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Em conversa com a coluna, o presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), senador Roberto Requião (PMDB-PR), compara a situação da sucessão na Venezuela à vivida pelo Brasil com a doença e a posterior morte do presidente Tancredo Neves, no processo que marcou o fim da ditadura no Brasil: “O presidente eleito adoeceu, assumiu interinamente o vice-presidente José Sarney. Quando o Tancredo morreu, ele assumiu plenamente.”
Projeto
Ressalvando não “ter uma bola de cristal” para avaliar como seria um futuro governo sem Chávez, Requião destaca, porém, que quem venceu a eleição na Venezuela “foi um projeto”: “É um projeto que foi confirmado pela eleição de 20 dos 23 governos do país. É um projeto que reduziu à metade a miséria na Venezuela e é alavancado pela dona da maior riqueza petrolífera do planeta, a PDVSA”, destaca.
Acuada
Sobre o contraste entre a ausência de críticas de governos conservadores, como os de Chile e Colômbia, e até dos Estados Unidos – principal adversário de Chávez – ao processo eleitoral e o alarido das mídias venezuelana e brasileira, Requião observa que a imprensa venezuelana é “violentamente antiChávez” e vê sua congênere tupiniquim “acuada” pela aprovação pela Lei dos Meios de Comunicação da Argentina, que desmonta o monopólio do setor no país: “Os gritos da grande imprensa brasileira são mais pelo medo do fim do monopólio do que uma ação antiChávez”, ironiza.
Alternativa
Perguntado sobre as perspectivas do Mercosul diante da crise global, o presidente da representação brasileira no Parlasul afirma que o bloco “não é uma perspectiva, é a única alternativa” para a região: “Mas, para isso, precisamos de um projeto de desenvolvimento para o Mercosul”, defende, lamentando que o Parlasul não se reúna há um ano.