Merval estrebucha

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Com sua escadaria, Selarón criou uma metáfora eterna de beleza e redenção.

A oposição não anda com sorte mesmo. Os metereologistas prevêem chuvas intensas em boa parte do Brasil, em especial na faixa onde se encontram os grandes reservatórios nacionais. É tanta chuva que o INPE soltou até uma advertência às autoridades para ficarem de prontidão.

Após reunião com a presidente Dilma, os principais empresários do país declararam não apenas que não acreditam em racionamento de energia este ano, como estão otimistas e dispostos a investir pesado na economia. Só a Odebrecht deve investir R$ 17 bilhões em 2013. Pois é, Merval. Pelo jeito não é o Dirceu que está estrebuchando…

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A inflação de 2012 fechou em 5,84%, mantendo-se dentro da meta do governo, que varia de 2,5% a 6,5%, e representa uma queda em relação ao ano anterior, quando encerrou em 6,5%.

É uma excelente notícia, sobretudo quando associada ao declínio dos juros, porque põe por terra a tese de que somente juros altos poderiam manter a inflação sob controle. Em 2012, aconteceu o contrário. Os juros caíram fortemente, e a inflação terminou o ano mais baixa do que no ano anterior.

*

Hoje a Folha traz uma matéria com título bombástico:

Manobra para atingir superavit faz Tesouro perder R$ 4 bi

Entretanto, quando vamos ler o texto, descobrimos que…

Na operação, quem comprou as ações da Petrobras foi o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O banco adquiriu R$ 8,8 bilhões em papéis da companhia, em um artifício do governo para tentar atingir a meta do superavit primário (economia para pagar os juros da dívida) em 2012, que ficou em 3,1% do PIB, o equivalente a R$ 139 bilhões. Controlado pela União, o BNDES pode lucrar com a valorização dos papéis daqui para frente. Se isso ocorrer, poderá devolver pelo menos parte do dinheiro para o governo federal na forma de dividendos.

Ou seja, o título sensacionalista da matéria se esvazia ao ser confrontado pelo próprio conteúdo da mesma. O governo vendeu ações da Petrobrás para ele mesmo… Foi uma manobra, sim, mas dentro da lei, e sem prejuízo para a União. Faltou dizer que o BNDES não apenas irá devolver “parte do dinheiro” ao Tesouro. O BNDES tem, nos últimos anos, proporcionado grandes lucros à União, que é a acionista única do banco.

Vale dar uma espiada em alguns gráficos do BNDES:

Repare que os ativos totais do BNDES saltaram de R$ 150 bilhões em 2003 para R$ 651 bilhões em 2012, com destaque sobretudo para o período pós-2008.

 

Na tabela acima, observe que o BNDES obteve um lucro líquido de US$ 4,8 bilhões em 2011, um valor bem acima do registrado pelas principais instituições financeiras internacionais, como BID e Banco Mundial, cujos lucros líquidos nos últimos 12 meses ficaram em US$ 189 milhões e US$ 783 milhões, respectivamente. Registre-se ainda que o desembolso do BNDES em 2011 ficou em US$ 82,25 bilhões, contra US$ 2,0 bilhões do BID e US$ 19,7 bilhões do Banco Mundial.

Em outras palavras, o que a imprensa brasileira chama de “manobras contáveis” entre Tesouro e BNDES são, na verdade, operações financeiras legítimas entre dois órgãos de Estado, que tem resultado em grandes vantagens para a União e, portanto, para o contribuinte. O BNDES é, seguramente, a jóia da coroa do Estado brasileiro.

Para se ter uma ideia da importância do BNDES, confira essa notícia, publicada na primeira semana de janeiro no site da instituição, segundo a qual o banco aprovou financiamento de R$ 2,4 bilhões para a instalação de uma fábrica da Fiat na Bahia.

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A coluna de hoje de Merval, atacando o ex-ministro, revela o estrago provocado pela entrevista de Roberto Gurgel à Folha, onde o procurador confessa não ter encontrado provas que incriminassem Dirceu.

Interessante observar, aliás, que o ex-ministro mantém uma agenda política intensa, conforme se conclui por esta notinha publicada hoje no Painel da Folha:

Petit comité O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ofereceu anteontem almoço ao ex-ministro José Dirceu. O encontro, que ocorreu na casa do peemedebista, foi reservado.

De fato, na medida que o tempo permite uma observação mais cuidadosa do julgamento do mensalão, evidencia-se a sua precariedade. Tanto é assim que, mesmo após a condenação, a mídia se vê obrigada a usar seus principais colunistas para defender o julgamento. Curiosamente, Dirceu e Genoíno saíram do julgamento maiores do que entraram, e não sou eu que o digo. Genoíno assumiu o mandato de deputado federal sob aplausos dos deputados, e defendido por uma parcela expressiva da intelectualidade. Da mesma forma, seria impensável, meses atrás, que Dirceu fosse homenageado pelo Presidente do Congresso Nacional, com um almoço.

O que isso quer dizer? Quer dizer que, se olharmos com atenção, ouviremos o ruído das placas tectônicas da História se movendo, abrindo fissuras nas quais desaparecerão as mediocridades midiáticas de hoje.

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Numa outra fronte, a mídia também não está tendo muito sucesso em sua tentativa de pintar os acontecimentos na Venezuela como um “golpe chavista”. Hoje o Globo estampa na primeira página o seguinte título:

E quem são os “juristas brasileiros” entrevistados pelo Globo que criticam o governo? Ora, o primeiro é Ives Gandra, 77,  jurista confessadamente reacionário, um dos mais destacados membros da Opus Dei no Brasil.  O mesmo que defendeu, encarniçadamente, os golpes em Honduras e no Paraguai. O mesmo que, nos últimos anos, tem sido um dos protagonistas do mais vil e covarde revisionismo do período ditadorial.  Segundo Gandra, havia mais “garantia aos cidadãos”, mais “honestidade” durante a ditadura do que hoje. Num mesmo artigo onde chancela o termo “ditabranda” para se referir aos anos de chumbo, o jurista, num tardio arroubo de bajulação aos militares, faz uma afirmação estapafúrdia:

Estou convencido, de que, hoje, o militar brasileiro – que tem perfeita noção de suas funções e profundo respeito às instituições democráticas, como pude tantas vezes constatar, como professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército – tem mais noção dos problemas do País e de suas soluções que a maioria dos demais cidadãos.

Esses são os intelectuais que sempre chancelarão os golpes, no passado, no presente e no futuro.  O Globo, por exemplo, publicou hoje o seu milésimo editorial antichavista. Considerando que o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, a OEA, o governo brasileiro, e até mesmo o principal nome da oposição da Venezuela, Henrique Capriles, chancelaram a decisão do governo daquele país de adiar por tempo indeterminado a posse de Chávez, com passagem de poder para seu vice, Nicolás Maduro, o posicionamento do Globo não pode ser classificado senão como radicalismo conservador e antidemocrático.

A comparação com o golpe no Paraguai é ridícula, e mostra mais uma vez o descomprometimento de nossos barões da mídia com os ideais democráticos. Sempre que há um movimento no sentido de derrubar presidentes eleitos, a mídia apóia. Sempre que o movimento é de apoio aos presidentes eleitos, a mídia é contra. Ela sempre está contra o povo. É previsível.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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