do que a anunciada oficialmente. Ao invés de corresponder a 70% do PIB, a dívida britânica corresponderia a quase 400% do PIB.

E depois somos nós que damos “jeitinho”…[/s2If]

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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