Os urubus de janeiro

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(Pintura de James Ensor)

Catei as seguintes notas nos jornalões de hoje:

(Panorama Político, Globo de hoje)

 

(Coluna de Ancelmo Gois, idem)

Ainda dentro do escopo deste blog, cumpre algumas palavrinhas sobre as colunas de Merval Pereira (que voltou de férias), Eliane CantanhedeNelson Motta e Noblat.

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Falemos, em primeiro lugar, da nota sobre Marina Silva. É uma nota esclarecedora sobre a posição política ocupada hoje pela ex-senadora. Ela representa um bagunçado centro para onde convergem interesses contraditórios, mas unificado pela postura radicalmente antipetista. Só isso explica a simpatia do DEM por Marina, cuja coluna na Folha foi atualizada hoje. O artigo de Marina revela que ela já está afinando seu discurso para 2014: vai continuar apostando numa terceira via. Sua candidatura será essencial para dividir o voto petista nas próximas eleições presidenciais. Seu desempenho, porém, deverá ser prejudicado pelo sucesso, até agora, da presidente Dilma de conquistar as simpatias da classe média.

A outra nota, de Gois, ao mencionar Joaquim Barbosa como “presidenciável”, embora nenhum partido, e nem mesmo o próprio, tenham jamais citado o atual presidente do STF como possível candidato, também revela a ansiedade de alguns setores da oposição. O mais irônico, todavia, é que possivelmente as candidaturas de Marina e Joaquim Barbosa dividiriam antes a oposição do que o voto no governo.

Tratar um presidente do STF, que tem obrigação constitucional de servir à harmonia entre os poderes, como um candidato de oposição, é, no mínimo, bastante questionável do ponto-de-vista republicano.

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A coluna de Merval também merece alguns comentários. Vamos nos ater, porém, apenas a esta afirmação:

Tivemos durante os quatro meses e 15 dias em que durou o julgamento do mensalão aulas frequentes de democracia, e nada mais adequado que ele terminasse com mais esse debate sobre direitos e deveres dos poderes constituídos, deixando bem claro o papel de peso e contrapeso que cada um deles tem para o equilíbrio das instituições.

Pois bem, durante 4 meses, o STF prestou um grande desserviço ao país. As impropriedades, equívocos e absurdos que foram ditas sobre o processo democrático são exatamente o que Merval chama de “aulas frequentes de democracia”.

O STF não deu nenhuma aula de democracia. Ao contrário, ameaçou-a e continua fazendo, ao afrontar a Constituição em seu afã de cassar o mandato de um político eleito pelo voto popular.

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A coluna de Cantanhede merece apenas algumas risadas. Ela agiu como um autêntico urubu. Reproduzo apenas o final:

Mas esse não é o único indicador relevante [o desemprego baixo] e, no contexto de redução de investimentos, da balança comercial e do fluxo cambial, também pode não se manter sólido como uma rocha. E as chuvas e deslizamentos nossos de cada ano estão só começando.

Cacildes! Vai ser agourenta assim no raio que o parta!

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A coluna de Nelson Motta, por seu lado, revela que ele vem se sentindo cada vez mais incomodado consigo mesmo, em seu papel de porta-voz do conservadorismo mais tacanho.  E reage de maneira cada vez mais agressiva.

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O texto de Noblat, por sua vez, tenta captar o pensamento do homem comum, leitor de grandes jornais. Seria ingenuidade achar que ele não é lido ou, se é lido, não lhe prestam atenção. Uma análise política do caso Genoíno, de fato, traz um debate difícil de ser feito. De maneira geral, Noblat fatura em cima da farsa montada no STF, que, para julgar alguns crimes verdadeiros, inventou crimes de fantasia.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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